OFERTA DE ENERGIA E PROTEÍNA NA DIETA DE CAPRINOS E SUA DEMANDA NA PRODUÇÃO[1]

­Paula Luciana Kern[2], Vinicius Brack Gestaro[3], Tatiana Hatsck de Sousa3, Verônica Schmidt2

RESUMO

O crescimento do mercado leiteiro caprino começa a direcionar atenção especial à nutrição. Os sistemas de manejo buscam a otimização dos recursos disponíveis em função do aumento da produção. Sabe-se que essa produção varia de acordo com as fases de lactação, estado fisiológico e aptidão de produção dos animais, requerendo diferentes níveis nutricionais, com ênfase em energia e proteína. A partir disso, pesquisas têm buscado alternativas de forragens e complementação alimentar através da oferta de concentrado. Há várias maneiras de utilizar essas forragens (pastagens, capineiras, fenos e silagens) aproveitando ao máximo seu potencial nutricional. Os objetivos desse trabalho foram identificar a qualidade e a quantidade da dieta oferecida ao rebanho caprino e como é feita a sua distribuição, para poder avaliar se a dieta está de acordo com os requerimentos mínimos para a produção. Foram realizadas entrevistas com nove caprinocultores de raças leiteiras que expuseram animais durante a EXPOINTER 2003, na qual foi utilizado um formulário impresso, contendo 10 questões em caráter direcionado e descritivo. Como resultados da entrevista, pode-se observar que a nutrição é feita de maneira muito empírica; a preocupação dos produtores é com uma ração que tenha altas taxas de proteína esquecendo, muitas vezes, do NDT, o qual é importante para animais de alta produção. São unidade produtivas de pequeno porte com baixa capacidade de produção forrageira, onde os animais são criados em regime semi-extensivo em campo nativo e com suplementação a cocho ou em regime intensivo com toda alimentação fornecida no cocho, o que dificulta o balanceamento da dieta, pois para manter uma proporção de matéria seca de 60: 40 entre volumoso e concentrado, é necessária uma produção de volumoso de boa qualidade e concentrado de altos níveis de NDT.

Palavras-chave:  caprinos, nutrição, energia, proteína.

1 INTRODUÇÃO

A caprinocultura, no Rio Grande do Sul, é bastante antiga. Em Porto Alegre, por exemplo, na década de 40 existiam criações voltadas à produção de subsistência, sem intuito comercial. A organização dos caprinocultores e das criações comerciais de caprinos teve início nos anos 70. Com a caprinocultura voltada à produção de leite, foram introduzidas as raças Saanen, Alpina, Toggenburg e Anglonubiana. Destas, a Saanen e a Anglonubiana, foram as raças que sofreram a maior pressão de seleção por parte dos caprinocultores gaúchos e, portanto, as que formaram plantéis em número e produtividade mais representativos. O Estado conta com a industrialização de leite caprino sob inspeção e, assim, o leite caprino (longa vida, em pó, etc.) e seus produtos derivados (iogurte, doce de leite e queijo) são encontrados nas redes de supermercados de várias cidades do Estado, atendendo às exigências sanitárias legais e a demanda de mercado. Contudo, as características e aptidões de cada indivíduo são também influenciadas por sua constituição genética. Todavia, a plena exteriorização do potencial genético somente é possível quando as exigências nutricionais são adequadas e suficientes para cada indivíduo. Nesse sentido, o objetivo do presente estudo foi identificar a qualidade nutricional da alimentação oferecida a caprinos no Rio Grande do Sul. 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Requerimentos nutricionais Os animais têm diferentes exigências nutricionais de acordo com aptidão, nível de produção, estado fisiológico, idade e sexo (MORAND-FEHR, 1991). Deste modo, a aplicação de níveis de requerimento é necessária na formulação da dieta de caprinos, respeitando a relação entre forragem e concentrado, suprindo a demanda da produção, de acordo com o National Research Council - NRC (1981), que informam os requerimentos nutricionais para caprinos. [...]