Acredito que tenha visto o olhar de um anjo antes de passar umas dias  no inferno.  Abri os olhos e estava numa cama de hospital, algemado, com portas fechadas e um guarda vigiando a entrada. Minha visão ainda estava embasada, pisquei e esfreguei os olhos com a outra mão que estava livre.

Era uma manhã de sol e poucas nuvens. Um homem por volta dos 40 ou 50 anos, que estava sentado do outro lado do quarto me observava acordar. Levantando da cadeira assim que eu o olhei.

_ Bom dia Matheus, parece que teve uma noite e tanto. Sou o Detetive Carlos. Olhava-me ar de desdém. _ E estou ansioso para saber todos os detalhes dessa história emocionante. Até agora tenho vídeos e relatos dos bombeiros e policias que te socorreram. E ai pretende colaborar ou vai ser do modo difícil?

Minha cabeça doía e ainda estava zonzo.

_ O que o senhor que saber?

_ Humm!! Então vai colaborar conosco. Legal. Bom primeiro saber os nomes dos seus colegas.

_ O que mais quer saber?

         _ Interessante, mais um daqueles casos onde há a figura do “herói”. Ok, vamos continuar então. Eram vocês contra quem? E por que não estavam se intendendo?

 _ Conseguiu visualizar tudo isso numa câmera de vídeo?

_ Não, mais já trabalho como detetive há alguns anos e sei que pela cena do crime, algo a mais aconteceu. E não foi muito amigável. Anda logo rapaz desembuça ou quer uma ajudinha?

Chegando perto do meu curativo e dando um forte puxão, o que fez lembrar a queda, quase que instantaneamente.

A enfermeira bem na hora, e o detetive parou de apertar. Olhou com ar de desconfiada e pedindo que o policial se retirasse, pois estava perto das medicações e que provavelmente iria cair no sono. Ele nem esperou ela se virar, apenas deu meia volta e olhou meio desconfiado para mim e para moça a qual se intrometeu em sua conversa e bateu a porta.

Assim que ela terminou e saio do quarto, comecei adormecer e como num filme na minha mente vinham alguns meses atrás. Dias de planejamento, muito planos para conseguir plantas do prédio, estudar cada entrada e saída, observar cada guarda e vigia e seus hábitos e saber quando agir. Aquela noite seria perfeita, Ramon que seria o vigia noturno tinha costume de tirar um cochilo depois da ceia da meia noite e acordava quando o relógio de pulso despertava 40 minutos depois, isso é ele começava a tocar 10 minutos antes. Depois mais café e uma longa ronda de 15 minutos.

O prédio em questão era um banco, mas não um banco comum, mais um banco que mexia com joias, dinheiro estrangeiro e nacional entre outros objetos valiosos que poderiam caber dentro de um cofre. Na verdade a ideia do banco era ser um segmento dos bancos da Suíça. Suas contas eram até numeradas e bem segura nos aspectos digitais. Mas tinha lá seus defeitos na estrutura física. O que era projeto do banco de reforçar assim que a matriz regulasse alguns últimos regulamentos.

Mesmo com esses defeitos. Eles ainda tinham um sistema muito forte. Sistema de raios laser avançadíssimo, cofre muito complicado para abrir, alarme com ligação direta com a polícia e entre outros. Quase impenetrável. O Designe do prédio era lindo mais dificultava o roubo, a entrada era todo de vidro, logo na entrada se via uma grande escadaria de mármore que logo do primeiro lance de escada se dividiam em duas, teríamos que subir até segundo andar, passar pelo mini jardim de inverno, para conseguimos alcançar as salas de reuniões e dos atendentes, para conseguir alcançar uma escada que só tinha espaço descer um de cada vez quase nos fundos do banco, entrar num sala de espera e depois passar pela sala diamante. Um local que não tinha  apenas uma saída.

         Descer mais um lance de escada e no subsolo alcançar o maravilhoso cofre. Cada passo planejado, cada etapa executada com perfeição. Desarmamos os alarmes e os lasers, desativamos as câmeras, e entramos no cofre. Mas ouvimos o barulho de algo caindo no andar superior. André já estava saindo quando eu o puxei pelo braço e mandei que ajudasse Gabriel e eu iria olhar e já voltava. Caso eu demorasse mais que três minutos eles sairiam de lá. Subi atento a cada detalhe dentro dos salões do banco escuro. Com a arma pronta caso necessário. Esse era um dos motivos que me escolheram para o roubo, sabia atirar muito bem e lutava também.

Quando já estava quase terminando minha segunda volta no salão dos atendentes, ao passar próximo de uma coluna, levei um grande chute nos pulso e a arma saiu voando da minhas mãos. Do mesmo modo que senti a dor nos pulso, já lancei um chute na altura do peito da minha sombra.

Que deu uns passos para trás mais voltou rápido a si e já tinha em toda velocidade na minha direção, ambos caímos no chão e ele tentando se levantar, enquanto ia socando sua cara. Até então sua mascara não dava para ver quem era. Apenas tinha espaço para ver seus olhos, mas estava muito escuro. Saltei e eles também agora de pé começaram a lutar. Soco pra lá e ponta pé pra lá, nesta dança de luta procurávamos ser cuidadosos para não derrubar nada para não chamar a atenção do vigilante lá fora.

         Com um soco seu fui parar no salão da entrada, fazendo as portas se baterem com força nas paredes ao lado. E eu fui me amparar no parapeito da escada. Estava com a cara ensanguentada, mas meu oponente não se sairá impune ele se aproximara da escada para mais alguns golpes e eu simplesmente usei meu último gole de força e o chupei escadaria a baixo. O vi rolar a escadaria de mármore, e deixa-la com pingos de sangue pelo caminho. Ri baixo, procurando observar se o vigia tinha escurado ou se tinha algum movimento diferente do lado de bora do prédio. Tudo tranquilo.

         Virei, quando senti uma pesada na altura do meu peito, me fazendo voei por cima do parapeito. Quando senti o impacto, os ossos das minhas costas pareciam pó. Só consegui ver aqueles olhos. O olhar de um anjo, sua cara assim como do seu comparsa estavam com gorros que só conseguiam ver a faixa dos olhos. Ela correu escadaria a baixo e ajudou seu companheiro se levantar e fugiram. E os vi fugir, quando ouso passos do andar de cima. André parece correndo aflito e para do meu lado junto de Gabriel. O som da sirene já parecia musica, aumentando seu volume a cada segundo.

         _Saiam daqui.

         _ Não. Somos uma equipe.

         _Por isso mesmo, saiam e se eu precisar de ajuda posso contar com vocês se estiverem livre. Mas os três presos não ira ajudar em nada.

Gabriel parecia estar lutando para conseguir empurrar André e o saco com o roubo. Mas por fim foram e eu fiquei lá com minha possa de sangue no chão. E eu ali deitado, imaginado que seria meu fim.  

         Fui levado para o hospital e depois a varias visitas do detetive Carlos e o julgamento, fui condenado. Mas ainda me lembro de cada detalhe daquele rosto. E ainda pretendo te encontrar, olhar de anjo. Nem que seja a última coisa que eu faça. Eu ainda te pego, olhar de anjo.

 

Nota do autor: Se estiverem curtindo os contos ou tiverem sugestões manda deixa seu recado aqui em baixo.