Acadêmica: Kelley Cristiny Pereira Pires

Tutora externa: Kelly Ferreira Pires

Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Segunda Licenciatura em Pedagogia (FLEX 1690) – Prática Interdisciplinar I (FSM03)

07 / 12 / 2020


RESUMO

Este estudo tem como objetivo ampliar os conhecimentos acerca das condições em que o ensino de Ciências no Ensino Fundamental está sendo realizado na educação básica durante o período de pandemia de Covid-19. Esta temática é uma ferramenta de fundamental importância, que se pauta na necessidade de diagnosticar quais as dificuldades que os professores estão enfrentando com relação às metodologias de ensino remoto de Ciências durante a pandemia, observando sistematicamente a utilização das TIC’s. É preocupante tanto para os professores quanto aos alunos, pois nem todos tem acesso ou tem algum domínio com essas tecnologias, o que compromete o ensino-aprendizagemA pesquisa pautou-se em estudos de referenciais teóricos e foi desenvolvida a partir de pesquisa em forma e dentre outros que abordam o tema mencionado. 

Palavras-chave: Ensino de Ciências, metodologias, TIC’s, ensino remoto, pandemia.


1. INTRODUÇÃO

O ensino de Ciências na educação básica deve ser um trabalho conjunto, em que ocorram relações constantes de trocas de conhecimentos, opiniões, valores entre professores, alunos e conteúdos curriculares abordados. Dessa forma, o ensino de Ciências deve contribuir para o desenvolvimento do aluno em todos os âmbitos de sua vida e de sua realidade seja na escola, meio ambiente ou sociedade (SOUZA, 2012).

Neste período de distanciamento social e de suspensão das aulas ou antecipação de férias, as medidas foram adotadas para conter a pandemia do novo Coronavírus ou Covid-19. O grupo de funcionários das unidades escolares junto às secretarias de educação, além dos professores, estudantes e suas famílias têm buscado alternativas para dar continuidade aos processos de ensino e aprendizagem.

Com a evolução da Ciência e Tecnologia Contemporâneas, brotam inúmeros desafios, entre eles, podem-se mencionar os relacionados ao modelo construtivista de se ensinar e aprender, por meio do qual, os docentes são os mais “comprometidos”, na adaptação ou superação de sua prática pedagógica a partir deste processo. Assim, as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s) surgem como um mecanismo essencial para as transformações vivenciadas pela sociedade,

contribuindo na introdução de novos meios de produção e por seus reflexos no cotidiano dos indivíduos sociais. As TIC’s influenciam, diretamente, na aprendizagem dos sujeitos, no desenvolvimento individual e coletivo (BRASIL, 2001).

Para isso, muitos têm feito da internet uma aliada para adaptar as experiências pedagógicas realizadas presencialmente a ambientes virtuais, construindo maneiras interessantes, criativas e significativas de manter a interação com as turmas e estimular a participação e o interesse de todos nas atividades.

A mediação das tecnologias, especialmente as digitais, no processo de ensino aprendizagem da educação básica, sempre se constituiu em um grande desafio a ser vencido. Desafio, por que o cenário escolar apresenta dificuldades como: o acesso e interação a esses artefatos culturais e tecnológicos por parte dos estudantes e as vezes, até dos professores; infraestrutura das escolas que não fornece o mínimo necessário para realizar atividades que necessitam das plataformas digitais, inclusive sem conexão com a internet; formação precária dos professores para pensarem e planejarem suas práticas com essa mediação, evidenciando muitas vezes uma perspectiva instrumental da relação com as tecnologias (PRETTO, 1996; ALVES, 2016).

No ensino remoto de Ciências se torna mais atrativo quando o professor interage com os alunos pelas redes sociais e/ou por videoconferência, propondo atividades incentivando-os à investigação. A interação do aluno com o professor durante as atividades é extremamente importante para o processo de ensino e aprendizagem, pois quando os professores procuram discutir as ideias do aluno, ele se sente mais atraído a resolver as questões propostas, além de desenvolver o seu poder de argumentação e domínio no uso das tecnologias. Para que as atividades sejam realizadas de forma on-line, é necessário que o professor tenha bastante conhecimento sobre os assuntos abordados e o domínio das TIC’s para desenvolver diferentes formas de lidar com os problemas que surgirão conforme a investigação. Para isso é necessário responder à pergunta: Quais são as condições em que o ensino de ciências está sendo realizado na educação básica durante o período de pandemia? O objetivo geral desse estudo é o de identificar quais são as condições que o ensino de Ciências está sendo realizado na educação básica durante o período de pandemia; e os objetivos específicos são: 1) identificar as metodologias que estão sendo adotadas pelos professores de Ciências no ensino remoto e 2verificar as principais dificuldades encontradas pelos professores de Ciências no ensino remoto.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. O Ensino de Ciências 

O Ensino de Ciências do ensino fundamental tem sido tema de debates na vida acadêmica. Oferecer aos alunos uma educação científica de qualidade é ponto chave para o desenvolvimento científico e tecnológico de uma nação e, por consequência formar alunos com capacidade de realização de uma leitura mais crítica acerca de um determinado assunto, facilitando a tomada de decisões da vida cotidiana. 

