No Brasil de hoje percebemos pouca influência dos coronéis. Nossas relações sociais e políticas estão baseadas (ou pelo menos deveriam estar!) não mais na intimidação, mas nas leis e no respeito às instituições.

Entretanto, nem sempre foi assim. Durante o sec XIX e primeira metade do sec XX os coronéis tinham poder absoluto em seus fazendas e na região em que viviam. Podia acontecer, e geralmente acontecia, atritos e disputas pelo mando político da região. Essas disputas envolviam não só o poder político e econômico do coronel, mas também seu poder de manipular seus comandados, as lideranças políticas e até mesmo as armas de seus jagunços.

Exemplos dessa relação coronelista podem ser vistos nas obras de nossa literatura. Em muitos livros de Jorge Amado estão presentes enredos e intrigas entre coronéis da Bahia e regiões do nordeste. Também na TV vez por outra aparecem novela retratando o ambiente dos coronéis.

Na região sul do Brasil o coronelismo ganhou uma conotação bem específica com denominação regional: o caudilhismo, do qual Getúlio Vargas é o maior exemplo.

Os coronéis mantinham-se no poder ou elegiam seus representantes – verdadeiros “paus-mandados” e marionetes das vontades do coronel – os quais faziam tudo de acordo com a vontade e determinação do coronel que o havia colocado no poder. E a ferramenta utilizada para essa eleição também tem um nome característico: voto de cabresto.

A relação de poder ocorria de forma linear e piramidal: na base os coronéis regionais que trocavam favores para eleger o governador (o que originou a política dos governadores) e estes decidiam quem seria o presidente. Na base havia eleições sempre cabresteadas e a troca de favores mantinha o domínio regional e nacional.

Em cada região o coronelismo estava fundamentado na produção econômica local. No sul era agrário e pecuarista; em São Paulo estava ligado à produção de café e em Minas Gerais baseava-se na produção de leite. No nordeste os coronéis eram os produtores de açúcar.

Por vezes grupos diferentes uniam-se para alcançar objetivos comuns. Exemplo disso foi a “politica do café com leite”, para indicar os presidentes do Brasil. Como se pode perceber a corrupção é antiga neste Brasil desordenado.

Hoje tudo mudou. Não são os coronéis mas os grandes grupos econômicos que mandam e corrompem a política. Entretanto os objetivos continuam os mesmos: manter o poder porque o poder além de corromper e justamente por ser corruptor, é uma fonte de riqueza, que empobrece e subjuga o povo!

Neri de Paula Carneiro

Mestre em Educação, filósofo, teólogo, historiador

Rolim de Moura – RO