Desde crianças, somos ensinados por nossas famílias a sonhar e planejar seu futuro. Toda criança ouve sempre a mesma pergunta: O que você quer ser quando crescer? Todos nós já passamos por tal fase ou ainda passamos, crescemos e ainda não temos a convicção do que queremos ser.

Bom, acho que quando eu era criança e me fizeram tal pergunta, tive a certeza de que posso não saber o que eu quero ser, mais tenho absoluta firmeza em dizer que sei quem quero ser. Faço parte da minoria nesta geração. Minoria esta que não aceita ser mais um, que não se conforma em ver as coisas como estão e ficar de braços cruzados porque isso acontece em todo lugar.

Aos olhos de muito podemos ser revolucionários, rebeldes até mesmo desordeiros, mas engana-se quem pensa de tal modo. Nós somos o incentivo da democracia, nós somos a voz da maioria (que clama com seus olhos, esperando que alguém os redima), somos atalaias em meio a um povo oprimido.

Digo oprimido não por poderes, corrupção ou politica, não que eu negue sua existência. Mas oprimido pelo conformismo, pela mesmice, pelos miseros trinta reais especulado de aumento para o salário minimo. Somos afrontados diariamente e apenas abaixamos nossas cabeças como se ainda vivessêmos debaixo do jugo da escravidão.

Na simplicidade do meu coração, eu posso garantir a cada um de vocês leitores desse artigo, que não almejo com minhas declarações galgar poltronas em câmaras, senados ou minstérios, ai de mim para almejar tamanho poder. Porque o poder maior que possuo é a minha voz, são as minhas mãos que digitam o que meus olhos veem e o que meu coração se indigna.

Sou sensível às dores dos meus irmãos, que acordam todos os dias pela manhã, deixam suas famílias, suas casas, apenas com o vale transporte da ida e da volta na carteira, com sua marmita na bolsa, que se desloca para outra cidade através de um transporte público ridículo e que só tende a piorar, porque nossos governantes são omissos e coniventes.

Chegam no seu local de trabalho e ainda conseguem colocar um sorriso naqueles rostos marcados pelo sofrimento, pelo desprezo, pela desigualdade e injustiça que são os sobrenomes das nossas leis.
Se sujeitam a diversas humilhações no seu local de trabalho, porque precisam de receber seu salário no dia 30. Tenho propriedade para falar de tal situação, pois me vi em tal situação por inúmeras vezes. Ao ir embora, de um dia estressante e desgastante, dá-se inicio ao transtorno novamente até a chegada em seu lar.

Pra esquecer das afrontas que muitos pais de familia sofrem em seu local de trabalho, passam no boteco do vizinho pra "tomar uma" esquecer que amanhã começa tudo de novo. Não que eu esteja fazendo apologia as bebidas, ai de mim, porque se há uma lei que faria, seria a de proibir a fabricação de bebidas alcoólicas, particularmente eu as abomino.

Mas me diga, meus caros, que vida é essa? Minha indignação é porque todos vemos o probelma, mas não há um sequer que diga, ou melhor que faça algo. A mudança tem que começar em nós, de dentro para fora. Temos que ser inconformados com a injustiça, temos que ser a linha de frente desse batalhão contra esse monopólio que impera desde Alexandre o Grande.

Não negarei minha existência, não passarei em branco aqui nesse mundo, se eu estou nele algo vou fazer, se ão for por mim, pela minha futura geração. Não vou levar para a sepultura o peso do sofrimento alheio que contemplo todos os dias.

Estou enfadada diante dessas situações. Está chegando o Natal, para muitos uma data feliz, pois ganham-se e dão presentes, recebem o 13º salário, as cestas de natal, enfim bonificações porque é Natal.

Hipócritas e mentirosos, essa data é a mais triste que existe, pois as pessoas acham que podem ofender, humilhar, maltratar, desprezar, roubar ser indiferente a nossa situação 364 dias por ano e no Natal, tudo está resolvido.

NÃO, não está resolvido, eu quero ser respeitado 365 dias, eu quero ser ouvido, eu quero ser valorizado, eu quero ser bonificado, eu quero ser considerado, eu quero ser tratado como você, porque nós somos iguais. Não venda sua dignidade pelas migalhas que eles te oferecem, nós em nossa insignificante existência somos a maioria e se nos unirmos em prol das nossas causas, em nossa defesa, alcançaremos o galardão.

"Guarde o que tem pra que ninguém roube a tua coroa" (B.S). O que temos é a honra, a liberdade de expressas, de votar, de se indignar. Não se sujeite, não se venda, não se torne como eles. Juntos mostraremos nossa força, a força da nossa voz, do nosso grito, do nosso clamor. Juntos mudaremos a nossa história.

Não há quem possa calar o clamor do meu coração, não posso olhar a "caridade" fajuta que tentam nos oferecer, nós não precisamos de migalhas, não precisamos de misericórdia, nós queremos ser ativos, ser ouvidos, respeitados.

Não me vendo, não calo a minha voz, não cruzarei meus braços, eu recuso seus manjares e quero o que é meu.

Amigos, companheiros de luta e de aflição, se revista de coragem e enfrente seu opressor, independente do tamanho dele, lembre-se que se uma pedra derruba pode derrubar um gigante, muitas vozes uníssonas podem denunciar e destituir nossos opressores.