ORGANIZAÇÕES RELIGIOSAS NO BRASIL: UM CASO DE SUCESSO MIDIÁTICO E ECONÔMICO, OU UMA NOVA FORMA DE ENRIQUECIMENTO E ENGANO DA BOA FÉ DOS INCAUTOS

Apesar de ainda atravessarmos um período de grave crise econômica e financeira, onde as taxas de desemprego andam nas alturas, a renda média dos trabalhadores  brasileiros em queda, bem como as atividades econômicas ainda “patinam” na tentativa de retorno do crescimento, e, de tantos problemas éticos e morais vivenciados pelos brasileiros, nunca foi tão bom e lucrativo, pelo menos para um seletoo grupo de “Empreendedores da Fé”, comandantes do intitulado “mercado das organizações religiosas”, para estes parece que a crise econômica passa longe.

Mormente, quando se trata de conjugar os aspectos característicos das organizações em geral, em meio à exposição pública midiática, e enorme crescimento do acesso do público por meio do uso de ferramentas midiáticas, tais como: as emissoras de TV , rádios AM e FM, e outras mídias presentes nas redes sociais evidencia-se perceptível o avassalador crescimento das organizações religiosas, principalmente dos grupos das igrejas cristãs neopentecostais no Brasil, nas últimas décadas, a despeito da alternância de ciclos de prosperidade e de crises econômicas, como as que ainda estamos atravessando, parece obviamente ser muito rentável, pelo menos para uns poucos, os dividendos ou lucros da bem estruturada máquina organizacional destas organizações religiosas.

Num país onde a Constituição Federal, permite a liberdade de culto, ou seja, o Estado assume feições nitidamente absenteístas do fenômeno religioso, portando-se assim como um Estado laico, a liberdade de crença, e credo, tem se constituído num elemento garantidor do crescimento destas organizações religiosas, mas será este o único argumento para tamanho desenvolvimento destas igrejas, bem como, do consequente e evidente enriquecimento de alguns de seus líderes religiosos na atualidade brasileira, inclusive com destaque e expansão para além das fronteiras nacionais?

Mede-se com efeito, até mesmo por órgãos públicos, e, por estudos realizados por instituições privadas, o crescimento deste tipo de organização, não somente pelo aumento no número de fiéis ou membros de tais igrejas, mas por outras características e peculiaridades relativas a tais organizações, como: crescente número de templos físicos, a participação na realização de programações artísticas de caráter religioso não somente nas emissoras de TV vinculadas aos ditos grupos e seus líderes, mas para além desta participação televisiva, uma possível compra, ou agendamento de horários nas grandes redes de televisão brasileira, bem como, espaços da mídia em geral, a saber, programas de TV, emissoras de radiodifusão AM e FM, revistas, livros, e outros pacotes atrativos de produtos e serviços religiosos consumidos por milhões de adeptos pelo Brasil, expandindo-se por todo o orbe terrestre.

Tal crescimento, a despeito da grande maioria da população brasileira se dizer cristã de denominação católico-romana, bem como de outros cultos evangélicos tradicionais, assistimos na atualidade, o avassalador crescimento das organizações religiosas cristãs notadamente de pertença às chamadas doutrinas religiosas que caracterizam o fenômeno religioso neopentecostal, principalmente caracterizado pela colossal influência de uma doutrina religiosa conhecida como “Teologia da Prosperidade”.

Obviamente, tal argumentação religiosa dogmaticamente exposta, repetida, e auxiliada por elementos do marketing religioso, presentes e elaborados por tais igrejas e líderes, alicerçados na Teologia da Prosperidade, têm “convertido e arrebanhado” milhões de adeptos, principalmente oriundos do Catolicismo Romano, e do fundamentalismo evangélico ou protestante tradicional.

A saída de milhares e milhares de fiéis de tais igrejas cristãs para essas novas congregações religiosas neopentecostais, tais como a: A Igreja Universal do Reino de Deus, a Igreja Mundial do Poder de Deus, Igreja Internacional da Graça de Deus, dentre outras, tem sido verificada e estudada não só pelo viés econômico, mas, das comunicações, da política (bancada evangélica), bem como, tem despertado também o interesse acadêmico, para compreender os motivos de tamanho sucesso não somente do ponto de vista religioso, mas, para bem mais além; mormente, do notório enriquecimento econômico de suas lideranças religiosa, constituindo-se hoje em grupos de milionários e bilionários em patrimônio físico, monetário, de suas fortunas  no Brasil e no mundo.

Um fator contribuinte para tal crescimento revela-se na facilidade para abertura de uma igreja no Brasil. Sendo caraterizadas como instituições religiosas, gozam de ampla e total imunidade tributária, bem como, de enormes facilidades para constituição de sua personalidade jurídica, não é tão custoso, nem burocrático “abrir” uma igreja no Brasil. Os dados são impressionantes, e, porque, não dizer dignos de profunda reflexão, do contingente de milhares de igrejas cristãs espalhadas pelo país, mas o que chama mais a atenção, é exatamente, o portentoso esquema de marketing, e de ferramentas organizacionais, que, revelam não só o dinamismo dessas organizações religiosas e sua estrutura operacional, mas a despeito de tudo isso, os bilhões de reais/dólares, movimentados pelas lideranças de tais instituições.

Só a título de curiosidade, passaremos a citar trechos de algumas reportagens, e de dados de órgãos públicos referentes a tão complexa questão, os quais, com o devido tratamento reflexivo, nos chamam à atenção para a dimensão de um fenômeno hodierno de nossas sociedades e de seus desdobramentos, em meio a um quadro sociológico vigente em nossos dias, como tão bem asseverado por BAUMAN,  de “Os tempos líquidos” da pós modernidade, que são questionadores dos antigos fundamentos das relações sociais, bem como, de suas instituições: