O USO DO ESPAÇO GEOGRÁFICO E A ECONÔMIA NO NORDESTE DO SÉCULO XVI AO XVIII

Por eliana alves moretti vieira | 10/12/2024 | História

Introdução 

A descoberta do Brasil coincidiu com o início da evolução comercial marítima portuguesa, que tratou de adotar o monopólio de Estado para o comercio com as índias, de onde provinham grandes quantidades de especiarias.

Ao longo do processo histórico, a região Nordeste brasileira evidenciou momentos de expansão e recuo em consequências as oscilações do mercado externo. Desde a descoberta do território que foi batizado pelo nome Brasil, onde o Nordeste se encontra, essa região vivencia contrastes referentes a sua posição geográfica, bem como, a concentração de renda nas mãos de poucos, em detrimento da maioria da população. O Nordeste brasileiro é símbolo de contrastes, resistência e de poder. 

No início da colonização do território, os estrangeiros decidiram por extrair o pau-brasil e, mais tarde, introduziram o sistema de monocultura da cana de açúcar, que tinha o monopólio do governo português e serviu para enriquecer uma pequena parcela daqueles que vieram colonizar o território além-mar. Outro produto importante na consolidação do povoamento no Nordeste, principalmente no sentido oeste, foi a criação do gado bovino. 

Fruto da civilização do açúcar, trazidos pelos colonizadores, a criação de gado no período colonial servia para abastecer o mercado brasileiro nas suas demandas por carne e couro. O gado desbravou o sertão nordestino, deixando sua marca até os dias atuais. 

Mesmo não sendo considerada atualmente como uma região desenvolvida como os demais centros regionais, o Nordeste tem uma grande importância econômica e social 

1. Conceito atual de Nordeste 

Com uma área de aproximadamente 1.558.000km2, correspondendo a 18% do território nacional Brasileiro possui atualmente cerca de 54.658.515 milhões de habitantes, respondendo por 26,9% da população brasileira IBGE (2022). O Nordeste é uma região repleta de contrastes em que a renda está concentrada nas mãos de poucos, em detrimento da maioria da população (ANDRADE, 1973). No entanto, devido à baixa renda per capta, ainda é tida como uma região subdesenvolvida economicamente. O mesmo autor salienta a dificuldade encontrada pelos estudiosos para delimitar a região Nordeste, existindo assim, um dissenso entre eles, de modo que. 

Alguns autores concordam em colocar no Nordeste apenas os Estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas, outros estendem a região para o Noroeste, incluindo na mesma o Piauí e o Maranhão enquanto os outros, ainda, estendem se para o Sul, incluindo em seus limites Sergipe e parte da Bahia, geralmente até a altura do Recôncavo. (Andrade, 1973, p.21). 

O que se sabe é que conceito de Nordeste é algo relativamente novo no Brasil. Desde o Brasil Império até a Primeira República seus estados eram conhecidos como estados “do Norte”. Só em 1941, quando aconteceu uma divisão oficial do território brasileiro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística é que essa região passou a ser denominada “Nordeste”. Segundo Andrade (1988), a divisão regional levava em conta os aspectos naturais, mas também buscava fazer com que os limites regionais coadunassem com os limites estaduais. No entanto, a Bahia e Sergipe naquele momento ainda não faziam parte do Nordeste, estavam integrados no Leste, que por sua vez tinha como limite o Rio São Francisco. 

Apenas em 1967 devido ao atraso em que se encontrava em relação a outras regiões brasileiras é que o Nordeste passou a ser delimitado e caracterizado como Região, passando a integrar os nove estados que conhecemos atualmente (Bahia, Sergipe, Alagoas, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba, Piauí e Maranhão, bem como o território de Fernando de Noronha). Segundo ANDRADE (1988, p.8). Face a política de planejamento do Governo Federal, o IBGE, na década de sessenta, reformulou sua divisão regional, anexando Sergipe e Bahia ao Nordeste e juntando os demais Estados ao Leste. 

O Nordeste é uma região que foi povoada desde o período em que o Brasil era Colônia Portuguesa, logo, essa região possui estruturas consolidadas, no entanto, sua economia se encontra em processo de estagnação devido ao desenvolvimento de outras regiões, como o Sul e Sudeste. Todavia, mesmo não sendo considerada atualmente como uma região desenvolvida como os demais centros regionais, o Nordeste tem uma grande importância econômica e social (Andrade, 1988, p.8).

Trata-se de uma região que possui riquezas naturais ponderáveis, devido a sua diversidade de biomas. Em se tratado do setor econômico, atualmente o Nordeste se destaca no setor agropecuário e agricultura. Segundo repositório IPEA (2012), o Nordeste continua sendo um grande produtor de cana de açúcar e álcool, com lavouras concentradas principalmente em Alagoas, Pernambuco e Paraíba.

Pode se dizer que a pobreza do Nordeste está relacionada não a falta de diversidade de recursos naturais, e sim, a fatores de ordem econômica, uma vez que existe uma má distribuição de renda e grande concentração fundiária. Também, pode se atribuir a pobreza da Região Nordeste a maneira como sistema econômico nacional trata essa região, como fornecedora de matéria prima e mão de obra barata para os grandes centros como São Paulo e Rio de Janeiro, bem como da apropriação das riquezas regionais por grupos econômicos internacionais e de outras áreas do país (Andrade, 1988, p.22). 

2 Povoamento e atividades produtivas no Nordeste Colonial 

O povoamento do nordeste brasileiro aconteceu na primeira metade do século XVI, na porção Oriental, Olinda em 1535 e em Salvador, 1549. Andrade (1979, p.66), foi com Duarte Coelho, porém, aqui chegando em 1535, que se iniciou verdadeiramente a colonização. Chegando em Pernambuco, tratou Duarte Coelho de conquistar a terra e o gentio, fundando em 15 anos, duas vilas- Igaraçu e Olinda- e cinco engenhos, conseguindo sua fortuna por meio da agricultura da cana de açúcar, produto de grande procura no mercado europeu.  

Os portugueses, porém, defrontaram-se com uma terra desconhecida, inculta e habitada por indígenas que se perderam em plena idade da pedra, e que, para proporcionar lucros, tinha de ser conquistada aos selvagens e transformada em função de um mercado externo que começou a tornar-se seguinte de produtos tropicais. (Andrade, 1978, p.70) 

Ao lado da cana-de-açúcar cultivavam-se, no primeiro século de colonização, produtos americanos que os europeus se acostumaram a consumir, como o algodão, a mandioca, a macaxera (aipim), o milho, várias espécies de favas e leguminosas, além de plantas exóticas como o arroz e várias fruteiras, leguminosas e coqueiros colocados aqui pelos Portugueses que, navegando por todo o mundo, trouxeram-nos da Europa, Ásia, África e Oceania. Mas, o problema principal, o mais sério, era o da mão-de-obra, de vez que os trabalhadores não eram necessários apenas à cultura da cana. 

Os primeiros núcleos de povoamento no Recôncavo, datados do século XVI, instalaram-se em terras baixas, em torno da Baía de Todos os Santos, onde se concentrava a cultura de cana. Em séculos posteriores, foram ocupadas as terras altas, compreendidas entre os rios Paraguaçu e Jaguaribe, onde se desenvolveram as culturas do fumo e de subsistência, além de atividades extrativas relacionadas à produção do açúcar – a derrubada da madeira, entre outras. Fora do Recôncavo havia outras manchas de ocupação. (Azevedo, 2009, p.23-24) 

Segundo SIMONSEN (1978), a história econômica do Brasil se processa por intermédio da formação evolutiva de um organismo social em ambiente inteiramente novo, permitindo que se percebam nitidamente as reações recíprocas do homem e do meio, no desenvolvimento das atividades econômicas, é o que aconteceu no nordeste brasileiro quando os portugueses aqui chegaram com a finalidade exploratória, de modo que em pouco tempo a coroa portuguesa conseguiu assegurar uma grande soma de terras e riquezas. 

Essa busca de bens negociáveis na Europa formou um dos principais empreendimentos europeu nos quatro séculos seguintes e alcançou o ponto culminante, quando, no século XIX, a Revolução Industrial aumentou enormemente a lista de bens para os quais, a Europa encontrara em uso. (Paterson, 1972, p.28). 

A descoberta do Brasil coincidiu com o início da evolução comercial marítima portuguesa, que tratou de adotar o monopólio de Estado para o comercio com as índias, de onde provinham grandes quantidades de especiarias. O Brasil era um problema novo em face a expansão comercial e marítima que os europeus estavam iniciando, uma vez que não dispunha de produtos prontos para o tráfego comercial. Segundo Moraes, 

O controle do espaço está no centro das motivações do expansionismo quinhentista. O monopólio dos lugares –seja para produzir, comerciar ou simplesmente trafegar- era vital para o desenvolvimento das economias nacionais européias. Por isso, ao longo do século XVI é ininteligível sem o estudo da formação do sistema colonial, sem o entendimento do processo de dilatação do horizonte geográfico e do espaço de relações europeus, enfim, sem se captar a lógica de constituição de uma economia mundializada. (Moraes, 2011, p.49) 

No início o Brasil não oferecia atrativos para exploração comercial, no entanto, a descoberta do pau-brasil, que se apresentava fácil aos olhos dos portugueses, foi considerada a única mercadoria de valor real, uma vez que naquele momento ainda não se conhecia a anilina artificial. 

3 A extração do Pau Brasil 

O uso da madeira do pau-brasil não é tão recente pelos europeus e outros povos. A preferência pelos tecidos de cores vivas, vigente durante a Idade Média, fez com que a indústria europeia de tintas lançasse mão dos recursos fornecidos pelos artífices orientais, visando a obtenção de colorantes de origem vegetal (Vianna, 1966, p.108). A busca por esses colorantes rendeu muitas aventuras e combates. 

Naquela época a árvore que se conseguia extrair uma tintura com coloração forte era o pau-brasil, assim chamado pela cor de brasa apresentada por seu cerne. Segundo VIANNA (1966, p108), desde o século IX os árabes já traziam essa madeira das índias através do Mar Vermelho e Egito, distribuindo pelos centros manufatureiros da Europa. O pau-brasil é uma espécie arbórea de grande importância comercial, utilizado por muitas civilizações para tingir tecidos. Trata de um artigo de grande valor, uma vez que de sua madeira era extraída uma tintura vermelha utilizada para tingir tecidos, considerada uma mercadoria altamente valorizada nos centros consumidores europeus. Com a descoberta da América foi verificada a opulência de suas florestas e a possibilidade de se encontrar madeiras tintoriais. Segundo VIANNA (1966) 

Assim, já da viagem de Vicente Yáñes Pinzón, que em princípios de 1500 atingiu a costa do Nordeste de nosso país, consta o carregamento de 350 quintais de pau-brasil. E, de acôrdo com Gaspar Correia, nas lendas da Índia, a própria nau da frota de Pedro Alvares Cabral que regressou da Vera Cruz para comunicar a notícia do descobrimento do Brasil, também daqui levou uma primeira partida de pau-brasil. (Vianna, 1966, p.108) 

O pau-brasil foi tido como o primeiro gênero de comércio do Brasil colônia, tanto que, é considerado como representante da história nacional brasileira devido seu valor comercial e raridade, pois, não é encontrado nas grandes matas.

Na Europa, o produto brasileiro se impôs ao consumo das manufaturas de tecidos, já que os custos na sua importação reduziam-se praticamente aos de transporte e às despesas fiscais. Vitorioso na concorrência dos preços, ele superou o competidor asiático que era comercializado pelos mercadores italianos desde o século IX e o similar encontrado nas Antilhas após o Descobrimento da América. (Albuquerque, 1986, p.47). 

A madeira que os portugueses exploraram em 1550 já estava debaixo do controle governamental. Naquela época um quintal de pau Brasil chegava a custar 80 réis. A madeira era transportada de grande distancias pelos índios que carregavam os navios e nada recebiam.

O pau-brasil foi levado para Lisboa pela primeira expedição exploradora da Costa de Santa Cruz. Foi depois de voltar esta armada que o rei, desencantado por dize lo, da nova possessão, arrendou-a a um consórcio de cristãos novos. Seja como for, o pau vermelho, se não era novidade na Europa que os séculos antes o conhecera e o empregara na indústria da tinturaria, constituiu a primeira atração mercantil da colônia que surgira numa clara manhã de abril de 1500.Foram seus lucros prováveis que levaram os capitalistas ao aceite do primeiro contrato que se fez para o Brasil.(Sousa, 1978, p.57).

A espécie, denominada cientificamente por Caesalpinia echinata( Lamark) era conhecida pelos índios pelo nome de ibirapitanga. Segundo SOUSA (1978, p.16), a espécie é mais litorânea que sertaneja, e a prova é que foi encontrada, quase que imediatamente, pelos descobridores, pois, sua exploração começou desde cedo, já em 1503. O mesmo autor relata que a área de dispersão da espécie vai do Rio de Janeiro ao Rio Grande do Norte. Pelas informações que me deu o botânico Adolfo Ducke, a espécie não atinge a Amazônia, opinião merecedora de todo crédito, pelo especial conhecimento que daquela zona tem o referido cientista. (Sousa, 1978, p.25). 

À medida que esta madeira foi se esgotando no litoral, os europeus passam a recorrer aos índios para obtê- la, que se mostraram dispostos a cortar as árvores e arrastar pesados toros por cerca de 15 a 20 léguas até as feitorias onde podiam ser trocados por objetos trazidos da metrópole. A exploração do pau-brasil só poderia ser feita por intermédio das feitorias, as quais competia preparar os toros e acumular os estoques em pontos convenientes para serem transportados.

No Nordeste, além da cana de açúcar, também o pau-brasil constituía uma das riquezas da região, sendo alvo de cobiça pelos mercadores flamengos que em 1630 empresaram a sua conquista, por intermédio da Companhia das Indias Ocidentais. 

O problema encontrado pelos interessados no pau-de-tinta é que as árvores do pau-brasil não cresciam juntas em grandes áreas, encontravam-se, isto sim, dispersas pela floresta, longe da costa, embora atingisse proporções gigantescas. Como crescia nas alturas e muitas vezes longe da costa, eram os brasileiros obrigados a cortá-la em pedaços para transportar mais facilmente e, assim, era abatida em quantidades consideráveis. (Simosen,1978, p.59). A extração do pau-brasil a princípio foi feita 

pelos índios e só depois por escravos negros. Da extração pelos índios nos dá sugestiva idéia Jean de Léry, talvez o primeiro cronista a descrevê-la. Nos primeiros 30 anos da nossa existência em contato com a civilização européia, a exploração, segundo os testemunhos do tempo, se fazia do seguinte modo: descoberta a mata do pau-de-tinta para lá se dirigiam os mercadores portugueses ou franceses acompanhados de índios, cuja boa vontade ou cujos serviços haviam conseguido em troca de panos vistosos, contas, objetos metálicos, chocalhos, bugigangas, etc. Armados de machados e foices, os caboclos iniciavam a derrubada das ‘ibirapitangas’: uma vez no chão espontavam os ramos, falquejavam os troncos, tirando-lhes o branco ou alburno, porque só no âmago ou durâmen estava o Brasil; cortavam-nos depois em toros de 5 a 10 palmos que amontoavam em rumas. (Sousa,1978: 96-97)

O corte do pau-brasil e sua valorização comercial responderam, na conjuntura anterior à montagem da empresa escravista do açúcar, aos interesses mercantis que eram os determinantes na expansão colonialista portuguesa. Mas não foram apenas os portugueses que tinham interesse em explorar o pau-brasil. Assim que divulgada na Europa a existência do pau-de-tinta nos domínios portugueses da América, os espanhóis e franceses também o tinham. Tanto que, navios e armadores franceses logo começaram a procurá-los, fraudando o monopólio de pleno direito dos lusitanos. 

O interesse pelo pau-brasil não apenas gerou grandes conflitos entre os países europeus, também gerou a necessidade de seu estanco devido a possibilidade de culminar na sua escassez, ou quem sabe, na sua extinção devido ao extrativismo exacerbado. 

3.1 O declínio da extração do pau-brasil 

A exploração do pau-brasil, embora fosse monopólio da coroa, não era feita apenas pelos portugueses, os franceses também tinham interesse na madeira. A França apresentava indústrias nascentes e mercado fértil para as madeiras tintoriais, assim, os franceses resolveram investir no comercio com os indígenas do Brasil. De certa forma, foram bem recebidos pelos povos autóctones, uma vez que o interesse Frances não era a disputa pelas terras e sim, o pau Brasil, diferente dos portugueses, que além do pau-brasil, tinha interesse em se estabelecer nas terras recém-descobertas. 

Os franceses trocavam bugigangas por pau Brasil e conquistava a simpatia dos indígenas, em contraposição, os portugueses eram odiados. Segundo BOXER (2001, p.97), esta economia de troca teve como resultado relações rácicas razoavelmente fáceis e amigáveis na generalidade, se bem que houvesse como é evidente os inevitáveis mal-entendidos e choques. As expedições francesas e o apoio dos índios geraram preocupações a Portugal, que buscou desenvolver um forte trabalho diplomático junto à corte da França e às autoridades marítimas francesas, para cessar tal abuso. (Simonsen, 1978, p.56). A perda da colônia representava risco para a coroa portuguesa, de modo que resolveu estabelecer o sistema de donatários como meio de garantir a posse da terra recém-descoberta. 

A causa do declínio do pau-brasil estava além da disputa entre a França e Portugal.

Ratzel, através da teoria do Lebensraum, reconheceu que o Estado é dotado de uma ambição territorial, de um instinto expansionista que o impulsiona no sentido da satisfação de um apetite pelo espaço vital. O crescimento dos Estados baseia-se,como já dito, na concepção de que o Estado é um organismo vivo e que o “espaço é o poder” (Almeida, 1990, p. 108 apud Palma, [200-], p. 2). 

Os recursos naturais brasileiros eram considerados inesgotáveis, de modo que iniciaram uma extração predatória que resultou na diminuição da quantidade de árvores de pau Brasil. Segundo SIMONSEN (1978). 

Como os paus de tinturaria custavam muito caro em França e com eles ali se serviam não somente para dar aos panos magnífica cor purpúrea, mas também para a fabricação de móveis preciosos, cada navio francês que chegava ao Brasil procurava logo indagar onde poderia fazer provisão de madeiras. 

Os indígenas, estimulados pela procura de nossos negociantes, preparavam enormes depósitos de madeira, que amontoavam sobre a costa, somente como não sabiam poupar riquezas, abatiam essas arvores ao acaso. Muitas vezes, mesmo, a fim de evitar o trabalho de as cortar, punham fogo em sua parte inferior e o incêndio se propagava pelo resto da floresta. (Simonsen,1978, p.59) 

Nos primeiros anos do século XVI (1500-1532), cerca de 300 toneladas de pau Brasil foi exportado anualmente. Cem anos mais tarde, em 1618, o pau Brasil já não era encontrado com tanta facilidade, sem contar o risco que o negócio acarretava, que além do empate do capital e demora das vendas, havia os riscos do mar, naufrágios, pirataria, irregularidade de suprimentos. Etc. 

Outro fator que contribuiu com o declínio e prejuízos ao monopólio do pau Brasil por Portugal foi o progresso da indústria química que trouxeram novas maneiras de obtenção de corantes sintéticos e a substituição do pau-brasil por outras madeiras de cores e finalidades semelhantes. 

Corroborando com a ideia de que o valor de um recurso de um objeto natural depende da descoberta ou aplicação de sua utilidade de modo que à medida que o tempo corre, o padrão dos recursos do mundo muda, não pelo fato da distribuição básica da natureza se alterar, mas devido a mudanças naquilo que constitui o recurso. Essas mudanças de um modo geral têm sido atribuídas ao fato de existir mudanças naquilo que o homem necessita, bem como em fontes de suprimentos que afetam a importância dos recursos (Paterson, 1972, p.21). Foi o que aconteceu com o pau–brasil, que, devido à dificuldade de sua obtenção, deixou de ser o produto de grande importância para a economia brasileira, cedendo lugar a produção de açúcar. 

4 A Empresa do Açúcar 

Os primeiros povos a fazer uso do açúcar foram os indianos por volta de 327 a. C, quando conseguiram solidificar o xarope da cana-de-açúcar e transformá-lo em cristais granulados, semelhantes à areia grossa. Por isso, referiam-se ao açúcar como sharkara, que significa cascalho, em sânscrito, mas, desde 510 a.C. a cana de açúcar já era cultivada na Índia. Por volta de 327 a.C., a cana de açúcar foi levada pelo rei macedônico, Alexandre o Grande para Macedônia. Segundo Dufty (1996) 

Quando Niarchos, um almirante a serviço de Alexandre, o Grande, desceu o Indo para explorar as índias Orientais, no ano de 325 A.C, descreveu-o como um “tipo de mel” extraído de cana ou junco. Os soldados de Alexandre encontraram as populações nativas do Vale do Indo bebendo o suco fermentado da cana. Em outros relatórios gregos e romanos ele aparece frequentemente comparado aos gêneros básicos da época: mel e sal. (Dufty, 1996, p.26) 

No ano de 640 d.C., a cana de açúcar começa a ser cultivada no mediterrâneo, entrando na lista de preciosidades dos árabes que tiveram acesso ao açúcar indiano, aperfeiçoando a tecnologia e tornando o produto mais puro e branco, daí, passaram a usar o termo para o árabe, al-sukkar, que deu origem à palavra açúcar e, nos anos 700 d.C. começam a sua comercialização. No século 10, com as Cruzadas, os árabes espalharam o produto pelo Oriente Médio e pela Europa. Na Espanha essa cultura chega por volta dos anos 775 e em 1150 esse país desenvolve a indústria canavieira. 

Conhecida na Ásia desde duas centúrias antes da era cristã, a cana-de-açúcar da China, Java e Pérsia passou ao Egito depois do sétimo século e, por intermédio dos árabes e pelo norte da África, sucessivamente atingiu a Espanha, Provença e Sicília, tornando-se conhecida no sul europeu. Introduzida também na Síria e no Império Bizantino, outro fator de sua divulgação na Europa Medieval forneceram as Cruzadas. (Vianna, 1966, p.118) 

Por volta de 1418, D. Henrique, príncipe português, manda buscar na Sicília as primeiras mudas de cana-de-açúcar e estabelece o cultivo da cultura na Ilha da Madeira, que, a seguir, se expande para os Açores, Canárias e Cabo Verde, entre outras localidades. 

Não se conhece a data exata em que a cana de açúcar foi introduzida no Brasil pelos portugueses. Entre 1500 e o estabelecimento das capitanias hereditárias em 1533, os interesses econômicos da coroa e dos particulares estiveram voltados para extração e comercialização do pau –brasil, item de alto valor na Europa devido suas propriedades corantes.

Segundo SCHWARTZ (2005), em 1516 o órgão da administração colonial (Casa da Índia), ordenou a vinda de um técnico na manufatura de açúcar com a finalidade de fornecer todos os recursos necessários para a construção de um engenho no litoral do Nordeste. A Casa da Índia teve papel fundamental na chegada e no desenvolvimento dos canaviais e na construção dos engenhos, trazendo pessoal da Ilha da Madeira e escravos da Guiné. (BOLOGNINI, 2010). 

Segundo Furtado (2006) o êxito da primeira grande empresa colonial agrícola europeia no Brasil foi possível devido a experiência portuguesa na produção de açúcar em escala relativamente grande, nas ilhas do Atlântico, experiência que fomentou o desenvolvimento em Portugal da indústria de equipamentos para os engenhos açucareiros. Por trás de tudo estavam o desejo e o empenho do governo português de conservar a parte que lhe cabia das terras da América. (Furtado, 2006, p.36) 

No decorrer do século XVII, a empresa colonial agrícola do açúcar encontrava se estabelecida no Paraíba, Rio Grande do Norte, Maranhão e Pará. Essa civilização repousa no latifúndio, do ponto de vista da ocupação do solo, na escravidão, uma relação do poder em que o colonizador branco, domina o negro e o índio, impondo sua cultura e seu modo de vida, do ponto de vista da técnica de produção e na monocultura, do ponto de vista econômico. Sendo que as formas de trabalho que emergiam nas áreas coloniais, foram, de certo modo, predeterminadas pela lógica do desenvolvimento capitalista europeu, uma vez que 

Os primórdios da economia açucareira do Brasil foram tragicamente marcados pela história dos contatos entre os portugueses e indígenas ao longo da costa. A escravização dos índios e o uso da sua mão -de -obra no plantio e beneficiamento da cana revelaram-se etapa transitória no desenvolvimento da indústria açucareira, durante a qual se empregou uma força de trabalho relativamente barata e prontamente acessível até que a atividade encontrasse totalmente capitalizada.[...] Na Bahia os indígenas constituíram –se na principal fonte de braços durante quase um século, e mesmo após sua substituição por africanos, ainda podiam ser encontrado nos engenhos ou em suas proximidades, na condição de trabalhadores forçados, assalariados ou camponeses. (Schwartz, 2005, p.40) 

Em 1526 a alfândega de Lisboa receberia açúcar produzido na colônia brasileira. Antes de 1530, a indústria açucareira no Brasil tinha uma produção insignificante. 

A produção foi se estabelecer em bases sólidas entre 1530 e 1540, quando a expedição de Martin Afonso de Sousa, enviado para livrar o Brasil dos franceses e com fins colonizadores, trouxe mudas de cana, tendo entre os colonos, peritos em açúcar e outras pessoas com vasta experiência na atividade açucareira. Foi nesse período que o governo português instituiu o sistema de capitanias hereditárias, dividindo a costa brasileira em 15 parcelas, doando-as a 12 fidalgos portugueses para que as administrasse, com a condição de que colonizasse, povoasse e desenvolvesse atividade econômica nos territórios, no entanto, por motivos diversos, as capitanias prosperaram, as capitanias que vai de são Vicente(sul) até Pernambuco(norte). 

Mas a posse da terra doada em extensos latifúndios, às vezes com bolsas de línguas de extensão, não era tudo. Necessário derrubar era a mata, instalar os engenhos, as casas-grandes, as senzalas, plantar os canaviais com as lavouras de mantimentos. Para isso os sesmeiros necessitavam ter animais — bois e cavalos importados da Europa — e escravos. (Andrade, 1978, p. 68) 

Nas capitanias foram plantadas mudas de cana de açúcar trazidas da Madeira ou de São Tomé, construindo engenhos em Porto Seguro, Ilhéus e na Bahia (Schwartz, 2005, p.31). Nesse período também foram construídos engenhos em São Vicente e no Espírito Santo, mas foi a costa nordestina que em meados do século XVI se tornou o centro da atividade açucareira, tendo Pernambuco como a bem mais sucedida das capitanias. O donatário desta capitania, Duarte Coelho, instalou-se com a família e dirigiu pessoalmente o povoamento e desenvolvimento da colônia.

O primeiro engenho a entrar em operação na capitania de Pernambuco foi o Engenho Nossa Senhora da Ajuda, pertencente a Jerônimo de Albuquerque, cunhado de Duarte Coelho. O donatário dessa capitania construiu uma sólida base para a expansão constante da economia açucareira. Segundo SCHWARTZ (2005), em 1550 existiam cinco engenhos em operação e em 1580, Pernambuco possuía 66 engenhos e era a principal produtora de açúcar no Brasil. (2005, p.33) 

Durante as décadas de 1550 e 1560, a indústria açucareira no Nordeste entrou em uma fase rápida de expansão, acompanhada de crescimento semelhante número de trabalhadores cativos. SCHWARTZ (2005) 

Com a base da produção açucareira já estabelecida em meados do século XVI, a geografia econômica do Brasil começou a tomar forma. (SCHWARTZ, 2005, p.34). Em 1570, 60 engenhos estavam em operação no Nordeste (SCHWARTZ, 2005; Vianna, 1966; FERLINI, 1988) dos quais 50 estavam estabelecidos em Ilhéus (SCHWARTZ, 2005). Em 1572 a distribuição geográfica da produção açucareira na Bahia já assumira sua formação definitiva, como produtora de açúcar, ao lado da capitania de Pernambuco (SCHWARTZ, 2005). Em 1584 contava com 108 engenhos, dos quais 66 em Pernambuco (SCHWARTZ, 2005: MORAES, 2011) e 40 na Bahia (BASTILDE, 1978). 

Em 1612 as oito capitanias brasileiras, que constituíam o governo separado do Norte, já contavam com 179 engenhos, sendo que Pernambuco possuía 99, Bahia, 50; Paraíba, 12; Itamaracá, 10; Ilhéus, 05; Sergipe e Porto Seguro cada um com 01 engenho (Vianna, 1966, p. 126) 

O século XVI foi muito propício à empresa açucareira, que gozava de liberdade de produção, além de estímulo e proteção garantidos por disposições reais. Naquele século, o açúcar brasileiro era monopólio de Portugal no mercado europeu. A produção média por engenho era de 4000 arrobas/ano, totalizando aproximadamente 120.000 arrobas/ano. SCHWARTZ (2005) Não há notícias precisas sobre a multiplicação de engenhos e a expansão da produção de açúcar no século XVI. Sabe-se apenas que, entre 1584 e 1612, a produção cresceu a uma taxa anual de 1%. O crescimento da produção de açúcar nesse período deve-se, entre outros fatores, à expansão da lavoura para áreas mais afastadas da beira-mar, possibilitada pela melhoria do sistema de caminhos e estradas. Segundo Moraes (2011, p. 177) A quantidade de açúcar produzida no Brasil em 1570, dobra em 1590 e novamente em 1614, nivelando bem o processo de difusão dessa atividade. 

Nos cem anos decorridos entre 1670 e 1770, o recôncavo baiano produzia entre 350 e 500 mil arrobas (5 mil e 7300 toneladas) de açúcar. Superando as maiores produtoras de açúcar naquele momento, Barbados e Antilhas. SCHWARTZ (2005, p.89).

A Baía de Todos os Santos, grande braço natural do mar que adentra cerca de 40 quilômetros na costa, oferecia excelentes condições de transporte hidroviário para os engenhos e bom ancoradouro para os navios de transporte do açúcar para a Europa, o que favoreceu a capitania a tornar-se a segunda maior produtora de açúcar, com seus 36 engenhos em 1585 (Prado Jr, 1981, p. 39; Schwartz, 1988, p. 34). 

O Recôncavo conferiu a Salvador sua existência econômica e estimulou a colonização e o desenvolvimento do sertão. Falar da Bahia era falar do recôncavo, e este, sempre foi sinônimo de açúcar, engenhos e escravos.  

O engenho, denominado banguê, era uma unidade complexa, autossuficiente, que integrava a produção agrícola e manufatureira. Os colonizadores que estabeleceram as propriedades açucareiras e os engenhos banguês no Brasil consideravam-se a nobreza da Colônia, similarmente àquela de Portugal. Caracterizada pela posse de grandes extensões de terras e pelo controle de numerosos dependentes, formaram, ao final do século XVI, a classe dos senhores de engenho, na maior parte constituída por portugueses e por alguns espanhóis, florentinos e flamengos. (Rodrigues e Ross, 2020, p.42) 

A indústria açucareira, atividade econômica predominante na Bahia, definiu preocupações políticas e econômicas de seus administradores e cidadãos mais influentes, isso aconteceu devido vários fatores, entre eles, a grande quantidade de impostos, tarifas, limitações governamentais ao crescimento, bem como o preço dos escravos e restrições e condições comerciais. A condição do Estado e seu papel totalizador é fortíssimo nesse processo, segundo MÉSZÁROS (2002), o Estado ajusta as suas funções reguladoras em sintonia com a dinâmica variável do processo de reprodução socioeconômico, complementando politicamente e reforçando a dominação do capital. 

Segundo SCHWARTZ (2005), a economia açucareira determinou vários aspectos e relações sociais. A existência de agricultores de cana como categoria social, o relacionamento entre os senhores de engenhos e seus credores comerciantes, bem como o papel do Estado na promoção dos interesses dos produtores locais, foram definidas pela safra do açúcar, que variava por um período de oito a nove meses de intenso trabalho. 

No Brasil o cultivo da cana era bastante simples, mas ao mesmo tempo, penoso e demorado, pois, naquele período ainda se fazia uso de ferramentas rudimentares no processo de limpeza e aragem da terra, da monda e corte da cana. O arado não foi usado regularmente devido o tipo de solo. Sendo substituído por enxadas e picaretas. Essas ferramentas, o suor dos escravos, e o açoite produziam a cana para os engenhos baianos. (Schwartz, 2005, p.102) 

O tipo de solo existente era importante na produtividade e preparação dos canaviais. O solo preto, conhecido como massapê era o preferido pelos senhores de engenho no plantio da cana de açúcar devido sua fertilidade. Além do massapê, outros solos do Recôncavo também eram cultivados com cana de açúcar, como o salão (solo avermelhado), porém, esses não produziam tantas colheitas como o de massapê. (ANTONIL, 1997). O clima quente, com uma estação seca e outra chuvosa, dominante em sua Capitania, ao lado de um solo argiloso de massapê, favoreceu consideravelmente essa atividade agrícola (ANDRADE, 1979, p.66) 

Dessa forma, a produção açucareira das duas capitanias, Pernambuco e Bahia, concentravam 75% da produção açucareira da época (Schwartz, 1988, p. 34). Ao Sul, em Porto Seguro e Ilhéus, a hostilidade indígena, os solos arenosos e o relevo em forma de morros impediram o desenvolvimento da cultura canavieira. 

