O QUE É VIAGEM NO TEMPO Quanto mais rápido você "vibrar", mais lento o teu relógio de referência parecerá. O ponteiro de segundos de um relógio acha que o ponteiro de minutos é muito lento. Quanto mais lentamente você "vibrar", mais rápido o teu relógio de referência parecerá. O ponteiro de minutos acha que o ponteiro de segundos passa muito rápido. Para o ponteiro de segundos, o ponteiro de horas está morto. Para o ponteiro de horas, o ponteiro de segundos é quase invisível, quase não existe. Se você fosse o ponteiro de segundos e teu irmão gêmeo fosse o ponteiro de minutos, e o ponteiro de horas marcasse a idade de ambos, marcasse o envelhecimento de ambos, teu irmão ficaria muito mais velho do que você em pouquissimo tempo, porque, o ponteiro de horas vai rodar mais rápido para o ponteiro de minutos do que para o ponteiro de segundos. Supondo que cada hora fosse um dia, enquanto passasse um dia para o ponteiro de segundos, passariam 60 dias para o ponteiro de minutos. De novo: Dois ponteiros de segundos convivem normalmente no mundo deles, como nós convivemos normalmente no nosso, todos se movendo à mesma velocidade, usando a mesma referência de relógio. Também, dois ponteiros de minutos convivem normalmente no mundo deles. Agora, leve um ponteiro de segundos para o mundo do ponteiro de minutos. O que o ponteiro de minutos levar uma hora para fazer, o ponteiro de segundos fará em um minuto. Sobrarão 59 minutos para ele fazer outras coisas. Se o envelhecimento deles for por minuto, se a medida de envelhecimento for o minuto, o ponteiro de minuto envelhecerá 60 vezes mais rápido que o de segundos. A questão é: como ficar mais rápido? Aumentar a velocidade do metabolismo teria um efeito oposto: você morreria logo. Diminuir a velocidade de suas funções? De certa maneira, você não estaria vivo. Segundo Albert Einstein, você conseguiria isso se estivesse viajando à velocidade da luz. É estranho isso, pois, segundo dizem, foi Einstein que disse que a velocidade é relativa. E é mesmo. Então, se um fóton de luz está sempre à velocidade da luz, um observador sobre este fóton me veria viajando à velocidade da luz. Se este observador for o irmão gêmeo, pelo relógio dele ele ficará mais velho do que eu; pelo meu relógio, eu ficarei mais velho do que ele. Empatou! Com o relógio você pode fazer a experiência, mas consigo mesmo não. No máximo, você poderia fazer em 1h uma atividade que normalmente voce faz em 2h. Então vamos ficar só com a teoria. Essa teoria só funciona para o relógio. Não tem como ela funcionar para o teu relógio. O único jeito de você ficar mais jovem do que teu irmão gêmeo é o ponteiro que dá a medida de teu envelhecimento começar a andar mais devagar e o ponteiro que mede a velocidade de tuas atividades normais continuar no mesmo passo em que ele se encontra agora. Assim, não basta um relógio. Mais: o relógio de cada um tem um passo próprio, independente dos demais relógios, quaisquer que eles sejam. Isso só mostra que isso que chamamos de tempo não existe de per si. É uma coisa relativa. Quando um de teus relógios para, você morreu um pouco. Em relação a este relógio que parou, tudo que não está parado está infinitamente rápido. A morte é a parada total, onde, a princípio, tudo em volta ficaria tão rápido que se tornaria invisivel, inexistente. Mas, o problema é que a consciência morre também (até onde sabemos), daí não dá para saber se tudo ficou mesmo mais rápido. A sensação do tempo só existe na consciência. É uma medida relativa à consciência. Nós não estamos viajando no tempo (para o futuro), por que “as horas vão passando” e nós vamos acompanhando, com que montados nelas. É o tempo que viaja em nós. É a percepção do instante anterior em relação ao instante atual que nos dá a sensação de tempo. Na verdade, é um espaço (uma medida) consciente. Não há como viajar no tempo para o passado. Só a consciência pode ir ao passado, através do que chamados de lembranças, mas não pode interagir com ele, pois todas as interações são materiais e nada material pode viajar no tempo, nem para a frente e nem para trás. Lá no passado, que era presente, a consciência interagiu com os fatos, além de ter havido uma interação dos sentidos com aqueles mesmos fatos (o que causou o registro simultaneo na consciencia). A consciencia agora pode