Resumo 

O escrito analisa o surgimento da figura do Gestor Escolar nas esteiras de movimentos e crises educacionais havidas em nossa tradição escolar. Direciona suas assertivas no sentido de apontar que elementos basilares fizeram com que a educação brasileira adotasse o termo Gestor Escolar, sabendo que o termo é oriundo da racionalização econômico-industrial de início do século XX. Passando por diversas pontes, o termo ganha notoriedade só nos anos finais de 1980, quando novos ares sopram no Brasil, aventando a exigência de uma educação democrática, crítica e libertadora. Palavras-Chave: Gestão Democrática; Escolanovismo; Mediação; Criatividade 

1- PALAVRAS INTRODUTÓRIAS

O campo educacional é formado pelos mais diversos interesses, relações de poder, projetos e empreendimentos que atingem a todos e todas invariavelmente. O mundo cibernético, de fronteiras cada vez mais gelatinosas e imponderáveis, especialmente aquele que se evidenciou durante as décadas já vividas do século XXI, chamado pós-moderno. Este, mudou a face do planeta de uma forma nunca alcançada em nenhum outro momento com a velocidade e a incisividade que hoje se verifica. No campo educacional vivemos o que Camozzato (2018) denomina “liquidez dos sólidos” (p. 109) e “inflação pedagógica” (p. 111). É notória a facilidade de acesso ao saber na atualidade se compararmos o tempo atual com o passado recente. Hoje o conhecimento está disponível em uma grande rede cibernética à qual, em linhas gerais, um número muito maior de pessoas tem acesso e de modo quase instantâneo. Nesse sentido, o saber e seu acesso, é hoje decididamente muito mais democrático uma vez que praticamente todas as classes sociais a ele tem acesso. Por consequência, os valores que orientam o ensino e a aprendizagem se alteram, e o professor, o educador, o mediador é exigido a desenvolver uma prática pedagógica que seja adequada às novas demandas que, por sua vez, não cessam de produzir efeitos e desafios. Mas p. 2 quem tem a função de unir os laços entre tantos profissionais que se encontram em uma escola? Quem é a pessoa cuja função que vai ter de dar conta de todos os anseios e projetos que se encontram em uma escola? É preciso alguém que supra essa demanda. É nesse contexto que a figura do Gestor ou da Gestora Escolar torna-se elementar e indispensável. As complexidades culturais e políticas pelas quais passou-se nos últimos 20 anos, alterou o panorama econômico, o mundo do trabalho, a pesquisa, as universidades e as escolas primárias e secundárias de uma maneira sem precedente em nossa trajetória. É, pois, nesse cenário de incertezas e mudanças rápidas, às vezes abruptas, que surge o termo Gestão Escolar e Gestor ou Gestora Escolar. A complexidade do tema e sua envergadura sustentada por profícuas referências e estudos sistemáticos que pudemos pesquisar não nos permite desdobrar em espaço tão pequeno todas as imbricações do tema. E seria muito desrespeito e pretensão descabida de nossa parte, querer realizar tal empreendimento por meio de um trabalho acadêmico modesto, depois de renomados autores e autoras já terem se debruçado incansavelmente sobre a temática e construído um legado respeitável, mas nunca definitivamente cerrado. Nesse sentido, fizemos a opção de percorrer o caminho que fez surgir o Gestor Escolar, depois que os termos Diretor e Administrador Escolar caíram em desuso. [...]