QUANDO CHOVIA ÍAMOS PARA JANELA QUE DAVA PARA RUA. A ENXURRADA ERA FORTE. EU E MEUS IRMÃOS PEGÁVAMOS UM CADERNO VELHO PARA ARRANCAR AS FOLHAS.
A CADA DOBRA UM FATO, UMA HISTÓRIA SENDO ENTRELAÇADA E FINALIZADA NUM BARCO QUE CRIA E RECRIA BONS SENTIMENTOS.
QUEM SABIA EXECUTAR AS DOBRADURAS DITAVA AS REGRAS DA BRINCADEIRA. E LÁ IAM OS BARQUINHOS EMBALADOS PELA ÁGUA E A ANIMAÇÃO DA PEQUENA TORCIDA. LOGO ELE VIRAVA PAPEL MOLHADO, MAS NÃO TINHA IMPORTÂNCIA, CHEGAVA UM NOVO E COM ELE A ALEGRIA.
DA COZINHA VINHA O CHEIRO DO BOLINHO DE CHUVA. UM PEQUENO INTERVALO NA BRINCADEIRA PARA SABOREARMOS O LANCHE DA MÃE.
HOJE NA SALA DE AULA ENSINO ORIGAMI E PEÇO AS CRIANÇAS QUE COLOQUEM DENTRO DELE TUDO QUE É RUIM E DEIXE IR EMBORA: AUSENCIA DE MÃE, FOME, VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. OS BARQUINHOS NÃO DESLIZAM NA ENXURRADA,FICAM GUARDADOS NA BOLSA COMO NUM BALANÇO INCOMODO DAS ÁGUAS. SEM RUMO ELES NÃO DESMANCHAM NO FIM,NÃO SÃO TROCADOS POR OUTRO NOVO E MUITO MENOS EXISTE AMOR MATERNO.
OS MEUS BARQUINHOS QUE SE DESFIZERAM; COMO FÊNIX ,RENASCERAM NUM SENTIMENTO ETERNO E FELIZ DE INFÂNCIA E FAMÍLIA.
A ARTE MILENAR ESTÁ VIVA, O QUE A DIFERENCIA E QUE ESTÁ DESPROVIDA DE AMOR.