O conflito esquecido, envolvendo o Saara Ocidental, refém de uma briga entre duas potências, Argélia e Marrocos, desde mais de quarenta e cinco anos, o clima de tensão se reforça e expande sua influência além das fronteiras, herdadas do período colonial. A população saraniana, encontrada entre a bigorna marroquina, escolha estratégica da recuperação do território ocupado pela Espanha em 1976 e o martelo argelino, inflexível, considerado como o direito internacional a imagem do plano de paz, referendo de autodeterminação.

A falta de uma solução política deixa a população saaraui abandonada, sem nenhum direito humanitário, prejudicando os principais defensores da causa, culpados ou responsáveis deste impasse. Desde o início do conflito, a Argélia de Boumediene ficou posicionada a favor dos saarauis, para que o seu vizinho não aumentasse o seu território no Saara, cujo potencial econômico e energético continuma sendo importante. Quanto à monarquia do Hassan II, considera o território da Argélia como um presente da França colonial a favor do Argel, em detrimento de Rabat.

Para entender a aversão da Argélia é necessário compreender o contexto de Marrocos, no sentido da sua extensão no saara, França considera como uma recuperação do território, após o interlúdio do protetorado espanhol (1884-1976).

Em 1963, "a guerra das areias" revelou que a herança territorial da Argélia, desenhada pela França, foi contestada pelo Marrocos. Primeiro pelo partido de Istiqlal, chamando a restauração do grande Marrocos, sobretudo pela monarquia de Hassan II. O contencioso territorial entre Argélia e Marrocos teve uma saída no Tratado de Ifrane, 1969, pelo qual os dois países se comprometeram a respeitar as fronteiras herdadas da colonização. De fato, esse conforonto entre os dois estados dificilmente independentes alimenta ainda mais a desconfiança e o ressentimento. Mas quando o Marrocos recuperou o Saara Ocidental, após a saída das tropas espanholas, a Argélia se vê diante de um dilema: reconhecimento do fato consumado ou entrar no conflito territorial.

Entre 1962 e 1972, o país não possui recursos financeiros para responder às reivindicações de terras marroquinas no sudoeste da Argélia. Mas em 1973, a Argélia se beneficiou dos efeitos da nacionalização dos hidrocarbonetos e do primeiro choque do petróleo: foi pela primeira vez desde a independência, o país conseguiu acomular receitas estrangeiras substanciais. Enquanto, os gastos com a compra de armas depende do preço do barril de petróleo: entre 1973 e 1977, argel conseguiu 710 milhões de dolares, e entre 1978 e 1982, foi de 3,2 bilhões de dolares; os preços se estabilizaram entre 1983 e 1987, 2,5 bilhões de 1987 a 1999, e 1,2 bilhões de dolares.

A URSS foi o principal vendedor de armas para a Argélia, cerca de três quartos do seu equipamento militar são russos. Muitos observadores internacionais se preocuparam com essa corrida armamentista na região.

 A lição do conflito entre o Paquistão e a Índia, do Iraque e Irã, não teve lugar no meio das relações argelinas-marrocos, apesar de conhecer altas e baixas, ameaçando a paz regional, no contexto da interposição da Polisário no confito circunscrito numa guerrilha de interesses, influenciando o processo sociopolítico.

A recuperação do Saara pelo Marrocos forçou a Argélia a manter oposição á integridade territorial marroquina, o que constitui uma das principais razões do desiquilibrio socioeconómico da regional.

A Argélia considerada Rica em termos de receitas do petróleo, dando o luxo de manter populações saarauis em campos improvisados, com uma atitude desafiadora contro Marrocos, e no quadro dos direitos dos povos desprovidos de seus direitos, e da autodeterminação.

De 1975 a 1991, o plano de cessar-fogo entre Marrocos e a frente da polisário, levou Argélia a forçar o Marrocos a fazer gastos militares, impactando o seu PIB.