Atualmente, para grande parte das atividades que são propostas a realizar no cotidiano, direta ou indiretamente, estão utilizando algum conhecimento científico. Entretanto, uma parcela significativa da população que usa estas ferramentas vindas destas tecnologias não faz ideia de como ela foi criada ou foi descoberta, ou até mesmo desconhece o mecanismo que faz com que determinado aparelho, que usa essas tecnologias do conhecimento científico, funcione. Aliás, muitos possuem a ideia que esse tipo de conhecimento é para poucos e que somente pessoas portadoras de certas habilidades podem ter acesso a essas informações. Este é um mito que precisa ser desconstruído no contexto do Ensino de Ciências.

Por isso, nos últimos anos têm se intensificado, no Brasil, a consciência do pouco que as pessoas em geral conhecem sobre ciência e tecnologia (KRASILSHICK; MARANDINO, 2007). Caminhos diversos têm sido construídos por setores formadores da sociedade no intuito de oferecer para as pessoas um maior acesso aos conhecimentos científicos, pois, no cotidiano, esses assuntos estão muito presentes (SANTOS; MORTIMER, 2002).

Se o professor não tiver familiaridade e interesse pela área de Ciências, e não souber motivar e estimular seus alunos, ele não tem como desenvolver um ensino de qualidade. De acordo com Beatty (2005), eis o que faz um professor ter sucesso na educação em Ciências: criar um espaço em que o aluno se sinta à vontade para debater, expor suas ideias, ter seus conhecimentos prévios valorizados, ao mesmo tempo em que tenta apresentar sequências de atividades que levem o aluno a pensar em soluções para situações que ainda não conheça e que possibilitem o aluno a discutir e a escrever seus resultados.

Para poder desempenhar bem estas funções, entende-se que o professor precisa conhecer bem o conteúdo dos temas científicos que está ensinando, e ter a formação pedagógica requerida para este tipo de trabalho com os alunos, que é diferente das formas de ensino mais convencional. Nos anos iniciais do ensino fundamental o professor é responsável por todas as matérias, e sua formação em Ciências tende a ser muito limitada. Aliás, os temas dessa disciplina são trabalhados, na maior parte dos casos, de forma superficial, muitas vezes errônea ou como atividades lúdicas sem conteúdos científicos.

Segundo Teixeira (2003), quando se refere à educação científica percebe-se que 

geralmente o trabalho com essas temáticas é muito fragmentado, em que o excesso do conteúdo é o ponto chave do processo, além da exigência exagerada de memorização de nomes científicos e da escassez de trabalho interdisciplinares. Concorda-se com Marandino (2003) quando lembra que as práticas pedagógicas no Ensino de Ciências ainda estão atreladas a processos tradicionais, com pouco envolvimento do aluno nas atividades e isso passa por formações inadequadas do professor ou problemas estruturais da escola.

Por sua vez, Selles et al. (2011), afirmam que 

a aprendizagem dos conteúdos científicos está focada em uma ciência sem criticidade, em que ocorre um simples repasse conteudista. Portanto, vários são os desafios para a educação científica. Entrelaçar sociedade, ciência, tecnologia e ambiente no intuito de formar um cidadão para uma atuação mais crítica na sociedade é um dos pontos cruciais. Portanto, o professor precisa estar conectado às questões da realidade do aluno, fazendo com que as questões do currículo oculto possam ser expostas e lidadas em sala de aula. Para isso, nas atividades escolares podem ser incorporadas no cotidiano do professor por um lado temas controversos como tabus, mitos e preconceitos, e por outro lado, estratégias didáticas diversas, como: abordagens temáticas, sequências didáticas, práticas experimentais, abordagens lúdicas, utilização dos espaços não formais de educação, trabalhar com a resolução de problemas, pedagogia de projetos (aguçar o espírito investigativo e de pesquisa), ciência e arte, utilização das novas tecnologias da informação e comunicação (facilitar o exercício da cidadania e aproximar o cidadão da informação), entre outros. Os cursos de formação inicial e continuada dos professores que pretendem atuar nos anos iniciais do ensino fundamental precisam estar conectados com essa realidade. 

Também a utilização dos espaços não formais como museus e feiras é importante, já que o currículo escolar não deve ser apenas proposto e realizado dentro do espaço escolar, mas elaborado também com o intuito de abranger locais onde os alunos possam ter uma reflexão ampla do conhecimento de Biologia, de Ciências no geral (VIEIRA et al. 2020). Nesse caso, durante a pandemia, só se aplica se for utilizada espaços não formais virtuais. Por fim, a escola precisa, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), estar atenta para que as concepções dos alunos e o conhecimento científico sejam valorizados dentro de uma proposta curricular efetiva, conhecer o que se vai ensinar, como selecionar os conteúdos, os recursos utilizados e as propostas pedagógicas devem permear o planejamento docente. 

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