rememorar, mas os sentidos não podem mais perceber novamente aqueles fatos. Matéria só pode interagir com matéria. A sensação do dejá vu aparece quando nos defrontamos com um fato bastante semelhante com o qual interagimos no passado ou com o qual interagimos em sonho, esteja este consciente ou não. A vida de uma pessoa viva é um evento único que determina a passagem do tempo para essa pessoa. Este evento está relacionado com outros eventos no "mundo" dessa pessoa, nisso se incluindo todo o universo material. Esse evento não é palpável, não é algo que cresce em camadas que possam ser reacessadas. É como água fervendo: a bolha que aparece agora não é a mesma que apareceu há 2 segundos. Não há como essa pessoa voltar pessoalmente ao passado sem que todo o universo atual a acompanhe. Mas, nada material pode viajar ao passado. Eventos tem um inicio e um fim, mas nenhum evento vai e volta. Um evento que nasce é sempre um novo evento, não é um evento que já existiu. O evento minha vida é um evento único meu, mas passou por contextos e está num contexto que também é um evento único, que é este universo aqui e agora. Eu, como evento, posso chegar ao fim, mas, o evento universo, o contexto em que eu estava, continua, um pouco diferente, mas continua. Se o evento universo terminar, eu termino junto com ele. Meu término, como o de todos, é a morte. Talvez morrer seja ir para outro contexto, seja teu evento chegando ao fim sozinho ou junto com o universo. Talvez morrer seja ir para o passado (sem trocadilho!) ou ir para o futuro (já que ninguém que está aqui agora vai poder te alcançar lá mesmo). Se existe uma maneira de sair deste universo, isso só pode ser através da morte. O problema é que desejamos sair com corpo e tudo. Ora, talvez o portal para o corpo esteja na terra, enquanto o portal para a alma esteja no céu. Quem sabe? Só quem já foi. Dizem que para a morte você ganha uma passagem só de ida. O problema é que só te dão a passagem no final da viagem. Você não recebe a passagem para viajar, você viaja para receber a passagem. Portal Temporal ou Portal Espacial? Se houvesse uma maneira de você voltar no tempo, teria que ser como voltar um filme. Não interessa onde você estivesse, ou em que estado você estivesse, mesmo vivo ou morto, você faria todo o teu caminho de volta até à tua origem primeira. Voltar e se ver seria duplicar a si mesmo, duplicar o espaço, entrar num universo paralelo, como se cada pentelésimo de tua existência fosse um universo diferente, ou seja, a vida não seria contínua, mas discreta, com cada universo se empilhando para formar o evento único que é a tua vida até aqui. Considerando que cada universo é um espaço, considerando que o espaço é penetrável, aí sim, vocè poderia ir ao passado através de um portal espacial. O portal espacial seria o que se chama de buraco de minhoca (worm hole). Se existem mesmo dimensões que ainda não conhecemos, é bem possível que um portal espacial possa realmente existir. Assim, em vez do skatista rolar por dentro do U, ele rolaria de uma beirada à outra do U, gastando muito menos energia (que associamos a algo que chamamos de tempo). De repente, pode haver um portal espacial dentro do teu guarda-roupas que te leve, num passo, a Paris, a exemplo do guarda-roupas de Nárnia. Talvez nos falte consonância para encontrarmos tais portais. As impedâncias não se casam! Se nessas dimensões estranhas estão os universos paralelos que compoem a vida de cada um, então, sim, você pode ir ao passado. Esse esquema, porém, elimina o futuro. Mas, como o futuro não existe nem na consciência, tudo bem, você não pode ir a um lugar que não existe. Na verdade, você já está nele, a cada pentelésimo à frente. O presente, que é futuro do passado, existe. Então, o único futuro que existe é o presente. Como o presente ainda não é passado, não existe ainda o futuro para ele. Se se supor a existencia de um futuro já fixo, então estamos destinados, e nada que fizermos aqui poderá alterar tal destino, a menos que estejamos todos num passado, para o qual entramos através de um portal. Talvez Deus, de quando em quando, nos avalie e, não satisfeito com nosso rumo, nos manda de novo ao passado para escolhermos um novo caminho. Nesse caso, porém, o futuro fica incerto. A existencia daquele futuro fixo enterraria de vez