Depois de plantadas em covas, cerca de duas semanas apareciam os brotos e por volta de dois meses a cana atingia a altura de aproximadamente sessenta centímetros, ponto em que começava a parte mais trabalhosa do plantio, necessitando de pelo menos duas a três limpas para tirar as ervas daninhas. A cana recém-plantada necessitava de quatorze a dezoito meses para amadurecer e ser colhida para o fabrico do açúcar. Os escravos se encarregavam de fazer o corte e carregamento dos feixes de cana. Uma vez cortada, as canas produziam novos brotos que seriam colhidos a cada doze meses.

O senhor do engenho1 e os trabalhadores prestavam bastante atenção nas condições dos canaviais, principalmente a idade da planta, pois, isso implicaria no produto, o açúcar. A programação do engenho era um processo complexo de importância crucial para os proprietários do engenho e dos lavradores de cana que para lá transportavam seu produto para beneficiamento. Pois, a cana deixada demasiadamente no campo não fornecia um bom açúcar. 

O processo de plantio e beneficiamento da cana de açúcar era supervisionado e inspecionado pelo senhor do engenho na sua ausência, o feitor mor realizava essa função. Segundo SCHWARTZ (2005), desde os canaviais até o produto acabado, o fabrico do açúcar era um processo ou sistema de rotinas em que os insumos eram definidos por área, número e tempo. (p.105). Na Bahia, os senhores de engenho calculavam a produtividade da tarefa em número de carros ou barcos cheios de cana que ela podia produzir.2

Um carro podia transportar cerca de 150 feixes de cana, ou aproximadamente 1800 canas, e que 24 carradas equivaliam a uma tarefa (44200 canas) ou um dia de moagem com duração de dezoito a vinte horas (Schwartz, 2005, p.106), (ANTONIL, 1997, p.112) Lembrando que as moendas eram movidas por juntas de bois ou por meio da força da água (engenhos reais) ANTONIL (1997), a depender da localização do engenho. As moendas movidas por bois realizavam aproximadamente uma rotação por minuto, enquanto as movidas pela força hidráulica podiam executar de duas a quatro ou mais rotações nesse mesmo tempo. 

A duração da temporada da colheita no Brasil era parcialmente determinada pela capacidade de conduzir as canas e as caixas de açúcar. Por mais de três séculos o ciclo da safra marcou o ritmo da vida do recôncavo e nas outras regiões produtoras de açúcar, sendo a manufatura do açúcar considerada como atividade tradicional, porém, dispendiosa, que demandava consideráveis habilidades e recursos dos proprietários, administradores e trabalhadores. 

Segundo Andrade (1978) 

A proximidade do porto barateava o transporte não só do açúcar, como das máquinas e utensílios necessários ao engenho; os rios e os riachos, numerosos e pouco profundos, forneciam água para o consumo da população, irrigavam os canaviais de suas margens e, às vezes, moviam os engenhos; a mata fornecia a caça, nos primeiros tempos, quando o gado era ainda insuficiente, fornecia a lenha para a fornalha e a madeira para as construções e para a fabricação das caixas de açúcar. Assim, as condições naturais favoreceram o desenvolvimento de uma civilização eminentemente agrária como a que Duarte Coelho e seus sucessores fizeram em Pernambuco. (Andrade, 1978, p.67) 

No século XVI o açúcar tornou-se o principal produto de exportação brasileiro e não perdeu essa posição até meados do século XIX. Os magníficos resultados financeiros da colonização agrícola do Brasil abriram perspectivas atraentes à utilização econômica de novas terras. Segundo FURTADO (2006, p.78) Ao terminar o século XVI, a produção de açúcar muito provavelmente superava os 2 milhões de arrobas, sendo umas vinte vezes maiores que as cota da produção que o governo português havia estabelecido um século antes para as ilhas do Atlântico. 

O funcionamento da economia açucareira baiana esteve sempre relacionado ao mercado internacional e aos mutáveis padrões políticos e econômicos vigentes no mundo atlântico. Os comerciantes eram partes importantes da estrutura social baiana e pernambucana em fins do século XVI. 

Segundo WANDERLEY (1979), a economia açucareira implantada no Brasil constitui-se na fase de acumulação comercial do capitalismo europeu através da comercialização das mercadorias da produção colonial para o mercado europeu, numa lógica capitalista de subordinação ao processo de formação da propriedade privada da terra e a dominação econômica estabelecida pelos proprietários de terras. 

 4.1 A crise do açúcar 

O açúcar brasileiro dominou o comércio do produto entre 1600 e 1700, sendo considerado o mais importante artigo de escambo marítimo internacional, uma vez que naquele período não existia grandes transportes de cereais, combustíveis, artigos manufaturados e metalúrgicos, resumidamente, não haviam acontecido ainda a revolução industrial. 

Segundo SIMONSENS (1978), a devastação das matas com a cultura da cana, corte para lenha e fabrico de caixas foi por tal forma intensa que o governo português, para que não houvesse conflito entre os senhores de engenho, baixou a provisão de 3 de novembro de 1682, fixando em meia légua o afastamento mínimo entre as instalações. 

Outro fator importante foi a baixa dos preços do açúcar, que trouxe grande crise para a colônia portuguesa no fim do século XVII, causada pela política colonial das grandes nações europeias, traçada por Colbert na França e por Comwell, na Inglaterra, exatamente em meados do século XVII3 Segundo SIMONSENS (1978). 

A preferência colonial tomou tais perspectivas que Portugal se viu forçado a proibir a entrada no reino das sedas francesas, em represália à proibição da entrada do açúcar brasileiro em França. Coincidiram a baixa de preços e os óbices políticos oposto à exportação, com o início da mineração. Deu-se assim, o Êxodo de capitais e de escravos para as minas do Brasil central, agravando isso a crise da indústria que a política comercial dos povos europeus havia tornado inevitável. (Simosens,1978, p.118). 

A ocupação holandesa, também impactou a produção brasileira, pois procuraram apossar da parte mais rica do Brasil, ocupando cinco capitanias entre os anos de 1630 a 1650(Pernambuco, Itamaracá, Paraíba, Sergipe e Rio Grande do Norte), grandes produtoras de açúcar. 

