Ódio é uma palavra forte, pesada, que nos foi ensinada como algo feio e que não poderíamos ter, mas quem de nós em algum momento da vida não sentiu ódio? Provavelmente, todos nós, pois é algo inato do humano e não temos como não sentir.

O ódio além de causar constrangimento, envenena a alma. Faz mais mal para quem odeia do que para quem é odiado, porque este na maioria das vezes desconhece que está sendo odiado.

O grande problema é que às vezes sentimos ódio por quem amamos. Desejamos mal à ela ao mesmo tempo que desejamos o bem e sofremos com essa ambivalência. Freud diz que, “com exceção de poucas situações, sempre há nas relações amorosas mais íntimas e mais ternas uma certa porção de hostilidade...”

Reconhecer a presença do ódio é difícil, geralmente relutamos, principalmente quando se faz presente nas relações amorosas. Porém, faz-se necessário que nos enfrentemos e reconheçamos o ódio que habita em nossa alma. Para que consigamos manter o ódio distante de nós, precisamos reconhecer e exercitar o amor, porém, concordo com Freud quando diz que somos ainda assassinos. Não assassinamos o outro com o nosso ódio, mas a nós mesmo, porém, no nosso imaginário, estamos assassinando o outro.

O ódio na sua essência mesclado com o ambiente, está vivo nas relações e mistura-se com o amor, pois afinal, somos feitos de opostos. Precisamos é aceitar e reconhecer o ódio como um sentimento inato do humano, que quando identificado precisa ser trabalhado, pois é um sentimento que não agrega nada em nossas vidas.

O grande problema que temos é a dificuldade de identificar e nomear nossos sentimentos. Quando nos deparamos com sentimentos fortes como o ódio, logo tratamos de projeta-lo para nos livrarmos dele, porque tememos que alguém veja o quão ruim somos. O ódio é algo que procuramos manter escondido dentro de nós, mas que por vezes acabamos deixando escapar e quando isso acontece, nos gera desconforto e medo de sermos julgados e abandonados.

Na realidade, precisamos conhecer todos os nossos sentimentos, nos permitirmos viver todos eles, saber identificar e nomeá-los para que não nos gerem angústia e ter claro que eles são inatos do humano, portanto, não podemos negá-los. Negar o sentimento é buscar o sofrimento, mesmo quando o sentimento for muito primitivo.