O USO EXCESSIVO DE TELAS EM CRIANÇAS PÓS PANDEMIA

Daiane Cristina da Silva

Vânia Silveira de Souza

         A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda que crianças com menos de 18 meses não fique exposto a telas, exceto vídeo chamadas com pessoas próximas, e a partir dos 18 meses e 2 anos pouca exposição, de 3 a 5 anos até uma hora por dia, de 6 a 10 anos entre uma hora até uma hora e meia por dia e crianças de 11 e 13 anos até duas horas por dia, porém ficou evidente que com a pandemia todos nós acabamos ficando expostos mais tempo nas telas, pois era a forma que encontramos de nos conectarmos e estar próximo das pessoas que amávamos. Nesse sentido, o uso de telas foi uma das ferramentas encontradas pela escola para que o ensino continuasse, seja ele por chamadas de vídeo, grupos de WhatsApp, aplicativos como o Zoom ou Google Meet. Sendo assim, as crianças passavam horas e horas na frente do computador ou celular para estudar e/ou assistindo as aulas do professor.

           Partindo desse princípio, alguns pais que se encontravam nessa nova realidade trabalhando Home Office e com a rotina ainda mais sobrecarregada já que todos estavam em casa, um dos meios utilizados para entreter seus filhos foi deixando que eles ficassem mais tempo expostos nas telas fazendo com que eles ultrapassassem seu uso. Atualmente o uso excessivo do celular é considerado um vício tal como o alcoolismos e tabagismo, foi lhe dado o nome de nomonotonia - medo de ficar sem o celular. O uso excessivo de telas pode acarretar vários sintomas como irritabilidade, impaciência, falta de empatia, ansiedade, medo, entre outros. O que a maioria não sabe é que o uso exagerado das telas pode inclusive atrapalhar o desenvolvimento da criança quando ela se encontra na fase de alfabetização ou desenvolvendo sua coordenação motora, pois como passam muitas horas nas telas acabam não os exercitando músculos das mãos, consequentemente sua musculatura não fortalece, dificultando o aprendizado e a execução de atividades cotidianas, como por exemplo, fechar um zíper, pegar no lápis, jogos de encaixe, entre tantas outras consequências.

        Compreendemos que no mundo que vivemos é praticamente impossível viver sem a tecnologia, mas sem dúvidas precisamos repensar sobre o seu uso, e sermos mais conscientes que ela seja utilizada como a nossa aliada no aprendizado das crianças e não a barreira. Dessa maneira, salientamos que não existam culpados nesse processo, pois os pais entendem que vídeos educativos estariam ajudando a criança e consequentemente elas aprenderiam. Porém em alguns casos a criança decora todo o alfabeto os números, mas se perguntássemos ela quais eram ela não sabe responder. Pois para Larrosa Bondía (2002, p. 21), "a experiência é o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca. Não o que se passa, não o que acontece, ou o que toca". Desta maneira, a experiência está diretamente relacionada com o homem, aliás, só se realiza pelo homem, e ela é um dos meios mais significativos para que a criança aprenda, seja brincando, conversando com seus pares e também quando estão ociosos, esses momentos são de suma importância para o seu aprendizado. E com o retorno das aulas presenciais evidenciou o quanto o uso excessivo de telas gerou e ainda vem gerando mudanças no comportamento das crianças como ansiedade, falta de paciência ao esperar, irritação, troca da vida social pela online - inspiram e espelham em youtubers e almejam ficar como eles, sedentarismo, problemas posturais, entre outros. Dessa maneira, precisamos compreender que as crianças e jovens estão em fase de formação de caráter e de sua personalidade, e precisam de exemplos coerentes e não baseados na vida postada nas redes sociais.

        Portanto, precisamos estar alertando as famílias sobre essas consequências que não atingem apenas as crianças, mas adolescentes e jovens gerando também conflitos sociais, e fazendo com que não socializem com outras pessoas. Além disso, pode desencadear outras doenças como a depressão, e consequentemente em casos mais graves levando a pessoa a cometer até suicídio.