O QUE SÃO PROFECIAS

Ultimamente tem-se falado muito sobre o fim do mundo, cataclismos mortais e outros eventos amedrontadores.

Estas notícias, divulgadas pelas diversas mídias, mais com intuitos comerciais do que informativos, são geradas por grupos envolvidos, de algum modo, com religião ou crenças sem fundamento, principalmente aqueles que veem coincidências de fatos acontecidos com as chamadas profecias de Nostradamus e o criado recentemente Código da Bíblia.

No caso das profecias de Nostradamus, o que fazem é encaixar o que Nostradamus escreveu, numa linguagem cifrada por ele mesmo, em fatos que já aconteceram e, extrair dos mesmos escritos, fatos que ainda não aconteceram e que não acontecerão, mas afirmam que acontecerão.

No caso do chamado Código da Bíblia, procuram aleatoriamente palavras na Bíblia, muitas vezes encontrando até um intervalo constante entre estas palavras, de tal modo que formem uma frase que pode ser associada a um fato passado ou futuro.

Se você pegar as páginas da Bíblia, ou de qualquer outro livro longo e tentar visualizar todas elas simultaneamente, o que você vê? Você vê uma sequência lógica de palavras. Está tudo bem arranjado, bem organizado. Aparentemente tudo simples. Você navegaria por ali sem nenhum problema. Leria e releria várias vezes e afirmaria que sempre leu as mesmas coisas. Mas, será que é mesmo organizado ou é apenas aparência?

Acredite, existe caos no simples assim como existe simples no caos aparente. Quando você olha o todo, pode ver o caos ou a organização; quando olha o simples, pode ver a organização ou o caos.

Então, existe caos num livro com palavras bem organizadas. Há caos em objetos bem acabados, onde se pode ver coisas simples, como, por exemplo, figuras que se pode ver em pedras de mármore polido ou numa pedra desgastada pela água do mar.

Da mesma maneira, de um livro com milhares de palavras, é possível extrair frases que não estão claramente lá.

Então, no caso do Código da Bíblia, está-se extraindo o simples do caos. No caso das profecias de Nostradamus, está-se extraindo o caos do simples: de uma mesma “profecia” pode-se extrair várias outras, variando até em significado.

É muito fácil aplicar-se causas a eventos passados. É o efeito que deriva a causa, ou as várias causas. Assim a Ciência faz com a questão dos dinossauros. Eles desapareceram. Então, um evento externo a eles os fizeram desaparecer. Daí derivam vários eventos capazes de causar aquele desaparecimento.

Até para os eventos de 11 de setembro de 2001 inventaram uma causa que está além da causa verdadeira, que estava na cabeça daquelas pessoas que tiveram sucesso em seu intento. Com isso, acabam é diminuindo a culpa daqueles que impetraram o fato.

Prever o futuro não é uma coisa difícil, da mesma maneira que não é difícil prever como vai ficar uma parede depois que os primeiros tijolos foram assentados. Então, para prever o futuro, basta observar o presente. A chance de acerto é de quase 100%, principalmente quando o intervalo entre o presente e o futuro for curto ou as mudanças dentro do intervalo forem mínimas.

Mas, nem sempre é possível observar o presente. Se assim fosse, os fatos de 11/9/2001 não teriam acontecido (caso alguém desejasse evitar).

São nesses casos que não foi possível observar o presente é que as tais profecias se encaixam. Assim, ao encaixarem uma profecia ao um fato que aconteceu ou não, inventam um presente lá no passado que nada tem a ver com o presente que de fato ocorreu. Adivinhando para trás tentam adivinhar para a frente.

Quando o fato não ocorre, o presente que inventaram é destruído, apesar de nunca ter existido. Por outro lado, podem até ter acertado o presente, mas ignoraram as mudanças ocorridas no intervalo entre o presente e o fato futuro. Mas, mesmo que não queiramos ignorar, existem variáveis (sub causas) incontroláveis, que podem até mesmo ser inseridas pela própria profecia em si.

Por outro lado, também, profecias são até mais aceitáveis do que o que denominam de acaso, aquilo que não tem uma causa conhecida e nem uma profecia por trás. E o que chamam de acaso é isso mesmo: aquilo que não foi acompanhado, monitorado desde o início. Dessa maneira, até o 11/9/2001 pode ser encaixado no acaso, apesar de não ter sido nem isso e nem profecia.

Fazemos profecia a cada instante, quando planejamos ou executamos os nossos afazeres. As profecias feitas durante a execução são muito mais propensas ao sucesso do que aquelas inseridas em um planejamento, porque nesse último caso, o intervalo entre o plano e a execução pode ser bastante longo.

Se o mundo vai acabar daqui a três anos? Eis minha profecia: pelo que posso observar agora no presente; se tudo continuar caminhando como eu posso ver caminhar, não, o mundo não vai acabar em 2012. Porém, pelo que eu não vejo e que pode estar acontecendo, sim, ele vai acabar daqui a 5 minutos!

Quando falamos em mundo, falamos especificamente da vida humana no planeta Terra, ou do próprio planeta físico. A vida humana no planeta pode acabar sim, mas não se pode falar no fim do planeta físico sem falar do próprio Universo. O planeta Terra é uma peça importante no conjunto. Não há como ele acabar sem que muita coisa em volta dele entre em desequilíbrio e acabem também.

Por que não existe uma profecia dizendo que a Lua vai acabar em 2015? Por que não existe uma profecia dizendo que bois e vacas vão desaparecer em 2020? Arrisco-me a fazer uma profecia aqui: em 2020 não se estará mais consumindo carne de vaca ou boi.

Brasilio – Julho/2009.