Os Holandeses destruíram fazendas e engenhos e travaram lutas constantes com os antigos donos da terra. Os prejuízos infligidos à coroa portuguesa e espanhola foram enormes. Segundo SIMONSENS (1978),

só em 1623 e 1636 foram tomados ou incendiados 547 barcos espanhóis e portugueses, que, com as cargas que conduziam, e mais prejuízos causados, elevaram a mais de 100.000.000 de florins as perdas dos ibéricos, ou seja, cerca de E 9.000.000 nesses 13 anos: acima de dois milhões de contos de réis em poder aquisitivo de hoje. (Simosens,1978, p.120). 

A presença holandesa na luta pelo controle do produto na região nordestina do Brasil repercute profundamente na economia brasileira. Durante a permanência no Brasil, os holandeses aproveitaram para adquirir conhecimento acerca de todos os aspectos técnicos e organizacionais da indústria açucareira, sendo usados mais tarde para implantação e desenvolvimento de uma indústria concorrente, de grande escala, na região do Caribenha, fazendo com que o monopólio português fosse destruído, contribuindo para a diminuição do preço do açúcar.

Por conta disso, a empresa colonial açucareira portuguesa foi ultrapassada perdendo espaço no comercio exterior. Segundo Furtado (2006, p.44), tudo indica que a renda gerada pela produção açucareira portuguesa estava reduzida a um quarto do que havia sido produzido em sua melhor época. 

5. A pecuária no Nordeste 

Os portugueses quando chegaram na terra recém-descoberta por Pedro Alvares Cabral, perceberam a inexistência de animais domésticos de grande porte, como bois e cavalos. Segundo Goulart (1975), pois enquanto aqui permaneceram os da frota, por mais que apurassem os ouvidos não conseguiram distinguir um mugido, um relincho, sequer um cacarejo, um balido. E o piloto Anónimo anotara não ter passado sob seus olhos qualquer espécie de quadrúpede. 

No Brasil o boi instalou-se inicialmente à beira-mar, nos três principais núcleos povoadores da colónia, ao pé dos engenhos, das casas de farinha, comendo ôlho de cana e pisoteando mandiocais, gerando conflitos, às vêzes até sangrentos, entre plantadores e criadores. Só anos depois, partindo da Bahia, de Pernambuco e de S. Vicente, é que aquêle animal se expandiu por todo o Brasil, levando nesse movimento, até acomodar-se, pelo menos dois séculos: o X V II e o X V III. (Goulart,1975, p.17) 

A civilização do sertão não foi marcada pelo negro. A criação de gado não necessitava de mão de obra abundante. O escravo quando existia, era o escravo doméstico que cultivava a roça ou cozinhava. O índio, em compensação, marcou com seu sangue os mores e os costumes. Uniu -se ao branco e deu a raça mestiça de vaqueiros e domadores do espaço. (Bastilde,1978, p.87) Tanto o ciclo do pau-brasil quanto o do açúcar tiveram por cenário apenas o litoral do Leste e Nordeste brasileiros, sem que de modo sensível penetrassem no vago e misterioso Sertão, ainda ocupado por tribos selvagens.

A visão do sertão, porém, não está como a do litoral, fechada pela floresta, pelos canaviais; ela se estende até o infinito. (Bastilde, 1978, p.86) forças naturais como elementos determinantes no processo de organização espacial e territorial. Determinava essa situação o desinteresse econômico por qualquer tentativa de fixação de povoadores em regiões mais afastadas do mar. (Vianna, 1966, p.05)

Por outro lado, a civilização do sertão é a continuação ou a consequência da civilização da cana. O engenho necessitava de bois para alimentação do pessoal, para o transporte das canas cortadas ou das caixas de açúcar, para pôr em movimento a mó (Bastilde, 1978, p.88) civilizações que se complementam, embora antagônicas; estreitamente ajustadas uma à outra, embora, opostas. Segundo Vianna 1966: 

Adotada, pelo colono europeu, a farinha de mandioca, principal comida indígena, notável enriquecimento lhe foi proporcionado pela carne. Misturadas, surgiu a paçoca, ainda hoje alimento de muitos vaqueiros do Sertão. A carne-do-ceará ou carne-do-sertão, a carne-devento ou carne-de-sol, o charque sulino e o jabá amazônico - designações que· indicam procedências ou variantes na preparação destinada à conserva - tornaram-se alimentos comuns às populações do interior, conquanto nunca exclusivos, atendendo-se à tradição portuguêsa de certa preferência pelos vegetais. Apenas no Extremo-Sul, a carne quase crua dos churrascos formou exceção quanto à maior quantidade, que chega a uma quase exclusividade, tornando desnecessária a preservação. . (Vianna,1966, p.13) 

Em se tratando do espaço vital, o homem da caatinga nada tem diante de si, a não ser de um céu imenso implacavelmente azul, estendendo-se sobre seu chapéu de couro. Aos seus pés grande extensão de areia, de espinhos através do qual erra o gado em rebanhos. (Bastilde, 1978, p.87) 

O poder do Estado tem como elementos primordiais, além da posição geográfica, os recursos do território (tanto os recursos naturais, quanto os socioeconômicos, inclusive a própria população). Desde os primeiros tempos da colonização o boi classificou-se como elemento de suma valia na produção e nos transportes em nosso país. Ainda hoje, por esses brasis de dentro, apesar das maquinarias modernas, dos veículos automóveis, aquele animal ainda presta inestimáveis serviços, notadamente na segunda daquelas províncias.

O boi acompanhou o homem na penetração dos sertões nordestinos, na invasão de desconhecidas áreas da misteriosa Amazônia, nas disputas das ferazes campinas das planícies sulinas, na incógnita das regiões bravias do centro e do extremo oeste. No Nordeste, expulso das proximidades da marinha pela expansão dos canaviais, o boi levou o homem a interiorizar-se; e êste, à medida que descobria novas terras, que delas expulsava o primitivo habitante, ía-lhes requerendo a posse e enchendo-as de gado. (Goulart,1975, p.67) 

Antes da era da máquina o gado bovino, cavalar e muar, além de produto básico de alimentação, servia como agente motor e meio de transporte. O rebanho compreende vacas leiteiras, menos robustas, que são guardadas perto da casa, num cercado e os bois e touros mais resistentes, que no momento da seca são abandonados ao deus dará para procurarem seus alimentos.