Essa guerra política, como foi definida, o jornal francés, exige que a monarquia mude de estratégia, em relação aos gastos de mais dez bilhões de dólares, sobre  o seu exército  (130.000 a 160.000 elementos).

Segundo as palavras de Fouad Abdelmoumni: "o custo desse conflito é algo que não beneficia nenhuma parte seja dos líderes e lobies". Além disso esta disputa sobre o Saara Ocidental alimenta outras visões, o desenvolvimento das facções da região do Magrebe, penalizando um certo pacto entre Marrocos e Argélia, provocando projetos da energia renovável e exploração do petróleo nas costas.

A posição da Argélia é contro o Saara marroquino, segundo os ativistas, o direito do povo saaraui depende de um referendo de autodeterminação, tal abordagem provoca um impasse diplomático de tensão militar, caso de Gargarat ponto de encontro e fronteira com Mauritania (2017-2018).

Neste contexto de rivalidade econômica, social e diplomática, o Marrocos e a Argélia escolhem o diplomárico, segundo os comentários jornalisticos, a Argélia parece cega pelas ilusões da receita do petróleo, da liderança regional e do jogo do poder dos militares.

Mais uma vez a questão da abundância de receitas dos hidrocarbonetos provoca uma corrida  traduzida pelo orgulho de ganhar o conflito regional e persistir no impasse, statu-quo, uma "guerra privatizada", que arruina tanto o Reino, através de revoltas internas, desiquilibrio e escassos de produtos e rivalidade e Argélia que convive com ameaças terroristas e falta de alimentos.

Lembrando que o contra-choque do petróleo de 1986, e o colapso do preço do barril não surtiram os efeitos desejados, o espectro da falência financeira e da explosão de tumultos na sociedade argélia é iminente.

O sentimento da rivalidade, 1991 e 1993, levou o país a gastar mais de 145 milhões de dólares na compra de armamentos, cujos saarauis vivem, sob a lema dos esquecidos e das ameaças dos islamistas da FIS (Frente Islâmica da Salvação).

Um verdadeiro desafio para tais regimes chegar a um acordo, impulcionado pelas conjunturas sociais e económicas. preocupados com o aspectro do terrorismo, do tráfico e das drogas.

A receita do petróleo considerada a única fonte para manter esta situação de conflito, e superar o projeto de recuperação do Saara pelo Marrocos. O sinal de alarme veio de fora, uma vez no final dos anos 80, os dois países se endividaram, implicando um baixo padrão de vida para seus povos.

Mesmo os sarauis que sentem as dificuldades financeiras e sociais, receberam transferência dos familiares de Marrocos. A situação é frágil, uma vez os resucros financeiros e os investimentos de Rabat devem ser ajustadas, mas são irreversíveis perante a recuperação do Saara, mantendo a credibilidades dos sarauis, num território autónomo com importantes depósitos de petróleo e gás.

A falta de exploração de hidrocarbonetos, cujo setor pesqueiro cada vez mais importante, se desenvolve pelas empresas marroquinas, ao longo das costas do Saara Ocidental, oferecendo importantes depósitos halieutiques.

Em 1999, a adesão de Abdelaziz Bouteflika à presidência da Argélia deu esperança para chegar a uma solução definitiva do conflito. O Marrocos apresenta um plano de autonomia para o Saara que produziu efeitos positivos junto á França, Estados Unidos e Espanha.. Uma vez a Argélia resigna por razões óbvias de liderança regional, as vezes por razões desconhecidas pela comunidade internacional, manipuladas, e outras vezes sujacentes ao conflito descrito como artificial.

Em março de 2005, o encontro entre o presidente Abdelaziz Bouteflika e o rei de Marrocos, Mohamed VI, levantou um certo otimismo, para aproximar os pontos de vista.

A imprensa divulgou materias que ecoam o boato, a reabertura da fronteira entre Argélia e Marrocos, um primeiro gesto simbólico em prol da reunião.

