O TEMPO, RELÓGIO DO HOMEM

" O Senhor conhece os dias dos íntegros; a herança deles permanecerá para sempre". (Salmos 37:18)

I – INTRODUÇÃO

A malícia e a impiedade estão mais presentes nos nossos dias. Manchetes estampam notícias falando de crimes bárbaros, atentados terroristas e da violência dentro da própria família.

A ciência tenta explicar e ditar normas de comportamento para o homem, que está suscetível de atitudes tão violentas quanto inimagináveis, com requintes de crueldades, como aconteceu na perseguição aos Judeus, por Adolfo Ritler. Nações se unem em busca de paz, mas esta paz não condiz com as atitudes da maioria dos homens do Planeta Terra, que se empenham em desenvolver uma tecnologia armamentista, a fim de fabricarem armas de grande precisão e alcance.

II – O QUE NOS FALA O EVANGELHO

A Bíblia nos fala que fomos criados à imagem e semelhança de Deus (Gêneses 1:26). Há mais de dois mil anos, Deus manda o seu único filho, Jesus Cristo para a terra, com a missão precípua de salvar o homem das garras do mal. O Evangelho encerra normas de amor ao próximo, que nos ensinam formas de agir e que sejam dignas de um ser humano, imprescindíveis às vidas daqueles que crêem que Deus existe e que é o único criador de todas as coisas.

No Livro de Isaias 45:5-7 está dito: "Eu sou o Senhor, e não há outro; além de mim não há Deus; eu te cingirei, ainda que não me conheces. Para que saiba, até o nascente do sol e até ao poente, que além de mim não há outro; eu sou o Senhor, e não há outro. Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu o Senhor, faço todas estas cousas". Portanto, o homem tem o livre arbítrio e Deus respeita isso, podendo seguir o caminho do bem ou do mal.

As religiões surgiram desde os tempos remotos, umas para cultuar o Deus vivo, outras aos mortos, existindo até aquelas que são devotas de demônios, as quais  exigem do homem ofertas, sacrifícios humanos e derramamento de sangue. Jesus veio mudar esta realidade, nos ensinando que o "mandamento de Deus se resume em amarmos ao nosso Deus e ao próximo como a nós mesmos".

É comum ouvirmos dizer que "todos os caminhos nos levam a Deus", no sentido que tudo está bem, que Deus está com o ladrão, o estuprador, o mentiroso, o enganador, o traidor, etc. A palavra de Deus nos afirma, justamente ao contrário, dizendo que "aquele que ama a disciplina, ama o conhecimento, mas o que aborrece a repreensão é estúpido (Provérbios 12:1 e 2). O homem de bem alcança o favor do Senhor mas o homem de perversos desígnios, ele o condena".Ver I Corintios 6:7 ao 10.

O salmista Davi nos alerta para "não ficarmos indignados com os malfeitores, nem sentirmos inveja daqueles que praticam a iniqüidade, pois eles dentro em breve definharão como a relva e murcharão como a erva verde (Salmos 37:1-3)".

Jesus não esquece aquele que procura seguir o Evangelho. Nós podemos até conviver em meio de pessoas desonestas, injustas e cruéis e não nos contaminarmos  com elas. A palavra de Deus é um sustentáculo para aqueles que a guardam. Por outro lado, podemos interceder por aqueles que se deixam dominar por forças do mal, porque assim o Senhor determinou: "Eu te constitui para luz dos gentios, a fim de que sejas para a salvação até aos confins da terra" (Atos 13:47).

A palavra de Deus nos dá tanta paz, que Pedro nos diz para "sermos sóbrios e vigilantes". Pedro nos ensina esta forma de procedimento porque ele tinha conhecimento das manobras e enganos do diabo. Paulo também nos adverte que nem tudo que nos é lícito deve se praticar (I Coríntios 10:23), vez que o Evangelho não se aplica à nossa vida como letra de uma Lei coercitiva, mas como normas adequadas a um viver saudável. A Lei do Senhor se resume a prática da justiça e do amor entre os homens.

