O SUCESSO ESCOLAR E O PAPÉL DO PSICOPEDAGOGO

“Um olhar Crítico"

 

RESUMO 

 

O presente artigo abordará sobre questões inerentes as dificuldades na aprendizagem em todas as fases escolares, com enfoque reflexivo sobre o fracasso escolar e quais as contribuições o Profissional de Psicopedagogia  poderá oferecer de maneira ampla para sanar tais dificuldades, tendo como aporte científico a Psicologia Cognitiva por intermédio dos ensinamentos de "Jean Piaget", o qual propõe que a aprendizagem se consolida por meio da interação, sem deixar de lado sobre a importância das relações familiares e sobretudo nas práticas pedagógicas utilizadas durante o processo de ensino/aprendizagem, que podem ser estas as causas do "não aprender" e conseqüentemente do "fracasso escolar". 

Sob tais vertentes, o Psicopedagogo terá condições de ter um diagnóstico e tratamento  adequado a cada individuo ou ao coletivo na superação de suas dificuldades, trazendo meios sólidos para que o sujeito em suas particularidades consiga se desenvolver de maneira autônoma, projetando-se para a vida em sociedade adquirindo conhecimentos e aprendizado essencial, para o desempenho de suas funções ao longo da vida.    

 

Palavras-chave:. Contexto escolar. Teorias psicogenéticas. Fracasso escolar. Aprendizagem 

 

 

ABSTRACT

 

 

               The present article will deal with issues inherent in learning difficulties at all school stages, with a reflexive focus on school failure and what contributions the Professional of Psychopedagogy may offer in a broad way to remedy such difficulties, having as scientific contribution to Cognitive Psychology by Jean Piaget, who proposes that learning is consolidated through interaction, without neglecting the importance of family relationships and above all in the pedagogical practices used during the teaching / learning process. the causes of "not learning" and consequently "school failure".

               Under such aspects, the Psychopedagogue will be able to have a diagnosis and appropriate treatment for each individual or the collective in overcoming their difficulties, bringing solid means so that the individual in his particularities can develop in an autonomous way, projecting himself for life in society acquiring knowledge and essential learning, for the performance of their functions throughout the life.


 

 

 INTRODUÇÃO  

 

              É notório que todas as questões que envolvem o aspecto da aprendizagem ainda é um ponto que se tem muito a discutir para que se chegue a um ideal, ou pelo menos a um censo comum, isso incluindo todas as suas vertentes e nuances.  

Para tanto, apresenta-se aqui pontos de suma relevância para tal feito, tanto de forma intrínseca quanto extrínseca no que diz respeito a aprendizagem, onde é sabido que esta abordagem vem sendo estudada cientificamente desde os primórdios do século XIX, embora tenha tomado maior espaço e relevância no meio acadêmico entre as décadas de 1950 e 1970. 

 Sob esta ótica, se faz necessário a correta identificação quanto as dificuldades que envolvem as questões que englobam todos os preceitos da condição de aprendizagem dentro e fora das escolas, pois tais dificuldades (de caráter cognitivo e pessoal) vem crescendo de forma considerada. E é através deste contexto que novos paradigmas sobre o processo de ensino e aprendizagem vêm tomando força e mostrando sua importância no contexto escolar. 

Não se pode deixar de lado também que a prerrogativa de que tal processo (de aprendizagem) tem que ser uma relação bilateral, pois tem que partir tanto da pessoa a ser educada quanto do Educador e vice-versa, pois trata-se de um processo evolutivo em constante crescimento e modificação, seja de forma empírica ou não, pois tudo que envolve um conjunto que traz modificações no comportamento do indivíduo, seja em nível físico, biológico e ambiental, tende-se a ser traçado a priori um plano para á melhor aplicação das metodologias educativas.  

No estudo é mostrado que estes transtornos quando não são bem compreendidos pelo professor e a família, podem trazer grande sofrimento a criança que tende a piorar sua situação de aprendizado visto que os portadores destes distúrbios, têm seu rendimento ainda mais prejudicado quando colocados sob pressão. 

Diante de todo o exposto anteriormente, o intuito é demonstrar de forma clara o quão a Psicologia Cognitiva pode contribuir para a superação destas dificuldades, propondo uma metodologia pautada na interação. Esta por sua vez, traz consigo, conceitos de aprendizagem e suas classificações e o reflexo do que é denominado de "não aprender sobre o fracasso escolar" e por fim, destacar sobre as contribuições das teorias psicogenéticas sobre a superação das dificuldades de aprendizagem numa perspectiva Psicopedagógica.  

Sabe-se que algumas teorias distinguem as estratégias de caráter cognitivas das metacognitivas. Para tanto, enquanto que as estratégias cognitivas estão se referindo aos comportamentos e aos pensamentos que influenciam diretamente sob o processo de aprendizagem de tal maneira maneira que a informação possa ser armazenada de forma mais eficientemente.

Contudo, no que diz respeito as estratégias de cunho metacognitivas são procedimentos adotados pelo o indivíduo na utilização de seus planejamentos, monitorias, e principalmente não regulação de seus próprios pensamentos. 

 

 

APRENDIZAGEM: CONCEITOS E CLASSIFICAÇÃO  

 

 

1.1 A aprendizagem e seus Conceitos   

 

 

Ao abordar este tema, não tem como não referenciar as características que tangenciam sobre as questões que envolvam a aprendizagem como um todo, pois sabe-se que o que chamamos de "aprendizagem" é uma capacidade natural, inerente à cada indivíduo e que está entranhado consigo em todas as fases de sua vida.  

Este aspecto pode ser observado, quando analisamos o desenvolvimento de seu intelecto o qual experimenta o homem desde seu nascimento, passando pelo que a Psicologia Moderna chama de "Fases Fálicas do Desenvolvimento". 

Naturalmente, a professora tem uma tarefa mais importante do que a de dizer certo ou errado. As modificações propostas devem libertá-las para o exercício cabal daquela tarefa. Ficar corrigindo exercícios ou problemas de aritmética – “Certo, nove e seis são quinze; não, não, nove e sete não são dezoito”- está abaixo da dignidade de qualquer pessoa inteligente. Há trabalho mais importante a ser feito, no qual as relações da professora com o aluno não podem ser duplicadas por um aparelho mecânico. Os recursos instrumentais só virão melhorar estas relações insubstituíveis (SKINNER, 1972, p. 25). 

PIAJET, destaca que as crianças com idade que compreende dos 0 aos 5 anos este processo ocorre de forma mais intensa ainda, onde há um aprendizado constante e este irá se aperfeiçoando durante todo o decorrer de sua vida. Onde diante estas etapas pode-se ir identificando as mudanças de que ocorre no seu comportamento e em sua iteração com o mundo exterior, que pode assim variar de uma simples relatividade de autonomia ou não de pensamentos, ou haver um rápido aparecimento da linguagem ou outras representações simbólicas para seu desenvolvimento.  

Ao considerar que a aprendizagem está intrinsecamente ligada ao "saber", pode-se dessa forma definir que o saber caracteriza-se como a aquisição de conhecimentos sobre determinado assunto. Além do que, através dessas transmissões pode-se considerar ainda que nesta fase há o desenvolvimento físico-motor da criança que traz o domínio de todas as funções corpóreas como sendo um outro degrau no nível de aprendizagem.  

Contudo, a aprendizagem está diretamente ligada ao desenvolvimento mental. Sendo que é através da aprendizagem que se desenvolve uma massa crítica contendo informações proporcionando criações ou ao desenvolvimento estrutural do pensamento do indivíduo. Este aspecto do desenvolver é muito importante e deve ser levado em consideração, pois a aprendizagem gera uma área de desenvolvimentos e de potenciais propícios para o bom desenvolvimento da mente e conseqüentemente ao seu desenvolvimento Cognitivo. 

Segundo Ausubel, citado por MOREIRA e MASINI, 

" O mais importante fator isolado que influência a aprendizagem é o que o aprendiz já sabe. Determine isto e ensine-o de acordo." 

              Apesar de existir diferentes conceitos, todos eles concordam que a aprendizagem implica numa relação bilateral, tanto da pessoa que ensina como da que aprende. Dessa forma, a aprendizagem é definida como "um processo evolutivo e constante que envolve um conjunto de modificações no comportamento do indivíduo, tanto a nível físico como biológico, e do ambiente no qual o aprendiz está inserido". Esse processo emergirá sob a forma de novos comportamentos. 

De acordo com os ensinamentos de Ajuriaguerra e Marcelli (In Möojen, 2001, p. 45): 

O desenvolvimento harmonioso da aprendizagem representa um ideal, uma norma utópica, mais do que uma realidade. Dessa forma, o normal e o patológico na aprendizagem escolar, assim como no equilíbrio psicoafetivo, não podem ser considerados como dois estados distintos um do outro, separados com rigor por uma fronteira ou um grande fosso. 

 Segundo Pain (apud Serra, 2004 p. 19) a aprendizagem é o resultado da articulação de fatores internos e externos do próprio sujeito, do organismo, do desejo de aprender, das estruturas cognitivas e do comportamento em geral. Para ela a aprendizagem possui algumas funções contraditórias.  São elas: função socializadora, função repressora e função transformadora. 

Todas essas funções tem que estar em dicotomia umas com as outras uma vez que a aprendizagem tem a função de "libertar o homem a partir do conhecimento e por conseqüência, transformá-lo para a sociedade.  

A primeira função diz respeito ao processo de socialização pelo qual passa a criança. “Para viver em sociedade é necessário que o homem faça uso do conhecimento produzido pela sua cultura” (PAIN apud SERRA, 2004 p. 19). 

Contudo e de acordo com Vica (apud SERRA, 2004, p. 19) o qual acredita que a aprendizagem representa uma construção intrapsíquica, que considera os componentes genéticos e as diferenças nascidas da evolução da espécie, resistentes das pré-condições  biológicas, das condições  energético-estruturais e das circunstâncias do meio da qual o indivíduo esta inserido. 

Ainda assim, COUSINET, portanto afirma que toda a aprendizagem - seja no ambiente escolar ou vivencialmente - estas características são amplamente baseadas no princípio da limitação, ou seja, ela será produzida com fundamentações sejam de formas didáticas ou não, ou com o auxílio de um professor ou não.  

Sob este olhar, observa-se que nem tudo está ligado à imitação, o indivíduo, em algum período da sua existência irá renovar-se e inovar, caso este tenha sucesso, outros irão imitá-lo, assim, tal inovação será incorporadas de forma cultural.  

Diante deste pressupostos, não se pode esquecer que a inovação, apresar de lançar  suas alterações nos padrões e costumes já pré estabelecidos, estará sempre ligada de forma direta ou indiretamente aos conhecimentos que já foram acumulados pelo sujeito, seja através de sua história ou de sua cultura e obviamente através de suas experiências pessoais, assim, sob todas essas características pode-se dizer o mesmo dos aspectos ligados a "invenção".  

No entanto e de acordo com os ensinamentos de BRUNER, o ato de "aprender" se torna  uma característica peculiar própria do ser humano. A aprendizagem está tão inserida no cotidiano do homem que se torna quase um ato involuntário.  

As vezes é a curiosidade o ponto de partida motivadora pela busca do conhecimento. Ao  despertar nossa atenção para algo ainda não conhecido ou duvidoso,  indeterminado ou ainda obscuro é o que nos motiva a buscar sempre maiores esclarecimentos acerca de algo. Assim, o indivíduo, acha satisfação quando se  obtém clareza na respostas de suas questões. 

Ainda pode levar em conta como critério para a compreensão do conceito de aprendizagem, é a divisão de seus três pilares, assim como: a Aprendizagem Cognitiva, A aprendizagem afetiva e a Aprendizagem Psicomotora.  

Assim, a aprendizagem Cognitiva esta caracterizada como sendo aquela resultante do armazenamento de forma organizada e empírica das informações na mente do indivíduo que está a aprender, sob o comando de seu complexo organizacional que é denominado de estrutura cognitiva.  

Logo a aprendizagem afetiva é o resultado do qual os sinais internos provenientes do indivíduo e pode ser identificada através das experiências cotidianas vivenciadas, assim  como: Alegria x Prazer, Dor x Ansiedade, Satisfação x Descontentamento. Para tanto, é sabido que algumas das experiências afetivas sempre estarão acompanham de suas experiências cognitivas.  

E por fim, e no que diz quanto a aprendizagem psicomotora, esta entrelaça-se com as respostas musculares que são adquiridas por meio de treinos e práticas diárias.  

Sem esquecer que, a aprendizagem cognitiva é de suma importância na aquisição das habilidades motoras de todos os indivíduos e que está se intimamente ligada com as demais.  

 

1.2 - O Interativismo como fator de aprendizagem  

 

Como Seguidor das Teorias de Piajet, temos ainda, David Ausube que é um representante legítimo da Psicologia ligada ao cognitivismo, o qual traz uma contextualização teórica sólida a respeito do processo de aprendizagem. Para ele, aprendizagem nada mais é do que a organização e a integração do material em sua estrutura cognitiva propriamente dita.  

Quem apenas fala e jamais ouve; quem ‘imobiliza’ o conhecimento e o transfere a estudantes, não importa se de escolas primárias ou universitárias; quem ouve o eco apenas de suas próprias palavras, numa espécie de narcisismo oral [...], não tem realmente nada que ver com libertação nem democracia. (FREIRE, 1982, 30-31). 

Ausubel desenvolveu então o conceito de "Aprendizagem significativa", que vem a ser o processo onde uma nova informação se correlaciona com um aspecto de suma importância na estrutura de conhecimentos do indivíduo, ou seja, neste processo está envolvendo a interação da nova informação com a estrutura do conhecimento específica, a qual foi denominado de "conceito  subsunçor".   

Desta forma então pode-se afirmar que a aprendizagem ocorrerá quando uma nova informação se ancora à conceitos relevantes que já estão presentes no cognitivo do aprendiz. ou seja, tal armazenamento de informações inseridas no cérebro de quem está a aprender ocorre de uma maneira organizada, trazendo uma hierarquia de conceitos, no qual os elementos mais específicos do conhecimento se ligam aos já existentes e são conectados aos conceitos gerais.  

Contudo, como a forma mais aceita para o aprendizado é feita na escola e com a supervisão de um professor, assim, cabe à escola intervir e propor  iniciativas para a consolidação das interações.  

Porém, tanto as escolas, quanto as famílias, estão passando por constantes modificações, embora é nítido que as mudanças que ocorrem dentro das famílias acontecem de forma mais acelerada. Desta forma a escola as precisa acompanhar e acelerar o aceitamento de tais mudanças uma vez que isso está transferindo toda as responsabilidades educacionais somente para a escola, tirando esse "fardo" dos pais, fator este que pode ser o primordial para o processo do "fracasso escolar" do aluno.  

Diante destes aspectos é que se corrobora o fato de se ter a necessidade da implantação e implementação de um mecanismo com aporte de  representatividade em relação dos professores para com seus alunos e da  comunidade escolar como um todo, pois somente desta forma é que poderá fazer o intermédio para um amplo diálogo entre as partes, aproximando uns dos outros.  

 

 

Da prática pedagógica associada à interatividade 

 

 

De forma direta a compreensão faz parte da educação e para a concretização desses conceitos e contextos é de fundamental importância, uma vez que a relação pedagógica é uma relação entre seres humanos imersos numa determinada cultura, por isso mesmo transformadores dela. Logo, a todos os sujeitos da educação deve ser oportunizada essa abertura a um mais comunicacional propiciado com uma interatividade para o saber. Entretanto, os processos educacionais, presenciais ou mediados por essas novas tecnologias, passa a adquirir dimensões que, se não são totalmente novas podem agora ser profundamente inovadoras. 

As relações educativas tornam-se pluridirecionadas e dinâmicas, possibilitando a todos os interessados interagir no próprio processo, rompendo com velhos modelos pedagógicos que só conhecem a comunicação unilateral que privilegia o emissor, ou seja, o professor onisciente e onipotente desconsiderando as peculiaridades do receptor, ou seja, do aluno.

O velho receptor deixa de ser aquele que deve apenas aceitar ou não a mensagem proposta pelo professor para tornar-se sujeito da própria educação numa comunidade educacional interativa. 

 

 

1.3 Dificuldades de aprendizagem 

 

 

Se torna notório que nossa sociedade nos últimos tempos tem passado por profundas mudanças, principalmente nas últimas décadas, tais mudanças tem afetado a forma circunstancial a estrutura e o equilíbrio das famílias brasileiras. De certa forma estas transformações estão afetando de forma direta as escolas, porém, ainda de forma mais lenta, onde esta tem procurado se adaptar de forma contínua a essas mudanças, mas o que vem surgindo em nossos dias é a mais completa interação entre ambas,  tal feito veio a promover a uma maior eficiência no educacional e no ensino de nossas crianças. 

O Professor é comprovadamente um elemento mediador e facilitador, sendo ele capaz de enxergar o aluno como pessoa com suas facilidades e dificuldades em aprender, e se caso necessário se colocar em seu lugar durante as etapas do aprendizado diante das várias situações que se apresentam no dia-a-dia dentro do ambiente escolar, não deve-se ver o aprendiz como um erudito. 

 O professor deve fazer uso de todas as suas ferramentas pedagógicas e de seus recursos instrucionais como forma de controlar o recinto, e nunca apresentar-se como um instrutor dotado de autoritarismo, impondo suas decisões e até mesmo com comportamento ameaçador, pois isso poderá trazer conseqüências avassaladoras para o aprendiz por toda a sua vida. 

Sem sobra de dúvida é visto que o sistema de educação brasileiro passa por problemas serissimos, mas se grandes esforços foram registrados nas últimas décadas para que a universalização do ingresso e permanência em nossas escolas, este mesmo sistema educacional possibilitou o acesso de mis de 90 por cento de nossas  crianças às escola pública, porém, somente em torno de 43 por cento conseguem terminar o ensino fundamental. Isso se deve ao fato de professores despreparados? ou a náa estruturação do próprio ambiente escolar. (grifo nosso) 

Todas essas mudanças foram de certa forma impetradas por decorrência de fatores importantes, pois em um passado recente, a falta de clareza, de preparo adequado e de informações, alguns educadores se confundiam a respeito das necessidades específicas acerca da não aprendizagem de seus alunos, achando que estes possuíam déficits de inteligência e os encaminhavam para profissionais de diversas áreas da saúde, como: Pediatras, Neurologistas, Psiquiatras, Psicólogos Clínicos, entre outros profissionais, que na maioria das vezes não encontrava um diagnóstico satisfatório, que conduzisse a resolução dos ditos “problemas” que o educando enfrentava em sala de aula.  

A idéia inicialmente divulgada através dos consultórios, chegava às escolas que então classificavam as crianças com dificuldades para ler e escrever como “disléxicas” e as mais agitadas como “hiperativas”. Os profissionais da área médica recorriam, freqüentemente, a uma linha medicamentosa de tratamento que, de acordo com Scoz (1996, p. 13): 

 Os problemas de aprendizagem não são restringíveis, nem as causas físicas ou psicológicas, nem a análise das conjunturas sociais. É preciso compreendê-los a partir de um enfoque multidimensional, que amalgame fatores orgânicos, cognitivos, afetivos, sociais e pedagógicos, percebidos dentro das articulações sociais. Tanto quanto a análise, as ações sobre os problemas de aprendizagem devem inserir-se num movimento mais amplo de luta pela transformação da sociedade. 

Existem fatores sociais que também são determinantes na manutenção das problemáticas de aprendizagem, e entre eles pode-se afirmar que o ambiente escolar e contexto familiar são os principais componentes desses fatores. Quanto ao ambiente escolar é necessário verificar a motivação e a capacitação da equipe de educadores, a qualidade da relação professor-aluno-família, a proposta pedagógica e o grau de exigência da escola que, muitas vezes, está preocupada com a competitividade e põe de lado a criatividade de seus alunos. 