a nossa já falsa idéia da existencia de alguma coisa chamada tempo, pois o evento vida, independente da vida de cada um, seria uma coisa eterna, sem começo e sem fim. Todos os universos paralelos possíveis já estariam empilhados. A partir de um deles você deixaria de existir materialmente. Você poderia até visitar teu túmulo, ou ir ao teu próprio velório, né? Vamos assumir que o presente, que o agora, que o já, foi o último universo empilhado, e dele para cima só tem o nada. Vamos supor que você encontra um portal espaço-temporal e penetra num espaço passado. Em algum lugar naquele universo você existe e agora existe em duplicidade. Aquele universo não é mais o mesmo. Você acabou de alterá-lo. O universo presente também não é mais o mesmo, pois você saiu dele, mas esse não é importante, pois o presente está sempre em mudança mesmo. Assim, talvez você não tenha viajado para outro universo, mas morreu. Mas, e o universo que já tinha sido fechado (um outro já foi empilhado sobre ele)? Se você sair dele sem interagir, talvez fique tudo normal. Mas, e se for possível interagir e você fizer isso? Conversar com alguém, ouvir alguém não tem lá muita importância, pois isto está acontecendo agora e você não sabe se a outra pessoa veio de um futuro. Mas, e se você construir ou destruir alguma coisa, mesmo que seja uma idéia na cabeça de uma pessoa? Os universos acima daquele em que você está não seriam reformatados? Se você matar seu futuro pai, o universo onde você nasceu te daria um outro pai ou te apagaria de todos os universos acima onde você fosse achado? E teus irmãos, seriam apagados para sempre? Você não os encontraria mais nem num futuro acima do presente do qual você veio, supondo que existissem os futuros. Você, claro, poderia voltar para qualquer um dos universos acima do qual você está agora, se desenhando de novo. Se você permanecesse ali um pentelésimo e mais um pouquinho, você seria “automaticamente” levado para o universo que está imediatamente acima, causando nele uma nova modificação: tua presença dupla. Um você novo com um você velho. E, à medida que fossem passando os pentelésimos você ia subindo, em duplicidade, causado a nova modificação em cada um dos universos acima. O que aconteceria quando você chegasse no universo do qual você saiu? Você ficaria triplicado, duplicado ou seria único? Seria único, pois tua cópia mais nova estaria pegando o portal para o passado e você não estava ali, porque tinha pegado o portal para o passado. A diferença é que você ainda continuaria no passado, apesar de ter ido para o presente do qual você saiu. Dali para a frente (nos novos universos que foram empilhados enquanto você viajava no passado) você não existe. Quem está ainda vivo no presente (último universo empilhado) e te conheceu, ainda espera teu retorno. Você retornará mais novo ou com a idade que teria no novo presente? Ou será que, uma vez um universo fechado, nada do que se fizesse ali se refletiria para a frente, acabaria ali mesmo? Você interagiria, as outras pessoas ali te responderiam, mas seria como se você e eles estivessem numa cópia temporária daquele universo, que seria apagada assim que você saisse dali. Com isso não haveria risco nenhum para o futuro. Você poderia até brincar de matar o teu pai, mas não poderia ser pego pela polícia e ser executado, porque, mesmo na cópia, você sofre. Vocè desapareceria. Poderia ser encontrado num universo acima daquele do qual voce desapareceu e abaixo do presente, mas não seria o mesmo que viajou. De certa maneira, você seria dado como morto no presente, porque não teria como retornar. Ou será que, em vez de reformatar os universos já fechados, cópias alteradas deles seriam mantidas ao lado deles (não empilhadas sobre eles, porque não fariam parte do evento normal), como desvios? Essas cópias formariam pilhas próprias. E isso aconteceria a cada pentelésimo que você permanecesse naquela cópia. Isso bate com o que falei de Deus lá em cima, sobre tudo já estar traçado, mas nos é dada a chance de escolher. Tem os eventos normais, os caminhos retos, e tem os desvios. Quando pegamos um desvio somos recolocados, para pegar o caminho reto. Mas, não é isso que fazemos todos os dias aqui no presente, no nosso chamado mundo normal, sem portais e sem viagens no tempo? Brasilio – Novembro/2010.