No Nordeste o ritmo da vida está ligado às estações de seca e de chuva. Segundo BASTILDE,1997 

Os currais desta parte hão de passar de oitocentos, e de todos os estes vão boiadas para o Recife e Olinda e suas vilas e para o fornecimento das fábricas dos engenhos, desde o rio de São Francisco até o rio Grande, tirando os que acima estão nomeados, desde o Piauí até a barra de Iguaçu, e de Parnaguá e rio Preto, porque as boiadas destes rios vão quase todas para a Bahia, por lhes ficar melhor caminho pelas Jacobinas, por onde passam e descansam. Assim como aí também param e descansam as que à vezes vêm de mais longe. Mas, quando nos caminhos se acham pastos, porque não faltaram as chuvas, em menos de três meses chegam as boiadas à Bahia, que vêm dos currais mais distantes. Porém, se por causa da seca forem obrigados a parar com o gado nas Jacobinas, aí o vendem os que o levam e aí descansa seis, sete e oito meses, até poder ir à cidade. (Bastilde,1997, p.199) 

O gado foi introduzido na capitania da Bahia em 1534, por D. Ana Pimentel, esposa e procuradora de Martin Afonso de Sousa. Tomé de Sousa introduziu muito gado na Bahia, usando para tal serviço uma caravela que ia buscá-lo na capitania de São Vicente, ao sul. Segundo SIMOSENS (1978, p. 151), foi a zona do açúcar, porém, que deu origem a primeira fase da grande criação de gado. Isso devido a indústria do açúcar ser importante consumidora de gado, uma vez que os trapiches e engenhos eram movidos por bois, bem como as carretas para lenha e para o açúcar exigiam número considerável de cabeças, em porção, similar a quantidade de escravos. Outro fator importante era o consumo da carne por aqueles que se dedicavam ao intenso trabalho dos engenhos. Junto aos engenhos havia currais que abrigavam cabeças que seriam utilizadas no fornecimento de carne e de força de trabalho. 

Nas antigas fábricas de açúcar, era boi para movimentar o engenho; para carregar cana; transportar lenha; recolher bagaço; conduzir açúcar; levar materiais de construção e, ainda, proporcionar alegres passeios ao povo da casa-grande, facilitando-lhe a presença em batizados, casamentos, aniversários e festas de igreja. Aí não está tudo: era ainda boi para fornecer carne para o sustento e couro para vários misteres, era a vaca, além do couro e da carne, também dando o leite para a feitura de queijos e para a engorda de gentes e de porcos. (Goulart,1975, p.67) 

Com o passar do tempo os currais foram levados para o sertão, considerado uma terra mais pobre e que não poderiam ser aproveitadas para a plantação, sendo que o número de engenho cresceu bastante e o plantio de cana, também, e, devido a falta de arame, as plantações ficavam expostas aos animais. Os currais foram, então, penetrando e ocupando o interior da Bahia, começando pelo sertão. 

À medida que se multiplicava o gado e progredia a lavoura, tornava-se difícil a convivência de ambos, devido os estragos que a gadaria ocasionava às plantações. Por outro lado, com o desenvolvimento da indústria açucareira, consubstanciada na proliferação de engenhos, acentuava-se a necessidade de vastas glebas para o espraiamento da cana. Amiudaram-se as desavenças a ponto de tornar-se inadiável uma intervenção da Corôa; e esta assim o fêz, determinando, por carta régia datada , de 1701, o afastamento do gado num mínimo de dez léguas das imediações dos plantios. (Goulart,1975, p.17) 

O trabalho das fazendas de gado era mais suave e mais adaptável dos moradores do que em rude labor dos engenhos. A aliança com diversas tribos locais também foi de grande importância para penetração do gado ao interior sertanejo. No entanto, não foi impedimento de vários conflitos, expulsão e extermínio dos indígenas hostis. Em 1589, Cristóvão de Barros ocupou a costa até o São Francisco e deste, ao Paraíba setenta léguas. (Simonsen, 1978, p.152) 

De Pernambuco e da Paraíba foi que saiu o gado povoador do Rio Grande do Norte. A colonização do Estado potiguar iniciou-se pelo litoral, por volta de 1614 e só em 1654, no govêrno de Antônio Vaz Gondim, é que começou a penetração “com pequenas boiadas estirando-se o tênue listrão, das roçarias.” Mas enquanto uma corrente subindo do sul atinge o Açú e a ribeira do Upanema, desce outra do Norte, do Jaguaribe, apossando-se dos planos mossoroenses e da chapada do Apodí. A despeito da resistência indígena, alastra-se o criatório naquela região; e prolifera de tal sorte o gado que, em 1663, o rebanho norte-rio-grandense algarismava 22.000 cabeças. (Goulart,1975, p.25) 

As populações que se ocupavam da atividade criatória eram evidentemente muito escassas. Os currais variavam de 200 a mil cabeças, e havia fazendas de 20 mil cabeças de gado, de modo que existisse um vaqueiro para 250 cabeças. A população que vivia da criação nordestina não seria superior a 13 mil pessoas, supondo-se 650 mil cabeças de gado. (Furtado, 2006, p.97-98)

A maior significação, porém, do ciclo do gado, é a que lhe advém da circunstância de ter proporcionado a ligação geográfica dos movimentos de expansão partidos da Bahia e de São Vicente, de Pernambuco e do Maranhão. Unidos, no Norte de Minas, no primeiro caso, no interior do Piauí ou do Ceará, no segundo, por intermédio dos passadores de gado processou-se a verdadeira união terrestre do Sul, Centro e Nordeste. (Vianna,1966, p.07) 

Ao contrário da economia açucareira, no início a criação de gado representava um mercado de ínfimas dimensões, ligada a subsistência da população, com o passar dos anos, o gado veio a ganhar espaço na economia brasileira, de modo que a criação de gado continuou em grande expansão no território.

Considerações finais 

O que se pode observar é que a ocupação e colonização do Brasil só foi possível devido à montagem de uma atividade econômica que compensasse os enormes riscos e custos desta ocupação. Momento em que o mercado consumidor europeu estava em franca expansão o cultivo da cana e o fabrico do açúcar proporcionou a motivação necessária para o surgimento de uma sociedade que ficou conhecida com a denominação de “civilização do açúcar”. 

As condições de luz e solo, aliadas à distância mais curta da Europa e ao regime favorável de ventos, fundamental para a navegação, favoreceram o surgimento de outro centro açucareiro, ponto de encontro de diversos grupos mercantis. A formação de vilas e cidades, a defesa do território, a repartição de terras, o trato com os indígenas, as relações entre as várias categorias sociais, enfim, todas as instâncias da vida colonial delinearam-se a partir do açúcar. 

A atividade exploratória do pau-brasil também contribuiu para a colonização e expansão comercial marítima brasileira. Foi o pau-brasil o primeiro produto de exportação a ser comercializado. Não se esquecendo da importância de outro produto, só que esse, era comercializado dentro dos domínios brasileiros, a carne bovina. 

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