 Há casos em que famílias com alto nível Econômico e cultural não aceitam a existência de dificuldades da criança, com a visão voltada para os resultados obtidos, podendo desenvolver na criança um grau de ansiedade que não permite um processo de aprendizagem adequado.  

Sobre esta afirmativa e de acordo com Torete (2005), os pais perderam  a autoridade literalmente sobre seus filhos, e isso tornou-se um circulo vicioso, pois a escola cobra ações da família e a família cobra ações da escola, onde nota-se que ambas não consegue entrar em um comum acordo e isso prejudica seriamente a interação e principalmente a inserção do individuo no seio da sociedade. 

É nesta perspectiva que o profissional da Psicopedagogia deve explorar com vistas á auxiliar o aprendiz na superação de suas dificuldades de aprendizagem, contribuindo ainda para a não ocorrência do fracasso escolar, ocorrendo inúmeras vias, principalmente por fatores psicológicos inerentes à própria criança e por fatores sociais que também são determinantes na manutenção dos problemas na aprendizagem , entre eles o ambiente escolar e o contexto familiar. No contexto familiar é necessário verificar se há participação dos pais e demais familiares na vida escolar da criança, se a estruturação da família oferece suporte psicológico à criança para que esta possua um processo de aprendizado tranqüilo. 

Mobilizar a experiência do conhecimento 

- Passarelli (1993) observa que: Modelar os domínios do conhecimento como espaços conceituais, onde os alunos podem construir seus próprios mapas e conduzir suas explorações, considerando os conteúdos como ponto de partida e não como ponto de chegada no processo de construção do conhecimento (p. 66). 

- Desenvolver atividades que propiciem não só a livre expressão, o confronto de idéias e a colaboração entre os estudantes, mas, que permitam também, o aguçamento da observação e da interpretação das atitudes dos atores envolvidos. 

- Implementar situações de aprendizagem que considerem as experiências, conhecimentos e expectativas que os estudantes já trazem consigo. 

Do ponto de vista avaliativo alguns sistemas de ensino  não levam em conta as fases vivenciadas pela criança e a dificuldade de aprendizagem que elas podem enfrentar em um sistema de ensino inadequado.

Um estudo feito por Henry Wallon em 1973 procura avaliar a criança como um todo, levando em conta todos os fatores que afetam sua formação psicossocial e as diferentes fases atravessadas pela criança. Ele defende que o aprendizado deve obedecer a estas fases, pois sua capacidade de assimilação vai estar estreitamente ligada à fase na qual ela se encontra. Assim, levando em consideração a maneira como funciona a psique da criança, as chances de sucesso no processo de aprendizagem aumentam, diminuindo o sofrimento com o fracasso de não conseguir acompanhar o que o professor quer propor:  

- Impulsivo Emocional (0 a 1 ano);   

- Sensório-Motor e Projetivo (1 a 3 anos);  

- Personalismo (3 a 6 anos); 

- Categorial (6 a 11 anos); Puberdade e Adolescência (11 anos em diante).  

Existem alguns distúrbios psicológicos que contribuem muito para o fracasso escolar, que por vezes não é levado em consideração.Este contexto psicológico refere-se aos fatores envolvidos na organização familiar, ordem de nascimento dos filhos, nível de expectativa e as relações desses fatores com a ansiedade,  agressão,  as atitudes de desatenção, o isolamento  e a não concentração. Alguns deles estão freqüentemente presentes em discussões pedagógicas, o problema é que normalmente são avaliados do ponto de vista técnico, onde o único temor não é o fracasso do aluno, mas o fato disto estar vinculado ao fracasso da escola. 

Em Vygotsky, justamente por sua ênfase nos processos sócio históricos, a idéia de aprendizado inclui a interdependência dos indivíduos envolvidos no processo. O termo que ele utiliza em russo (obuchenie) significa algo como processo de ensino aprendizagem, incluindo sempre aquele que aprende, aquele que ensina, e a relação entre as duas pessoas. Pela falta de um termo equivalente em inglês, a palavra obuchenie tem sido traduzida ora como ensino, ora como aprendizagem e assim re-traduzida em português (OLIVEIRA, 1993, p. 57). 

