Talvez não possamos nos dar conta do perigo de ter um serpentário ao nosso redor; na empresa, escritório, lojas ou mesmo entre amigos. Isso pode ser muito perigoso e porque não dizer, nos trás riscos incalculáveis como financeiros, pessoais e até mesmo materiais.

Criar serpentes muitas vezes se torna um processo automático ou imperceptível. A notícia boa é que isso tem cura e o manejo é muito mais simples que podemos imaginar. Bastam apenas alguns cuidados.
Numa rápida analogia podemos comparar aqueles bichos peçonhentos com "aquelas cobrinhas" que teimamos em cuidar no nosso dia a dia.

Fantásticos biólogos, homens e mulheres, anônimos profissionais, que na sua lida diária, convivem pacificamente em serpentários, com répteis na domesticação de serpentes (cobras), com a finalidade de extrair o soro antiofídico. Como o próprio nome diz, o veneno dessas serpentes é para fim pacífico, transformando-se em poderosos antídotos contra picadas de outras serpentes.

Apesar de repugnantes, verdadeiramente essas são serpentes do bem e por uma questão lógica devemos respeitá-las em seu ambiente natural.
Apenas para ilustrar, a domesticação desses animais é um processo antigo, o qual consiste na seleção e adaptação de certos seres vivos, considerados úteis para suprir necessidades humanas.

No serpentário serpentes vivem prisioneiras por uma questão de segurança, atendendo normas legais.
Na contramão, estamos nós profissionais bem sucedidos, vendedores, supervisores, gerentes, empresários, funcionários, amigos, amigas, de certa forma alimentando nossas serpentes.

É claro que não estou me referindo a esses répteis rastejantes, as quais na sua maioria mostram medo de nós humanos, afastando-se quando de nossa presença. É verdade que atacam, mas só em casos extremos. São criaturas que preferem fugir, ao enfrentamento com o ser humano.

Refiro-me ao nosso Serpentário de todo dia. Escritórios, lojas, bancos, escolas, igrejas, atacados, indústrias, enfim, elas estão em todos os lugares. Nenhum lugar fica de fora.

Imaginem aquele "amigo" morador do outro lado do estado, que compra um chip de celular, da mesma operadora sua. Só pra ligar toda hora, afinal é baratinho. Sempre com os mesmos assuntos cansativos e maldosos.
Quando você num gesto positivo pergunta se está tudo bem...a criatura logo adverte dizendo: "Como pode estar tudo bem..." e derrama um balde de água suja no seu ouvido. Isso várias vezes ao dia.

Se é que podemos chamar isso de "amigo", o melhor a fazer e evitar atender ou não expor nada em absoluto de seus planos pessoais e profissionais. Pessoas assim são serpentes do mal.

Aquela sua "vizinha" velha amiga e conselheira. Sempre ajudando a colocar uma lenha a mais naquele seu problema. E quando você mais precisa de "ombro" amigo, ela é a primeira a sumir da sua frente. A batata quente fica na sua mão e você tem que descascá-la.

Aquele vendedor cuja contratação foi contra gosto, mas você no seu relatório gerencial disse que iria contratar um profissional... E contratou aquela mercadoria... O pior de tudo é o estrago futuro que o infeliz irá proporcionar. Afinal tudo tem a sua hora. E ele sabe esperar, afinal assim com uma cobra silenciosa, a hora do ataque é aquele que você menos espera. Ele pode até demorar um pouco, mas vai fazer.

E aquele gerente, cujas qualidades se resumem em "bom papo, bonzinho, cheio de ilusões e promessas vazias... mas realizações que bom não as tem. Quando as coisas não estão indo bem, ele é o primeiro a cavar uma demissão e de sobra leva todo mundo com ele. Se isso acontecer na sua empresa, é preciso analisar duas coisas:

1. Sua empresa não está conseguindo reter bons talentos, falta qualidade na gestão. Fique atento. É hora de sair da zona de conforto.
2. Mas se esse gerente era um daqueles que vagam sonhos na mente, prometendo vender até mesmo um terreno na lua e tudo não sai do discurso... Fique tranqüilo, logo a turma vai perceber e estará batendo novamente na sua porta. Isso se a sua empresa apresentar algumas vantagens competitivas.