Na sequência destes fatos houve interferência estrangeira, a Líbia líder da UMA (União do Magrebe Árabe), na cúpula dos chefes de estado 25 a 26 de maio de 2005 em Trípoli. Revelou  um entusiasmo curto, resultado  o rei Mohamed VI, não participou desta cúpula, e seu cancelamento.

Entre as razões deste fato, Bouteflika declarou o direito de autodeterminação dos saharauis no saara marroquino, contra o projeto das reconciliação. Foi o discurso oficial da Argélia que contradiz o Saara e o futuro das relações.

O Ministro Delegado para o Magrebe, e dos Assuntos Africanos, Sr. Messahel,  março 2006, sublihou que a resolução do conflito é uma questão do exercício liberal do povo saraui, um fato sagrado relacionado com o direito à autodeterminação ... tal posição final da Argélia frustra os engajamentos e mantem a situação do bloqueio, abrindo o caminho para as Nações Unidas manipular a questão e as responsabilidades.

 Em relação a Mohamed Bedjaoui, ministro das Relações Exteriores, junho de 2006, no jornal Liberté, tratou do Plano Baker e do apoio à resolução 1.675, ligado à autodeterminação do povo saharaui.

Para Marrocos, toda a situação do impasse sobre o saara envolve as finanças objeto do desinteresse econômico pela relação do Marrocos. Fechar a fronteira, desafiar o principio dos direitos humanos, tem sentido no clima da terceira crise do petróleo, com uma reserva 2010, estimada a 150 bilhões de dólares.

Em soma, os dois países enfrentam uma mini-guerra fria, uma corrida armamentista considerada como um bom presságio para o desenvolvimento político da região.

Do ponto de vista marroquino, o renascimento econômico da Argélia favorece uma tensão renovada. O risco de uma guerra aberta sobre os planos, uma guerra por procuração, sem cálculos para o futuro.

James Baker (Revista TelQel, Marrocos, agosto de 2004): apontou ao dizer "A Argélia e o Marrocos trabalham numa estreita colaboração com os Estados Unidos em sua guerra contra o terrorismo. Mas Washington nunca se mostrou definitivamente pronta para escolher exatamente um ou outro, a ideia é ficar perto de ambos. ..

A Argélia é muito forte, mas o Marrocos venceu a guerra, a Polisário desafia sob a bandeira das associações internacionais, onde se ativa, sob o aspecto da victimização da ocupação e da desproporcionalidadede territorial.

O conflito armado não entre as partes não é uma questão iminente. Mesmo a Argélia e a Polisário provocam para levantar as armas, sem apoio externo. Porém o Marrocos e Argélia continuam a exercer um poder regional, as relações bilaterais são através da França, da Espanha ou  dos Estados Unidos.

A diplomacia internacional foi incapaz de levar Argélia e Marrocos a cooperar numa plataforma de otimismo e concretizar recomendações de paz, apenas alguma remoção por exemplo de vistos, ou gesto apontado para apaziguar as tenções, fatos unilaterais, obejeto atender aos interesses capitalistas da França, da Espanha ou Estados Unidos.

Para Marrocos, a Argélia de Abdelaziz Bouteflika foi o único que procurou  reproduzir a política do ex-presente Houari Boumediene (1965-1979), uma potência regional, impulsionada por hidrocarbonetos, ansiosa para não abdicar a vitória conquistada por Marrocos no Saara.

Por outro lado, o conflito no Saara Ocidental aparece como o principal fator político do bloqueio na construção de uma integração regional. Revelando a incapacidade da Argélia e do Marrocos a trabalhar no sentido de sair de um relacionamento de desconfiança, de hostilidade e de incapacidade desde o conflito das areias 1963.

Uma vez o conflito no Saara Ocidental foi a razão de todos os maus, transforma o poder  numa grande oportunidade. Em termos da política social e económica compartilham os valores a serem estudados no contexto da querra fria.

