Em árabe, a palavra "independência" não exprime o seu conceito moderno tanto na política como na língua. Este conceito"da independência foi interpretado no sentido de um pássaro em seu vôo, que se levanta para voar ou subir no ar, ou ainda como a ida de um povo e sua partida". 

O dicionário da língua árabe no Cairo resumo o sentido da palavra: " Decolar do pássaro e voar, ou decolar do povo, ir ou partir": decolar do folano no sentido, unilateral, gerir seu mesmo e ter comando.

Assim veio a palavra independência, passando para o uso moderno nos dicionários árabes, comuns nas sociedades, para os estudiosos da língua árabe passando a incluir este sentido nos dicionários e nos trabalhos para os tempos posteriores.

Muitos historiadores consideram que a cultura árabe  emprestou da europa os significados políticos da palavra independência e de ciências humanas, notadamente no domínio político. O termo decorreu do inglês, sem dependência, promovido na mídia árabe e na literatura política, tornando a expressão eloqüente no sentido de liberdade, libertação, emancipação, não submissão a qualquer autoridade, ou a pressão e influência externa na literatura política árabe.

Além dos conceitos linguísticos, a palavra independência envolve outros conceitos políticos, jurídicos e intelectuais. Dos quais decorrem outros significados inter-relacionados e inter-ligados nas cenas nacionais e internacionais.. 

Eis a seguir alguns conceitos os mais importantes:

1- A Independência política: envolve a soberania do Estado, onde o seu próprio poder alcança seus indivíduos dentro de seu território e noutros países. Esta independência política explica, em vários dicionários e enciclopédias científicas contemporâneas, um certo sinônimo de soberania, seja do direito do Estado para exercer seus próprios poderes internos e externos sem qualquer subordinação de outro Estado ou de autoridade internacional. Respeitando assim o direito e as obrigações que lhe incumbem por força das Convenções internacionais.

Na terminologia jurídica, a independência política significa a libertação de um povo do jugo de ocupação por força de armas ou de qualquer outro meio. Ela difere de autonomia que reflete um regime de descentralização, objeto de alguns poderes executivos e legislativos.

2- A Independência financeira: tem sentido de alcaçar um estágio de suficiência financeira, o que permite ao Estado de suportar as despesas internos e externos, este típo de independência exprime a existência de instituições financeiras, administrativas e legais que preservam este direito.

3 - A independência econômica: significa a auto-suficiência, o seja o estado independente alcança o suficiente para produzir produtos agrícolas, industriais, comerciais e outros. Manifesta-se no sentido de produção real de bens, e serviços para cobrir as necessidades da sociedade e exportar o excedente.

Neste âmbito, a independência política exprime de ponto de vista de muitos especialistas a realização da independência econômica, uma estratégia de desenvolvimento bem sucedida e de planejamento, baseado em estatísticas e dados reais, capazes de atrair investimentos produtivos e encorajador o capital nacional.

 Na opinião de muitos economistas, a independência econômica dos países é aquela no qual o país alcança um primeiro passo para a consolidação da independência, ou seja tornar o seu regime político independente, uns governos capazes de embarcar no caminho da independência econômica, política e estratégica, tendo em conta os desafios de influência e do controle econômico dos poderes e dos países estrangeiros.

As condições objetivas para manter este regime depende do conjunto de conhecimento e de  influência financeira, econômica, política e institucional. Seus resultados dependem de recursos humanos eficientes, fontes de receita, de cooperação internacional, científica e industrial, bem como de muitas outras estratégias relacionadas às ciências econômicas, monetários e fiscais, etc.

4. A independência do poder judicial: é considerado um dos fundamentos básicos para qualquer regime político, uma garantia para promover os valores de independência política, de separação de poderes, de proteção de liberdades e de direitos individuais. Meio pelo qual se prevene contra a tirania de uma autoridade sobre a outra, ou de violação de leis constitucionais

5 - A independência cultural: é o caminho para a independência definitiva de uma nação, do ponto de vista de muitos especialistas intelectuais, torna-se quase o sinônimo de preservação do caráter nacional e de identidade..

Destaca-se a importância do ato cultural e do papel desempenhado pelas instituições no fortalecimento da independência, e da transformação da cultura efetiva em prol da defesa da identidade e da sociedade, diante das estruturas sociais, econômicas e políticas.

Assim, a independência política é considerada como a libertação do jugo do colonialismo, das condições opostas á legitimidade do Estado, a submessão  a qualquer colonização ou poder externo, tornando o Estado nacional forte e soberano dentro e fora das fronteiras geográficas e sem a interferência de outros estados nem a influência negativa direta ou indireta de outros.

Em soma este sentido em muitos dicionários jurídicos, no contexto da globalização, tornou-se relativa, na explicação de qualquer um de países pobres ou ricos, avançados ou atrasados, atrás do muro de suas fronteiras geográficas, políticas, ideológicas. "econômicas" ou "culturais", uma vez que esta globalizaçáo impõe seu controle político, econômico e cultural, envolvendo em muitas vezes os métodos clássicos coloniais. O que torna a "independência" um objeto de interpretação de conceitos tradicionais na língua e na história, bem como no conceito ideológico.

Não muito longe de conceitos de globalização, onde os conceitos permanecem sinônimo da liberdade e da colonização.  Politicamente, economicamente e culturalmente refletem fatos e enrestrições, as quais impedem a evolução histórica e seu poder de transformação através o tempo.

Por exemplo, um Estado independente não se torna apenas livre por sua vontade, mas graças ao seu poder dentro de seu território, capaz, por razões internas ou externas, a instaurar a soberania e um equilíbrio social.

Enfim para proteger a independência, não é suficiente que o Estado tenha um regime econômico ou uma estratégia cultural. Ele deve formar um exército forte para proteger sua existência e sua soberania, bem como entrar mumas alianças militares, econômicas e políticas, com outros países para garantir a segurança nacional, cultural e integridade territorial.

Alguns estrategistas consideram que a condição da independência é a vontade de segurança, da integridade física, da proteção de privacidade, da liberdade de trabalho, bem como da capacidade para desfrutar de direitos decorrentes desses valores interligados.

Lahcen EL MOUTAQI

Professor Universitário- Rabat- Marrocos