Por Aurélio Jumbe[1]

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Todo o ser vivo, quer animal como humano, posso arriscar dizer que, tem seus medos. Em humanos, tais medos obviamente que devem variar de pessoa para pessoa. Mas em meio a tudo isto, podemos olhar se o medo se ingere no mosso ser e estar de forma geral. 

vamos aqui dar uma vista um pouco mais fina à nossa camada juvenil - da qual eu faço parte - que tem seus sonhos por realizar, aventuras por viver, desejos por satisfazer. Tudo isso, por um lado, naturalmente que faz parte da vida. Por outro lado, a efectivação de tudo isso - sonhos, aventuras, desejos, etc - tem certa exigência da parte de quem os quer viver.

Ora, são justamente estas exigências que, efectivadas, grandemente determinam o saborear ou não do que se almeja.

Como é bom lembrar que, a palavra medo, vem do latim metus que significa perturbação angustiosa, receio ou apreensão perante um risco ou ameaça que pode ser real ou imaginária sobre algo que possa acontecer contrariamente àquilo que pretende ou espera.

Voltando aos sonhos, aventuras e desejos, nós - jovens e todo o ser humano no geral - hoje em dia, de tanto estar na zona de conforto - crescer com mimos e manias, - associado à educação defeituosa e  meia culpa dos pais (que não vou aqui detalhar), a título de exemplo quando os filhos enquanto crianças não aprendem a tirar o seu próprio prato na mesa, lavá-lo, fazer a cama, limpar o quarto e assim sucessivamente de acordo com a idade a ponto de chegar a assumir, cuidar e dar conta de grandes actividades caseiras, matéria da escola para o próprio progresso, quando chega o tempo da real, para efectivar por si só os seus sonhos, aventuras e desejos começa a terrível e interminável guerra.

Com efeito, por conta dos mimos manias e educação defeituosa acrescidas de certas "regras" da sociedade - que alegadamente estabelecem como as coisas devem ser feitas e que se não forem feitas daquela froma dão em erro grave, que chega a gerar depressão, frustração - muitos jovens preferem nem tentar, com o receio que as coisas não dêem certo, receio de perder, receio de passar vergonha e frustração.

Então, por conta disso, corremos e preferimos o que quase não tem exigência alguma. São os "take away", tudo rápido, daqui e agora. Importa sublinhar aqui, parece nos esquecermos que os "take away's", como o próprio nome sugere, são instantâneos, que nos podem enganar com uma sensação de aquela aventura, aquele sonho ou desejo foi realizado, quando na verdade está lá e intocável. E isto, sem dúvida, nos tira a paz interior. Não nos tornamos plenos.

Consequentemente, porque deixamos de seguir, correr atrás dos nossos sonhos, desejos e aventuras simplesmente porque são exigentes, então começamos a matá-los pouco a pouco e quando nos damos conta já é tarde demais, alguns já enterrados e outros em seus últimos suspiros. Ou então, já não nos resta tempo para tal nesta vida.

A respeito, o Papa Francisco, na sua visita a Moçambique em Setembro de 2019, no encontro que teve lugar no pavilhão do Maxaquene, em Maputo, disse aos jovens que duas coisas matam os sonhos, a resignação (quando nos convencemos que não podemos porque achamos que não temos capacidade material, mental ou habilidade para tal) e ansiedade (quando queremos que seja tudo aqui e agora, então esperar é um atraso, não dá aguentar). Podemos então nos questionar, como sair dessa?

Precisamos abandonar algumas fórmulas que só nos puxam para baixo e nunca nos lançam para adiante, senão morremos a cada dia e, chega um dia que nos tornamos "cadáveres ambulantes", assim chamava um padre e docente meu nos tempos de faculdade quando quisesse referir-se ao estudante preguiçoso que a única coisa para a qual não tem preguiça é dar justificação das razões pelas quais não fez trabalho, exercício ou chegou tarde a aula.

Para não matar nossos sonhos, desejos e aventuras, precisamos sair da zona de conforto, fazer nossa própria história. Isto exige um pouco de sacrifício, de dar-se e não querer ganhar em tudo e na hora.

Hoje, depois de ter feito a imagem que acompanha este post, quando entrei no Facebook, vi um vídeo motivacional interessante e que relatava o que eu já viria escrever aqui. Pode vê-lo na página Mentores do Sucesso.

Portanto, não tenha medo de errar, fracassar, passar vergonha porque isto te vai servir de degraus para o teu sucesso, para realizar na plenitude os teus sonhos, desejos e aventuras. Leve consigo a esperança, a determinação e a paciência  (conselhos do Papa Francisco para realizar os sonhos mais belos).

Deixe de ser assassino de teus sonhos, desejos e aventuras. Mas acima de tudo, não te permitas ser um "cadáver ambulante", um jovem que enterrou seus sonhos, desejos e já não sabe por que vive. Não exista apenas. Viva intensamente, arrisque, comece, erre, recomece. Reinvente-se. Este viver é para a tua realização, o teu bem, o bem dos teus próximos e por fim o bem da sociedade em geral (o bem comum).

Aceitas o desafio? se sim, então, mãos à obra!

Um abraço.

 

[1] Jovem, Advogado Estagiário, Assistente Jurídico na Universidade Católica de Moçambique (UCM) e Pesquisador Junior. Licenciado em Direito pela Faculdade de Gestão de Recursos Naturais e Mineralogia da UCM.