Thiago B. Soares[1]

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[1] Doutorando (PPGL-UFSCar). E-mail: [email protected]

 

            Tratar do ser não é tarefa simplória que pode ser feita com qualquer posição, pois exercer atividade filosófica requer muito mais que responder perguntas, alimentar reflexões. Pois bem, o ser aqui será predicado como bom, aquele que pratica o bem, para tanto, tentemos compartilhar das ideias de correntes filosóficas, como o aristotelismo radical e epicurista. Em que medida as duas dialogam entre si e para com os efeitos na visão da realidade.

            Aristóteles prezava a virtude moral (areté), a qual foi um dos temas mais aprofundados em sua Ética a Nicômaco, primeiro tratado de ética, de certa feita, uma das oposições ao seu mestre foi o caráter prático da virtude, já que Platão tentou investigar a virtude em si. Com efeito, o praticismo aristotélico dialoga com seu finalismo, na medida em que o bom, virtuoso, é quem faz da virtude um hábito, assim, encaminhando-se para uma vida feliz. No entanto, para que esse estágio de vida fosse atingido, o indivíduo deveria se abster das paixões desequilibradoras, atingindo dessa forma a moderação e temperança, i. e., o tão afamado meio termo. Nele poder-se-ia gozar de estados gratificantes nas ações, sem uma total reclusão das pathos,mas com a devida segurança.

            Já a doutrina fundada por Epicuro, tem sempre sido taxada libertina, que preconiza a busca dos prazeres em detrimento do próprio bem. Contudo, um olhar mais atento mostra o quanto os preceitos epicuristas estão bem próximos dos aristotélicos, de forma a considerarem uma virtude pelo meio. A esse estado se dá o nome hedonismo que vem a ser a busca do sumo bem através do prazer em sábio repouso. Daí a grande confusão que ocorre, creditar ao hedonismo (hedone = prazer em grego) a cruzada dos prazeres.  Assim como a doutrina do meio termo de Aristóteles, o hedonismo epicurista tendia ao bem, ao ser bom, ao bem viver. Pois poucas certezas se tinham, e ainda se tem, a morte é o limite da vida, o que vem para além não se sabe.

            Assim, uma breve introspecção enredada em escolas filosóficas deferentes, dá uma contribuição enorme ao ser que pretende ser bom, se dirigir na senda do bem, em outras palavras, não se fazer qualquer tipo de mal, sem deixar de olhar as ações que perpetra a outrem, porquanto, não querer mal a si é na mesma medida não fazê-lo a quem quer que seja. Portanto, a melhor conduta, pode ser dita, é aquela que refreia o que pode ser maléfico e põem em exercício ações benéficas, seja valorizando o meio termo, seja hierarquizando comedidamente os prazeres, visto que, a vida deve impreterivelmente ser bem vivida.