 

 Vygotsky afirmirma ainda:  

 

Quando se pretende definir a relação entre o processo de desenvolvimento e a capacidade potencial de aprendizagem, não 26 podemos limitar-nos a um único nível de desenvolvimento. Tem de se determinar pelo menos dois níveis de desenvolvimento de uma criança, já que, se não, não se conseguirá encontrar a relação entre desenvolvimento e capacidade potencial de aprendizagem em cada caso específico. Ao primeiro destes níveis chamamos nível de desenvolvimento efetivo da criança. Entendemos por isso o nível de desenvolvimento das funções psicointelectuais da criança que se conseguiu como resultado de um específico processo de desenvolvimento já realizado (VYGOTSKY, 2001, p. 111). 

Coelho (2002) coloca que as crianças não conseguem acompanhar o currículo estabelecido pela escola e porque fracassam são classificados como retardados mentais, emocionalmente perturbados ou simplesmente rotulados como alunos fracos e reprovados.Desta forma, as dificuldades de aprendizagem devem ser diagnosticadas de forma diferente em relação aos outros transtornos próximos, uma vez que quando tais transtornos não são diagnosticados e tratados as conseqüências serão negativas para aquela criança que não consegue aprender. 

 

 

2. Metodologia 

 

 

Através de um amparo sólido obtido com a ajuda de referenciais bibliográficos para nortear a metodologia presente na confecção deste trabalho, engloba-se aqui sobre o que é ensinado nas escolas e sua relação com valores como pertinência e significado. A atuação do professor e o processo de avaliação em suas várias acepções e modalidades que constituem também aspectos metodológicos, em que a conseqüência do fracasso escola, conduz o aluno a sentimentos de inferioridade, frustração e perturbação emocional, o que torna sua alto-imagem anulada, principalmente se este sentimento já fora instalado no seu ambiente de origem. 

A metodologia realizada nos remete a uma abordagem histórica, para que se possa  entender melhor quais as mudanças que ocorreram nessas duas instituições (escola x família) e quais foram os motivos que as as fizeram  afastar-se uma da outra. Além de poder constatar de forma empírica quais são os pontos de relevância de quando se tem esta parceria, tendo como contribuição a uma melhoria significativa na qualidade de ensino, podendo desta forma propor ações efetivas para que as escolas e os familiares dos aprendizes possam se apoiarem uma a outra em tudo que envolver a questão do aprendizado. 

 

 

3. Conclusão  

 

 

Depois da pesquisa feita, em face às discussões apresentadas no decorrer do trabalho,cremos ser licito concluir que as  idéias de Jean Piaget e Vygostsky representam um salto qualitativo na compreensão do desenvolvimento humano  e  como a  Psicologia Cognitiva pode contribuir para a superação das dificuldades do aluno e  a integração entre sujeito e o mundo que o circula.Esta abordagem considera  no trabalho terapêutico a interação como mecanismos que o sujeito utiliza para aprender e também ensinar ao mesmo tempo. Neste sentido, os autores propõem uma perspectiva  Construtivista. 

Observa-se em primeira instância que a escola juntamente com os educadores, tem em sua conduta ética a obrigação de propiciar ou pelo menos tentar propiciar a seus alunos a caminhos opcionais para o aprendizado, pois cada um tem o seu ritmo e sua forma única, contudo, essas formas aplicadas pelos professores tem que ser de forma consciente e principalmente eficaz.  

Oferecer mecanismos para uma ampla assimilação de conteúdos e  conhecimentos. Assim como oferecer a possibilitar para que os alunos criem pensamentos críticos em seu espaço social.  

Essa também é a nova perspectiva de trabalho para os dias atuais, pois, uma escola transformadora aquele que além de transmitir conhecimento tem que saber transmitir saber, tendo que estar consciente de seu papel cívico e político na erradicação das desigualdades sociais. Assumindo uma responsabilidade de um novo ensino, ensino de forma eficiente, levando a capacitação de seus alunos tanto na  conquista quanto na participação cultural social. 

 

  

 

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