Criar serpentes é um habito comum em nossas vidas, independente da cor, credo, estado, lugar, tamanho etc... Precisamos sim estar mais atentos e não abrir nosso livro para qualquer pessoa.

Alguns anos passados eu estava em São Gotardo, MG, realizando uma consultoria agrícola, pude interagir muito na área motivacional e organizacional da empresa, mas aprendi também. Minha lição foi na plantação de cenouras.

Um funcionário antigo da empresa, encarregado no plantio e cuidados desta qualidade de cultura, me explicava que a pulverização (veneno) que fazia, era necessária para matar ou inibir as pragas. Os demais cuidados eram mais tranqüilos, é claro considerando o fator tempo.
O que mais me chamou a atenção foi à tranqüilidade que aquele homem aparentava, comparada com a minha correria. Eu que sou acostumado a acordar ainda com estrelas no céu, trabalhando pelo menos 16 horas, só indo me deitar muito tarde.

Ele era implacável, parava às 17 horas e só voltava as 6 da manha do dia seguinte.
Sem contar o sossego no trabalho e a qualidade de vida, invejável. Transparecia no seu rosto felicidade e realização pessoal. Insisti no tocante aos perigos que poderiam ocorrer caso ele não estivesse por perto.
A resposta foi pontual: "Quando se faz um planejamento de plantio, no tempo certo, com aplicações regulares de defensivos, fica mais fácil. Tudo vai depender do próprio andamento do negócio. Pude entender então e voltar meus pensamentos lá na nossa correria diária.

Se nós planejarmos adequadamente nosso negócio, corrigindo os desvios que por ventura possam surgir, acompanhando resultados e ouvindo nossos funcionários ou clientes, com certeza ficará bem mais fácil emplacar o tão almejado sucesso. Não podemos estar refém das nossas serpentes.

Nós que vivemos espremidos pelas pressões do cotidiano, sem qualidade aparente de vida, achando que todos os defeitos do mundo são dos outros, é hora de sentar no banquinho e refletir em algumas situações:

Como empresa ? Estamos agindo corretamente como empresários? Minha empresa tem alguma pesquisa de satisfação? Busco oferecer qualidade aos meus funcionários, com salários ou comissões compatíveis ao mercado? E tantas outras indagações...

Se a resposta for sim, você é um vitorioso. Mas se em todas essas perguntas não podemos afirmar um único sim, é hora de agir. Correr em busca de melhores soluções, como reciclar-se, buscar melhores profissionais, interagir mais com as pessoas, ouvi-las melhor. Esse é o melhor caminho para não criar serpentes.

Como funcionários: A maneira mais sensata de agir é ter compromisso com o nosso trabalho, independente das funções que exerçamos. Lutar para melhorar é sem dúvida a reta mais curta para grandes conquistas. Se não estiver satisfeito, converse, procure respostas, e se nada for resolvido, consiga algo melhor. O melhor caminho é sair pela porta da frente, não causando falhas ou má impressão. Sua imagem vale dinheiro e reconhecimento. Basta você achar o lugar certo e se apaixonar pelo que está fazendo. Esse é o caminho.

Amigos: Não sejamos tão seletivos na escolha de nossos amigos, porém saibamos até onde termina e onde começa a nossa individualidade. Na medida em que esse controle esteja ativado, verdadeiros amigos estarão sempre presente ao nosso convívio. Mas serão poucos.

Individualidade: Quando conscientes e livres estivermos com certeza todos os cuidados com as serpentes passará a ser por aquelas pessoas preparadas no serpentário. Pois é lá o lugar certo das peçonhentas. Porém, mesmo que consigamos sanar com aquelas serpente, outras surgirão inevitavelmente.

Mas todo esse processo servirá para não nos deixar no "estágio de conforto", causador de nossas picadas dolorosas. Serpentes do mal fazem parte do nosso sucesso também, é uma questão de escolha. Ou você extrai o veneno e se prepara com o próprio antídoto, ou certamente será a próxima vítima.

E você ainda cria serpentes?