O que posso dizer de concreto
Publicado em 30 de março de 2010 por Fabbio Cortez
Quem me dera ser o pedaço quebrado
dessas estátuas invisíveis
a caçar a dinastia na poeira do trânsito,
ou o reboco descaído dos muros
com fantasmas rabiscados
pelos parachoques bêbados da cidade.
Nem isso.
Sou do edifício,
do meio-fio,
da esquina,
de tanta esquina
o suicídio,
o tropeço,
o vício,
o meretrício.
Pois se nem a sombra dos heróis
que cavalgam inertes
me dão honras,
e deles herdo somente a queda,
contraio-me como pedra.