E o que vem agora? Depois de um longo tempo sem conseguir olhar no interior da própria alma, ele se perguntava... Uma batalha havia sido terminada. Um conflito longo e duradouro... perdurou por um tempo prolongadamente necessário. Não dá pra projetar a maioria das coisas que se pretende. A projeção confunde e se mistura com as coisas de lugares profundos com as de lugares distantes e novos. Nunca é necessariamente objetivo.

Olhando fixamente os objetos... via-se cansado, esgotado. Todas as forças desprendidas e focadas na mais importante das erupções desencadeadas pela existência torta. Ela refletia uma questão muito profunda e arraigada. Sensível ao mais singelo toque de ar... Detonou uma bomba de resoluções, transformando tudo em cinzas... cinzas finas que se dissipavam dentro de si, fincando-se nas paredes do espírito... marcando pra sempre os lugares vazios, preenchendo as frestas de uma vida desmedida. Não via-se livre da dor, mas acostumado a ela... renitente e lancinante. Contorcia-se e endurecendo-se com força... o descolamento tectônico foi intensamente sentido. Vivido...

Ainda estava muito recente e era importante abrir os olhos com calma para mapear novamente a própria existência. Seguia os próprios passos, andando lentamente, tocando com cuidado o reboco remissivo. Era difícil acreditar... via-se tão preso, tão imbricado na fortaleza firme da maculação. Inacreditavelmente as luzes acendiam e por onde a luz fugia, agora, ela iluminava tudo tão intensamente por dentro, ele não estava mais cindido... era uma nova forma de ser, agora, reconstituído. Um novo eu reluzente e com uma luz própria linda. Ele queria ser. Só queria respirar e sentir o calor que emanava de dentro da alma lavada. Era a sensação mais leve e tênue que ele havia presenciado. Era inominável... era a sua retidão.

Sorriu-se porque apesar do tempo, um ar de alívio apertado saía pelo nariz e pela boca... era um suspirar de tempos difíceis que se findavam. Depois... não conseguiu conter-se e chorou... chorou como que se tudo fosse muito raro... como se um longo esforço começasse a terminar... eram lágrimas... lágrimas que lhe escorria pelas bochechas. Lágrimas que pingavam pelo peito. Lágrimas finalmente sinceras... lágrimas que selavam aquele momento único de reencontro consigo mesmo. O reencontro tão esperado... tão longe e distante por tanto tempo. Suspirava e pegava mais ar porque todas elas lhe banhava de uma forma tão gostosa que queria somente adormecer nos próprios braços, banhado em si mesmo. Amar-se como talvez nunca havia amado... e sorrir pra vida mais uma vez. Olhar ao redor e sentir-se livre de tudo o que o contaminara por todo esse tempo... era hora de ir mais uma vez. Mas ao reencontro da pessoa mais incrível que ele já conheceu. Ele mesmo...