Os objetivos de um grupo dependem das circunstâncias. As condições variam de lugar para lugar e de época para época. Não existe objetivo único além do de estar a serviço do Santo. Embora todos os objetivos se relacionam a este último, a maneira pela qual um grupo pode ser útil depende do seu contexto histórico, da qualidade de seu líder e das necessidades e talentos de seus membros. Além disso, as condições mudam e, na verdade, se não mudarem, então é um sinal de que há pouco ou nenhum movimento no grupo. Assim sendo, antes de tudo o grupo deve levar em conta a situação atual.

Começando pelo maior sistema de referência, deve ser ressaltado que a base de todo Trabalho esotérico é a Eternidade. Sem consciência dessa dimensão, tudo o que é feito será perdido no impulso do relativo e do particular. O Absoluto deve ser o ponto principal, a firme imobilidade sobre a qual tudo está colocado. Isto dá um sentido não só de profunda segurança, como uma percepção íntima de trabalhar em conjunto com o Divino. A frase “Ajudar Deus a olhar para Deus” pode se tornar um lema para um grupo. “Ajudar o Divino a se manifestar na Terra” é outro. “Auxiliar o Santo se tornar conhecido” é ainda outro, que lembra a cada membro qual é o objetivo máximo do grupo. O uso de tais lemas para objetivos gerais e pessoais é um ótimo exercício, e cada pessoa deve formular o seu próprio, de modo a relacioná-lo ao objetivo principal do grupo.

O segundo nível a ser considerado, depois do Mundo do Divino, é o da Criação. É onde começa o tempo e o espaço, e a primeira separação da pura luz da Emanação, que permite a imperfeição e o aparecimento do Mal. Assim sendo, este nível se ocupa DOS PROCESSOS CRIATIVOS DO VIR A EXISTIR, E DAS FORÇAS QUE PROCURAM IMPEDIR O IMPULSO EM DIREÇÃO DA ORDEM E DA PERFEIÇÃO. Requer uma consciência aguda do impulso operando no mundo espiritual, onde a oscilação entre resolução, equilíbrio e dissolução está manifesta não apenas nos mundos galácticos e estelares, mas sobre a Terra, em todos os processos correspondentes da história natural e humana. Embora não se espere que o grupo, neste ponto, apreenda em detalhes o significado deste nível, isto deve ser indicado como uma realidade que possui grande peso sobre o futuro trabalho. Assim sendo, daí em diante devem estar tão cônscios quanto possível das implicações das marés e ritmos celestiais nos assuntos mundanos, pois é possível se apresentar uma ocasião em que podem ser chamados a participar de alguma operação que poderia afetar o equilíbrio de uma situação global. O interesse mundial em meditação nos anos sessenta do século passado foi uma dessas operações. Já foi dito que se grande número de pessoas não estivesse meditando, então a carga negativa envolvendo o planeta naquela época não teria sido neutralizada, e teria acontecido uma Guerra Mundial.

Esta escala de visão nunca deveria ser perdida pelo grupo, ou o seu objetivo seria dividido entre uma remota conexão Divina e uma preocupação humana, porém mesquinha, com o desenvolvimento pessoal. A dimensão cósmica traz a um relacionamento correto o Absoluto e o individual, visto que o Universo é o cenário para a Consciência em desdobramento do Divino se refletir em Si Mesma na Humanidade. Este objetivo deveria ser declarado e repetido de tempos em tempos, não só para lembrar as pessoas deste plano de atividade, mas também para colocar periodicamente o que está acontecendo no grupo em seu contexto cósmico. Muitas pessoas envolvidas no chamado trabalho espiritual flutuam para além da vida em um êxtase escapista, ou se afundam em um profundo abismo de excessiva análise das complexidades de suas psiques. A consciência contínua da escala do Universo e da condição da humanidade mantém o equilíbrio dos níveis.

O terceiro mundo, da Formação, se ocupa do plano da psique e é a próxima área deste objetivo. Aqui, cada membro não apenas examina e trabalha sobre sua própria vida, mas contribui para as crescentes reservas de experência que preencherão as tríades emocionais e conceitual da Árvore do grupo. Ninguém trabalha só para si mesmo. O grupo não deverá ser o lugar onde se vem apenas para receber, mas também para oferecer. Isto permite a ocorrência de um fluxo recíproco equilibrado, pois quanto mais é ofericido, mais se recebe. O estudo das operações da psique é um processo longo e delicado, mas não deve se tornar apenas uma situação terapêutica. Não é este o propósito de um grupo kabbalístico. O trabalho psicológico durante as reuniões não se ocupa tanto com a cura, embora isto aconteça, quanto com o desenvolvimento: este não é um modelo idealizado de desempenho, mas a busca do que é correto naquele momento. Desta maneira, o pessoal se casa e se movimenta com o celestial, e assim o Divino pode chegar diretamente até o mundo terreno. Aqui, o tutor poderia pedir a todas as pessoas presentes para que formulassem um objetivo pessoal que se relacione à sua vida particular. Deve ser ressaltado, contudo, que isto não deve ser grandioso, mas sim se relacionar diretamente a uma questão que já prenda sua atenção, tal como seria possível acrescentar a dimensão espiritual a suas vidas, ou de que maneira podem se lembrar de quem são e onde estão na maior parte do tempo. Estes objetivos serão suficientemente difíceis de implementar.