Os judeus pecaram muito diante de Deus porque procediam conforme a Lei e os costumes de Israel (Romanos 7:6). Eram povos duros de coração, injustos na aplicação das penas, vez que praticavam a soberba, achando-se puros. O próprio Jesus foi rejeitado e perseguido por este povo e severamente castigado por agir dentro da justiça de Deus. As suas parábolas (Jesus) mostram claramente que aquele povo praticava a soberba, a exemplo de um fariseu que orava em voz alta, numa sinagoga. A sua oração exaltava a si mesmo, dando graças a Deus por não ser como os demais homens roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como o publicado que ali se encontrava ao seu lado. Por sua vez, o publicano se quer erguia os olhos para os céus, porque se reconhecia pecador diante do Pai. Jesus justificou a este pela sua humildade e temor a Deus, quando ali orando reconhecia ser frágil e pecador.

O nosso papel de evangelistas (Efésios 4:11) é pregar o ensinamento, sendo luz em meio das trevas (Mateus 5:14). Nós não podemos nem devemos julgar os outros (Mateus 7:1), porque Jesus é o nosso juiz e um dia cada um dará conta a Deus de suas obras aqui na terra.

Muitos crentes e pastores fazem acepção de pessoas por se acharem corretos, tais quais aqueles que quiseram apedrejar Maria Madalena ou o fariseu que se julgava santo pelo fato de jejuar duas vezes por semana e dar o dízimo.

Jesus foi o único homem que não pecou durante a sua existência. E mesmo quando indagado por um homem de posição, acerca do que fazer para se herdar a vida eterna, respondeu: por que me chamas "bom"? Ninguém é bom senão um que é Deus (Lucas 18:18 ao 30).

A Bíblia nos diz que Jesus não veio revogar a Lei, mas cumpri-la. Paulo nos adverte para sermos perfeitos em tudo, porque o Senhor era santo e nós temos que chegar a estatura de varão perfeito.

Diante de tantas informações Bíblicas, conjugadas com doutrinas e teologias humanas, como devemos proceder para ganhar a vida eterna ?

Creio que o nosso entendimento deverá estar calcado, justamente, naquela resposta que Jesus deu ao jovem rico. O Senhor perguntou aquele jovem se conhecia os mandamentos de Deus (Êxodo 20:1-17) e este falou que sim, que conhecia a Lei desde a juventude. Então Jesus lhe disse: "uma coisa ainda te falta: vende tudo que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro nos céus; depois vem e segue-me" (Lucas 18:18-23).

Diante de tudo aquilo que nos foi ensinado por Jesus, creio que os Pastores estão na contra mão do Evangelho ao direcionar o Ministério Pastoral para se buscar as riquezas.

As Igrejas Evangélicas mais conhecidas no mundo têm os seus ministérios voltados para a "teoria da prosperidade", onde a palavra de Deus é distorcida para se buscar riquezas e poder (II Coríntios 4:1 a 6 e Mateus 7:21 ao 23).

Os lideres dessas doutrinas treinam adeptos (ovelhas), assim como procedem às seitas religiosas, de forma que estas pessoas crêem em tudo aquilo que lhes são divulgado, impelidos a repetir as heresias e assim vai se cauterizando na mente do homem que Deus é rico, que deixou riquezas para o homem, que importa pedir para receber, perdendo-se estes do verdadeiro caminho de salvação (Atos 20:28 a 38 e Judas 11 e 12).

Jesus foi enfático ao dizer aquele jovem rico que para segui-lo teria que se desfazer das riquezas, porque a palavra de Deus é clara ao dizer que "ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis amar a Deus e às riquezas" (Mateus 6:24).

Também nos foi dito por Jesus que "A obra de Deus é esta: que creiais naquele que por Ele foi enviado" (João 6:29).

Hoje, muitos se dizem chamados por Jesus. Contudo, não é difícil distinguir quem foi chamado. O Senhor nos falou: "Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida" (João 8:12).

Alguém lembra a única passagem em que Jesus ficou muito bravo ? Foi justamente quando os mercadores faziam comércio na Igreja, dita pelo Senhor "ser uma casa de oração".

