O REI DAS PELES – DELMIRO GOUVEIA - UM CEARENSE EMPREENDEDOR QUE CONSTRUIU O “PRIMEIRO SHOPPING CENTER DO BRASIL”

Prof: Wilamy Carneiro

Em meados do século XX, um marco socioeconômico veio revolucionar a História de Recife e do Brasil. A trajetória de um menino que ainda adolescente, virou mascate, despachante e deu uma reviravolta no empreendedorismo do país.

Ele, filho de um cearense e de uma pernambucana, nasceu em 05 de julho no município do Ipu, região noroeste do Estado do Ceará.  A família veio para a cidade de Goiana em Pernambuco e depois chegou à cidade de Recife.  Com a morte prematura de sua genitora, começou a trabalhar com apenas 15 anos como despachante e depois como cobrador na estação de trem urbano chegando ao cargo de chefia da Estação de Caxangá na cidade Maurícia.

Delmiro Gouveia enveredou no ramo dos negócios, herança de seu pai. Foi despachante no armazém de algodão, mascate, trabalhou em barco no cais do Porto de Recife. Descobriu sua vocação. Mais tarde com o dom de comerciante entrou no ramo de vendas de peles e couros de cabra e bode, por um intermediário estrangeiro. Tornou-se pioneiro na exportação. O primeiro exportador de couros do Nordeste para os Estados Unidos. Gostava de usar roupas finas e elegantes inventando sua própria moda.

Cidadão progressista, Delmiro Gouveia, com sua intuição empreendedora chegou a ser Presidente da Associação Comercial de Pernambuco. Numa de suas viagens à cidade de Chicago, com instinto empreendedor construiu em Recife o primeiro Shopping Center do Brasil. Esse empreendimento fez a cidade de Recife ser conhecida mundialmente. Turistas europeus visitavam a Veneza Brasileira para conhecer o Mercado Modelo Coelho Cintra conhecido também por populares da região como Derby Centro Comercial, um complexo comercial de lazer, com mercado, hotel e parque de diversões.

O mercado do Derby foi um dos maiores dos gêneros no Brasil, e classificado como um dos melhores hotéis da América do Sul. Atualmente é a Sede do Quartel da Polícia Militar de Pernambuco, situado no Bairro do Derby, fazendo ligações entre as principais avenidas da cidade, Avenida Agamenon Magalhães, Avenida Boa Vista e Avenida Caxangá.

Além desses artefatos, funcionava uma filial da Livraria francesa, perfumaria, artigos de armarinhos, cigarros, calçados.  Um dos principais jornais da época noticiava em um periódico a grande aglomeração do requintado Shopping Center de Recife, era o “Jornal Pequeno”, o jornal de grande circulação em Recife.

 

Mas, segundo historiadores, por questões de rivalidades políticas, um mandante e inimigo mandou atear fogo no complexo do “Derby Center” na madrugada do segundo dia do ano, em 02 de janeiro de 1900.

 

Dias depois Jornais de Recife publicaram a grande tragédia enviando via telegrama ao Governador da época sobre o feito, digo sobre o mau feito e desrespeito ao povo brasileiro e de Recife.  Após acontecimento do incêndio e por questões políticas, temendo represálias e perseguições mudou-se para o sertão alagoano comprando uma fazenda na localidade Pedra, transformando a região num lugar lucrativo pedindo isenção do governo alagoano em transformar um futura fábrica de linhas de costura.   

 

Delmiro Gouveia ficou conhecido por ser empreendedor e passou a ser chamado o “Mauá do Nordeste.” e “Rei das peles”. O industrial foi o pioneiro  no ramo hidroelétrico. Construiu a Usina Angiquinho, a Primeira Usina Hidrelétrica do Nordeste, localizada na micro região alagoana a margem da Cachoeira Paulo Afonso, no Rio São Francisco.    

  

Para nossos leitores, o Ceará já pertenceu a Capitania de Pernambuco. A história se funda entre os dois estados com as invasões dos portugueses, piratas europeus com as tribos indígenas, depois catequizados por jesuítas portugueses. A Independência do Ceará e separação de Pernambuco se deram por volta de 1799, com sua história travada por lutas políticas e conflitos armados.

 

REFERÊNCIAS

CORREIA, Profª Drª. Telma de Barros. Delmiro Gouveia.  A trajetória de um industrial no início do Século XX. Acesso em 13 de março de 2020.

 

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 José Wilamy Carneiro além de professor é escritor, poeta, pesquisador, cordelista e cronista. Membro da ALMECE – Academia de Letras do Município do Ceará. Ocupante da Cadeira Nº 97 do Município de Forquilha no Ceará. Autor de vários livros, dentre eles: “Einstein E Sobral” – A Cidade Luz, publicado no dia 29 de maio de 2019 – Centenário da Relatividade. Publicou o livro poetico "Tempo de Sol" pelo Clube dos Autores e Amazon. Em suas poesias foi contemplado com o poema “Soneto do Amor” na Coletânea 100 Sonetos de 100 Poetas realizado pelo Instituto Luciano Dídimo em 2019. autor do poema "Diário de um Professor" em alusão aos profesores do Barsil e do poema " MULHER- MÃE". Em julho de 2019 lançou o livro " Sonhos do Amanhã - O Zé dos Sonhos - na 1ª FLINAU - Feira do Livro realizado no Náutico Atlético Cearense em Fortaleza - Ceará. É também colaborador de diversos artigos jurídicos e de opinião na web.