Ao abordar a importância do signo, enquanto suporte da linguagem, certamente que não se pretende desenvolver o historial do signo, enquanto isolado do contexto linguístico-filosófico, mas tão-só o uso que dele se faz, para que através da linguagem possamos obter um sentido para a realidade que procuramos, ou seja: um conhecimento que buscamos e desejamos transmitir, muito embora, sendo o homem um ser imperfeito, inacabado, limitado e até desorientado, o que produz não é, logicamente, perfeito mas, bem pelo contrário, é insuficiente.

A língua é um sistema no qual os diferentes signos tomam posição, uns em relação aos outros, e o valor de um signo deriva da sua posição, porque a língua passa de uma posição diacrónica (evolução), para uma determinante sincrónica (relações existentes num dado momento, entre os elementos da língua.

O texto é uma estrutura diagramática. A obra literária constitui um sistema, é um todo, formado por elementos solidários entre si, interligados por uma tensão dinâmica, cabendo à crítica descrever estes elementos, as relações existentes entre eles, os quais definem a estrutura do sistema, e as respetivas funções, utilizando um processo analítico, para o efeito.

O objeto da investigação estrutural não é o de explicar o conteúdo da obra, mas analisar as regras combinatórias, que estão na base do funcionamento do sistema semiótico. De igual forma, à linguística estrutural importa mais a gramaticalidade das frases, do que a sua significação.

A gramática generativa vem desempenhar um papel importante na construção de um modelo da competência, cujo sistema compreende três componentes: a) o sintáxico, que gera as estruturas abstratas, que são as frases gramaticais de uma língua; b) o fonológico, que determina a forma fonética de uma frase, gerada pelo componente sintáxico, c) o semântico, que permite a interpretação sematológica, que atribui um sentido aos objetos formais. Por este sistema se coloca, de novo, a questão da relação entre a linguagem e o pensamento, rejeitada, todavia, pela linguística estrutural, pós-saussuriana.

Interessa, neste trabalho, conduzir o signo para a ideia de que ele é a fundamentação da escrita, em tudo o que ela implica para o conhecimento humano e, nesse sentido, pode-se, numa primeira interpretação, considerar o signo como um índice que liga, indissoluvelmente, um sentido ou, mais rigorosamente, um significado a um morfema, isto é, a um fonema linguístico.

As escritas mais antigas (pictográficas, hieroglíficas) foram passadas da cópia para o signo verdadeiro, em grande parte arbitrário, porque se possibilitou a transferência do signo escrito para um significado e libertação da linguagem, como conjunto e código de signos abstratos, eventualmente, discursivos.

O pensamento humano carece, totalmente, da linguagem para transmitir todas as faculdades criadoras, de sinais e símbolos, que a inteligência produz, pelo que, entre a linguagem e o pensamento, existem relações de interdependência, de estreita solidariedade, de apoio recíproco, sendo certo que o pensamento precede a linguagem, embora tal anterioridade não se situe no tempo, mas numa linha lógica, na medida em que o pensamento é condição, “a priori”, que torna possível a linguagem articulada e racional, a qual aparece como função do pensamento, porque, efetivamente, este é condição “sine qua non” da linguagem, como seiva alimentar interior, mas, por outro lado, a linguagem enriquece o pensamento, porquanto este organiza-se e disciplina-se por aquela, eleva-se às ideias abstratas e gerais, com o auxílio da palavra.

Seja qual for a linguagem utilizada: verbal, gráfica, mímica, pictórica, etc., ela deve possuir uma estrutura que, sendo normalmente rudimentar no seu início, vai-se aperfeiçoando, de tal forma que o seu uso adequado fica cada vez mais limitado, ao conhecimento profundo da sua estrutura e simbolismo, facto que vem introduzir no sistema graves distorções, precisamente por incorreta aplicação dos seus termos significantes, isto porque os sons ou signos gráficos produzidos, na execução de um ato ilocucional, têm uma significação e, nesse sentido, pela enunciação daqueles sons, ou signos gráficos, se pretende dizer alguma coisa, porque na verdade, quando se fala, pretende-se dizer algo, deseja-se significar um pensamento, uma ação a realizar, um desejo a concretizar, uma vontade a materializar, uma presença a chamar a atenção do outro nosso igual.

Venade/Caminha – Portugal, 2019

Com o protesto da minha perene GRATIDÃO

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

 

Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

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