Irmãos, cada dia se apresenta mais vergonhosa a divulgação de nossas Igrejas nos canais de televisão. A gritaria, a indução de interpretação forçada da palavra; a inserção de novas doutrinas; a utilização de objetos com o significado de uma simbologia, capaz de trazer riquezas, curas e libertação a uma pessoa; o desperdício de tempo na amostragem de músicas de todos os ritmos, balés, peças teatrais e por aí vai ( I Coríntios 4: 1 a 8).

Será que o bom senso desapareceu da mente dos Pastores ? Será que todos pensam que as ovelhas aceitam estes rituais sem falar com Deus ? Ou teriam todas desistido de viver o Evangelho ?

Jesus certa vez respondeu aos judeus: "se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos" (João 8:31).

O papel do Pastor é fortalecer a alma dos discípulos, exortando-os a permanecer firmes na fé e mostrando que através das tribulações, nos importa entrar no Reino de Deus. Isso nos foi dito por Paulo, no livro de Atos 14:22.

Deus não faz acepção de pessoas, tendo já escolhido, desde a eternidade, aqueles que um dia reinarão com Jesus. Portanto, estarão com Ele ricos e pobres, condição esta existente aqui e agora na terra. Jesus nos deixou dito que não deveríamos perder tempo na busca de riquezas mas priorizar o Reino de Deus e a sua Justiça, fazendo ainda a promessa que tudo aquilo que desejássemos teríamos além do que pedíssemos.

III – CONCLUSÃO

O nosso viver tem que estar direcionado para o amanhã. O tempo determinado por Deus para aqui estarmos tem que ser produtivo, rico em amor ao próximo, nos limpando a cada dia dos maus pensamentos e de atitudes egocêntricas.

O trabalho deve ser encarado como um meio de manutenção do nosso sustento e não como meta principal, deixando para trás a família, o auxílio ao próximo e o dever para com Cristo.

Jesus nos deixou dito para pregar o Evangelho e Paulo nos ensinou que este deve ser pregado a tempo e fora de tempo.

O papel do Espírito Santo é nos conduzir nesta jornada, discernindo em nós todas as coisas. Isso significa dizer que temos que guardar a palavra de Deus no nosso coração para não pecarmos diante de Deus e as nossas atitudes deverão estar em consonância com as normas divinas.

Quanto mais conhecimentos tivermos, maiores responsabilidades teremos diante do Pai. A sua palavra nos diz que "a quem muito é dado, muito lhe será requerido". Portanto, temos que orar mais ao Senhor, pedindo-lhe sabedoria para este tempo, vez que muitos se dizem chamados e pregam a palavra de forma errada (Efésios 4:14 e 15).

Os frutos advindos do nosso trabalho são bênçãos que o Senhor nos acresce, podendo esses dar mais frutos se utilizados adequadamente, sem se esbamjar.

Deus nos falou por meio de seus profetas que o tempo nos daria a saber os sinais que antecederiam a vinda de Jesus. Fomes, guerras e revoltas na natureza; surgimento dos falsos profetas e suas doutrinas (I João 4:1-6).

Jesus vive em nós, aqueles que se deixaram lavar pelo sangue do cordeiro; os que aceitaram de coração ser transformados, renascidos numa convicção de que somente há um caminho para a eternidade, que é seguir a Jesus.

O homem é carnal porque assim nos fez Deus Criador. Todavia, o nosso Espírito faz parte do Espírito de Deus, por meio do sacrifício de Cristo. O Espírito Santo nos conduz de forma diferenciada daquela que é inerente ao homem natural. A luz do Senhor brilha nos olhos daqueles que lhe é temente e a sua paz está contida nos nossos corações.

Nós estamos sujeitos a dores e sofrimentos, até a nossa morte carnal (Hebreus 9:27). Mas temos uma promessa de Deus que é a vida eterna.

Hoje, faz-se necessário orarmos mais pela salvação dos povos, pelos Pastores que se deixaram seduzir pelos tesouros terrenos, pelos irmãos que nutrem em seus corações a inveja e a cobiça, por todos que não conseguem enxergar as maravilhas que estão reservadas para o povo de Deus (Isaías 64:4).

Este é o nosso tempo. Viva-o de forma digna, para que sejais achado por Cristo Jesus.

Paz seja com todos !

Zenaide Alcântara de Sousa