A monarquia marroquina e o presidencialismo argelino apropriam sentimento nacionalista do movimento Istiqlal, causa do grande Magreb, uma das lutas políticas e sociais. Um argumento suficiente para definir seus ideiais.  

O Saara Ocidental revelou tanto ao regime argelino o seu papel no contexto político e na economia regional. Um conflito saariano nesta área não é recomendado, visto que o povo tem compromisso de paz, sob o disfarce de um sentimento nacionalista, compartilhado pelos regimes políticos autoritários.

Durante os anos 1970-1980, o contexto social das relações são s hostis para a paz mas, os dois países superaram as dificuldades. As críticas internas à violação dos direitos humanos, à corrupção, à concentração da riqueza e à falta de liberdade.

 A Argélia e o Marrocos são parceiros dividem o Saara Ocidental, mas a oportunidade é dada para despejar materia para a imprensa complacente, preconceitos e clichês sob um prisma crítico, a ideia, e que a população frustrada esteja ciente dos desafios do XXI.

Lembre-se que na Argélia, entre 1989 e 2003, tem um salário médio que caiu 20%, gerando um sentimento de empobrecimento, não dissipou facilmente a situação econômica frágil, perante a questão do saara marroquino (Relatório Nacional de Desenvolvimento Humano, 2006).

O povo da região traumatizado pelo colapso e o futuro das relações, sem  justificativa a não ser, por meio do preço de um barril de petróleo, desde 1986.

A Argélia oposta ao Marrocos mantém em todos os períodos de cresis, a convicção de que a riqueza do petróleo aleatória pode mudar o cenário a favor: nos anos 90, 25% , o povo que paga o preço alto, quatro milhões de pessoas vivem com um dólar por dia; 22% sem acesso negado a um ponto de água potável.

Enquanto no Marrocos, em 2002, estima-se que 6,8% da população é desnutrida,  56% rural tem apenas a acesso à água potável e 31% aos serviços da saúde.

Em soma, tais situações levantam interrogações sobre até que ponto as partes cumprem com os deveres, o conflito luxoso indecente para alguns bloqueia toda a região e o desenvolvimento social e econômico.

Em 2007, os dirigentes do Magrebe se reuniram em Marrakech e anunciaram o nascimento do Sindicato dos Empregadores do Magrebe. A data não é fortuita: 17 de fevereiro, o aniversário da criação da UMA, projeto político nascido letra morta.

A interrogação, porém é porque o Marrocos e Argélia vive num clima de tenção?

Segundo Hammad Kassal, vice-presidente da Confederação Geral de Empresários Marroquinos e um dos fundadores do Sindicato dos Empregadores do Magrebe (Le Figaro, 16 de fevereiro de 2007),: "É a economia que quebrará o muro". É hora de despertar!.  

Pressionar os governos para ter parcerias de integração. Sem algemas que paralisam os interesses sociais e comerciais. De fato, o comércio intra-regional continua sendo nulo, cerca de 2,5% dos 105,7 bilhões de euros do comércio global dos países membros da UMA.

O papel da liberdade de ir e ver, racionalização econômica são poucos contra ás estratégias nacionalistas na região. Uma vez o conflito no Saara Ocidental desempenha o paple como cristalizador dos sentimentos ambivalentes.

No Marrocos, a monarquia constrói e se apropria de um sentimento nacionalista que torna a consolidação irreversível, associando seu destino ao do Saara. A defesa de um referendo sobre autodeterminação é a figura da Argélia clássica, imagem de um país no continente africano pacificador, que  almeja a luta em prol dos direitos.

Em resumo, o conflito no Saara Ocidental, instrumento de construção política e não de destrução, no sentido do Marrocos, país mais pobre, porém mais habilidoso que a Argélia, estado generoso indefectivelmente ligado a uma causa perdida.

Lahcen EL MOUTAQI

Pesquisador universitário – Rabat - Marrocos