27-06-12

O que me segura no chão e você senão eu flutuaria por ai solto no nada, sem amarras, laços e nos. Sem velas, sem ventos e asas, aterrisso próximo.  O bastante para já querer ir embora?  Mas olho em seus olhos e posso sentir que te deixar e estar incompleto, e nada pode faltar no nosso todo. O que faz o meu coração bater e você, toda vez que me inclui no seu. Senão não haveria de ouvir nada, nem pássaros, nem risadas, nem o fogo crepitando na madeira, não ouviria o divino silencio vindo do céu.

 O mundo girando, as estacoes passando, as cores descorando, os sorrisos amarelando o corpo estalando, fraquejando...  A voz ficando rala, escassa, esparsa...  A face ficando pálida, patética, pasma... Há Que ponto chegou!  Sem as cartas marcadas na manga estamos tão longe e tão próximos no mesmo sentimento. Na equivalência de sentimentos estamos anos luzes de distancia. Remando no mesmo barco ate onde conseguimos ir cegos, tateando rostos na escuridão. Perdendo sempre antes o que achávamos que ia termos já. Como a areia que escorrega pelas mãos. Como palavras ditas ao acaso se perdem no murmurinho que o vento leva e trás. Como promessa vazia que não que deixa duvida você sabe lá no fundo que nada vai acontecer, nada vai mudar, nada nem um ponto nem uma vírgula. O que me retém em você e que estou refém dessa situação em que nos metemos.  Sonhando  juntos neste mundo assombrado por nos mesmos.  Inconsciente vivemos essa vida mecânica, virtual aonde nos combatemos ardentemente uns contra os outros, numa guerra particular e muita das vezes secreta.

O que me segura no aqui e agora e você, que me doa tudo, o espirito, a alma, que não chego perto, não toco, não cheiro, perfume do infinito instante. Vivo nesse mundo excluso da luz, cada um por si e ninguém por todos. Tento não me importar com você, mas como? Quando se descobre que somos um? Sei agora que te odeio que te rejeito e, portanto sinto isso por mim mesmo, como pode isso ser assim? Vivo nesse corpo no qual sirvo os seus desejos, que não tem fim, um após o outro, os elos os acorrentam e tudo que desejo e querer mais e mais.  Eu estou envolvido pela sua pele, pela sua casca, pelo mundo criado a minha volta.  Escuto os seus pensamentos, sinto os seus sentimentos.  Sou presa fácil dos seus jogos, que me manipula, me atira para todos os lados, me vira e revira em seus dramas ensaiados pré-concebidos no céu. O que me atrai em você e você, raios de sol de vida que transpassa tudo sem deixar pistas de seu paradeiro ou mesmo que esteve aqui e ainda esta? Sei que esta mesmo não sentindo sequer uma brisa de sua dadiva divina.  Sei que nunca saiu para algum lugar que seja, pois sei que a intensão da meta já foi cumprida. O que quero de você e que me corrija me ressuscite, pois o gosto final desta vida e o gosto  amargo da morte. E aqui que ficamos no fim estendidos cobertos de terra com os olhos fechados sem poder olhar o sol, o céu.  O que quero de você e que você não me deixe esquece-lo, pois então o que sobraria?  O que me leva ate você e a sua estrada que começa do nada atingindo o infinito e prossegue ainda aonde só tu podes alcançar. O que descubro em você que você e o pai e eu sou a criatura e, que me concebeu do nada.