O QUE É VIDA EM OUTROS PLANETAS

Se o universo é realmente como o vemos, principalmente quando o que vemos é uma ínfima parte, é muito difícil concluir que estamos sozinhos nele. Se assim for (estamos sozinhos), somos um acidente (como muitos cientistas afirmam, mais por convicções pessoais do que por causa de provas a favor ou contra, pois estas ainda não estão disponíveis) e Deus não existe. Tudo é um acidente resultante de um cataclismo energético. Como não sabemos o que é energia, não precisamos nos preocupar com a sua origem. Ela pode, inclusive, ser o nada. Se não estamos sozinhos, ainda assim poderemos ter o acidente energético, se bem que com uma probabilidade bem menor. Nesse caso, aumenta muito a probabilidade de uma força criadora e organizadora, seja seu nome Deus, a Força ou o Desconhecido. Não importa, já que ela estaria fora de tudo o que conhecemos ou podemos imaginar.

Se os planetas nascem das estrelas, os planetas do sistema solar nasceram do Sol. Supondo que a vida só se forma de uma relação entre a distância de um planeta à sua estrela e o tamanho dessa estrela, a possibilidade de haver vida em outros planetas é altíssima. Por outro lado, talvez seja rara por estrelas, pois, deste raciocínio podemos concluir que o planeta Terra está a caminho da morte; Marte e todos os demais planetas exteriores já morreram; Vênus terá vida logo e Mercúrio vai ganhar um irmãozinho, ou não, se o Sol não der cria!

Agora, existindo civilizações em outros pontos do universo, por que não conseguimos contato com elas? Por que, aparentemente, não estão nos planetas mais próximos? Por que têm que estar tão longe? Não tem sentido, a menos que tenham um pavor extremo de nós, e assim foram para mais longe. Mas, para irem para mais longe ou terem aquele pavor de nós eles têm que estar mais adiantados que nós.

O problema é que procuramos por gente iguais a nós, que tenham o mesmo tipo de tecnologia, por exemplo. Ora, talvez sejamos realmente únicos nesse sentido e nada vamos encontrar procurando com esta visão. Por que têm que ter carne e osso? Por que tem que ter um corpo parecido com o nosso? Por que têm que afetar um ou mais de nossos cinco sentidos? Por que têm que usar ondas de rádio?

O que e como devemos procurar? Devemos procurar por padrões que não sejam nossos padrões. O problema é que padrões que não conhecemos são nada para nós. O que não se encaixa no nosso modo de pensar deve ser desconsiderado, não existe. Se os cientistas estão pensando assim, então é melhor que parem de gastar dinheiro com isso e passem a trabalhar com coisas mais utilitárias aqui na Terra mesmo. Essa busca é inútil. Vamos esperar que eles nos descubram.

Vamos imaginar que num planeta X qualquer, num ponto do universo, existe vida semelhante à nossa. Com o que eles estariam preocupados neste aspecto de vida fora de seu planeta?

Se pensam como nós e, necessariamente, têm uma realidade diferente da nossa – realidade material e talvez até mental -, nunca vão nos encontrar. Se são atrasados, não temos o que discutir. Se são mais adiantados tecnologicamente isso nada significa, pois podem possuir aparelhos altamente sofisticados para eles que, em relação à Terra, são como um simples pedaço de pau, totalmente “mudo”.

As armas e outros utilitários que os filmes de ficção mostram são todos baseados nos utilitários terrenos. Funcionam aqui, mas não podem funcionar lá.

Agora, se eles descobriram um jeito de nos contatar sem que percebamos, por que se “escondem”? Ou o contato seria destrutivo para um ou para ambos ou então existe um controle superior desconhecido para nós e não necessariamente desconhecido para eles.

Em qualquer caso, só nos resta esperar e continuar fazendo nossa parte para descobrir algo, mas sem bitolamento. Se, no futuro, conseguirmos um contato, vamos rezar para que seja para aprender ou para ensinar, sem dominar ou sermos dominados, sem destruir ou sermos destruídos.

É impossível se colocar no lugar de um alienígena e deixar de pensar como um terráqueo, daí, não podemos imaginar o que aquele alienígena pensaria sobre as “questões de sua vida”, como um Deus, uma origem e um destino. Para podermos imaginar temos que mudar nossa forma de pensar. Para mudarmos nossa forma de pensar, temos que deixar de ser terráqueos, o que é impossível, pelo menos enquanto vivos.

Qualquer exercício de imaginação é só isso: imaginação, como estórias em quadrinhos. Uma delas pode estar certa, mas não podemos saber, até que tenhamos aquele contato. Caso eles não tenham respostas convincentes (para nós), eles estarão no mesmo “barco” em que estamos. Se as tiverem, há ainda o risco de sua origem e crenças não se adaptarem a nós.

Acho muito difícil que, caso eles existam, tenham respostas que nos satisfaçam, pois só o fato de interagirmos com eles os igualariam a nós (no nosso modo de ver), o que nos faz “transferir” para eles a nossa falta de respostas. E basta que esta interação seja apenas visual, ou através de sinais quaisquer. Nem se fizessem demonstrações fantásticas eles nos convenceriam, pois, tomamos isso por conta de sonhos e alucinações. Se fizermos o primeiro contato depois de estarmos acostumados com viagens a outros planetas, ainda há o risco de pensarmos que são terráqueos disfarçados.

A única coisa que convence o homem é a morte, pois ele não pode vivenciá-la como a vida, o sonho ou as alucinações. Aquilo que você é capaz de vivenciar não tem valor para você. É o mesmo que não se dar valor. É uma questão difícil de ser resolvida.

Mas, e se estivermos realmente sozinhos no universo? Muitas perguntas surgem:

Qual é a razão para a existência dos demais astros? Manter o equilíbrio da Terra? Mas, para que precisa-se de tantos para manter esse equilíbrio? Se há um arquiteto, ou ele é meio fraco ou não podemos entender sua obra.

Somos um acidente? Não. Pelo menos não no sentido que entendemos o acaso. Se assim for, então a probabilidade maior é de que tudo seja apenas ilusão, sonho, alucinação sem fim.

Somos especiais? Então existe um Deus. Mas, não precisamos estar sozinhos.

O universo ainda está em construção e somos partes da experiência? Assim que nossa parte da experiência terminar seremos substituídos?

Acredito que exista vida sim em outros planetas, mas não da maneira que imaginamos. Possuímos vida, mas, isso não implica que a vida só possui seres como os da Terra.

Só existe uma possibilidade de existir vida inteligente fora da Terra: Eles pertencem a uma forma indetectável para nós e, talvez, não sejamos detectáveis para eles.

Isso é a mesma coisa de não existirem. Isso nos leva a uma única conclusão final:

Não existe vida como a nossa fora do planeta Terra. Nós somos os únicos com essa forma de vida. Fazemos parte de um início. Cada geração que surge é um novo início, mas, herda o conhecimento adquirido pela geração anterior. Depois, cada geração que desaparece, acaba se juntando à geração daqueles seres indetectáveis, que sofrem o mesmo processo, ficando cada vez mais inteligentes, mas, mesmo assim, incapazes de nos detectarem.

Só nós e eles existimos nesse universo. Enquanto um não detectar o outro, seremos os únicos seres existentes no universo, no nosso ponto de vista.

Brasilio – 2005.