O último nível é o prático. Aqui, o tutor periodicamente estabelece as regras apropriadas para aquele estágio de disciplina. Por exemplo, o formato da reunião é explicado em termos da teoria e da prática na primeira sessão. Assim, para começar, é dado um horário no qual todos devem chegar. Os retardatários não serão admitidos durante a evocação. As regras e o motivo disso é que “A reunião será iniciada com uma meditação silenciosa, interrompida pelo tutor invocando os sefirot da Árvore e os Nomes de Deus”. Isto serve para elevar o nível de todos os presentes e travar contato com os mundos superiores. A evocação pode, então, ser seguida do acender das duas velas, que representam os pilares de Misericórdia e Julgamento, após ter sido dita uma petição para a descida do Espírito Santo. A coluna do meio é representada pelo grupo em Yesod, a Fundação, com o tutor no sefirah central de Tiferet (A Graça pode ou não descer do Keter, a Coroa, através do não-sefirah de Daat, ou Conhecimento). O grupo estará, então, pronto para o trabalho da sessão.

O trabalho a ser feito é teoria pura, ou só prática, ou, em alguns casos, uma mistura dos dois. Pode durar precisamente uma hora; em outros casos, por tanto tempo quanto for necessário até quando for aparente para o tutor, senão para todo o grupo, que não podem ir mais adiante em seu trabalho. A reunião, então, é encerrada. Cada sessão deverá ter um tema e um exercício para ser executado durante a semana, antes da próxima reunião, Este pode ser meditar sobre o poder deceptivo do ego Yesódico, ou lembrar do grupo em hotários específicos do dia, como dez da manhã, meio-dia e três da tarde. Para terminar a parte formal da reunião, o grupo é conduzido a um estado de atenção silenciosa antes que o tutor pronuncie a invocação da volta. Nesta, os Santos Nomes da coluna central são ditos em sua ordem descendente, e, então, os nomes dos sefirot, desde Keter, a Coroa, até Malkhut, o Reino. O ritual é finalizado pelas palavras:

“Santo, Santo, Santo

É o Senhor das Hostes

Vossa Glória resplandece em todos os Mundos”.

O tutor e o grupo batem os pés no chão de modo a aterrar e relaxar para a parte final da reunião. Esta é iniciada ao se pedir a alguém que atue como escriba e escreva um parágrafo sobre a essência do que aconteceu durante aquela sessão. Isto deverá ser entregue, sem falta, ao tutor na reunião seguinte. Depois será requisitado um voluntário para ser o tesoureiro do grupo. Esta pessoa recolherá uma soma modesta, a ser determinada, para o vinho, pão, café, leite e queijo da próxima reunião, que o grupo consumirá durante a parte social da noite antes de ir para casa. Três ou quatro voluntários serão chamados para fazer e servir os alimentos, enquanto o mesmo número deverá se oferecer para lavar e limpar depois. Há também uma pessoa que se ocupa do vinho, cuja tarefa é reter o espírito da sessão. Este é um papel priveligiado. Enquanto todos socializam, o tutor fala com as pessoas que têm perguntas pessoais, ou desejam expressar pensamentos e sentimentos pessoais. Quando a energia da reunião alcançar um equilíbrio, todos partirão, se espera, em boa disposição até a próxima reunião.

NO que diz respeito aos de fora, deve-se falar sobre o grupo com discrição. Apenas os que mais provavelmente se beneficiarão ou estarão de fato interessados devem saber o que acontece. Na verdade, de início a regra é que nada do que aconteça dentro da própria reunião deve ser discutido fora do grupo, exceto em termos gerais, e nenhum nome deve ser mencionado. Isto serve para preservar a santidade e a energia que se acumularão com o passar do tempo. Existem muitas outras regras e regulamentos sobre trabalho de grupo, mas estas surgirão no tempo e momento certos. A tarefa do tutor neste ponto é impor ao grupo que este é responsável por si mesmo, embora a cadeira de Tiferet possa guiá-lo ao longo do Caminho. Tal declaração é, as vezes, mal compreendida por alguns, e suas opiniões sobre como o grupo deve ser dirigido são expressas. Aqui se requer muito tato e firmeza por parte do tutor, pois isso, em geral, evidencia ALGUÉM QUE PENSA SABER MUITO, E DESEJA DEMONSTRÁ-LO. Aqui começa o primeiro dos muitos problemas que virão com os estágios iniciais de um grupo, pois nunca existe uma luz acesa sem a sua sombra correspondente.