O QUE É SER MORAL OU ÉTICO OU ÉTICO-MORAL?

Por: Elizete Brito

Até hoje é muito difícil, definir o que seja ética e o que seja moral. Pois, muitas pessoas confundem a definição destes dois termos, fazendo confusão quanto aos seus significados e até que ponto eles podem atingir. Quando não conceituam um conceituam um no lugar do outro, falam, dizendo que os dois sejam a mesma coisa: o que não é.

Portanto, no caso de Pedro, que conhecia os pormenores existentes no trajeto até sua casa, e que estas particularidades interferiam no tempo que lhe permitia até chegar no seu lar, ele era ético; e naquele dia fatídico, quando errou letalmente, foi pelo fato de ter deixado de ser moral, quando eximiu de seus princípios.

Assim, moral, é aquele que segundo Nietzcthe trad. Braga (2007, p. 71), quando diz: “na moral, o homem não se trata como um individuum, mas como um dividuum...”. Pois, neste caso (individuum) ele não vive para si mesmo, mas como um ser coletivo (dividuum), com os outros e para os outros no que diz respeito aos bons costumes e princípios. Já a ética se relaciona à lei ou normas estabelecidas a um grupo ou vários grupos, mas também, relacionada às boas condutas de vivência.

Pois assim, quanto à família, Pedro era moral, pois sabia o que deveria fazer quanto ao seu compromisso com seu filho, mas não foi ético, pois sabendo dos riscos que ali infligiam, resolveu parar e por alguma razão, talvez a bebida ingerida no “happy hour” com os amigos, desvinculou de seus compromissos com a lei.

Assim Pedro conhecendo os riscos do perímetro, tendo a noção do que as pessoas ali faziam, inclusive como transeuntes, como das normas e horário permitidos no fluxo do trânsito, se considerava um homem ético, tendo vista o respeito pelas leis e normas impostas ao local que sempre se deslocava; assim como também era um homem de moram, visto que tinha e dava grande importância ao convívio com a família e ao trabalho, assim como o espaço – tempo aos “amigos”. No entanto, a incorrência de deslizes no que diz respeito a ética e a moral, é visto todos os dias, que muitas vezes ocasionados pelo que chamamos “fatos conjunturais”, os homens na sua essência como cidadãos e como indivíduos de direitos e deveres são desviados de suas condutas morais e éticas, levando-os aos dessabores e vicissitudes da vida.

Pois se Pedro, pelo fato de ser ético-moral, tivesse seguido como de costume o seu itinerário, dando maior importância ao compromisso com seu filho, assim como, não tivesse feito este happy hour com os “amigos”, ou tivesse pelo menos, mesmo atrasado em seu horário, respeitado a velocidade imposta neste percurso, talvez não tivesse ocasionado a perda da sua liberdade, e também, destruído uma família, a qual supõe-se vivia o mesmo princípio de Pedro: o da ética e da moral.

Portanto, ser moral, é permitir-se olhar os outros como se fizessem parte de sua vida, dentro dos aspectos de costumes, sejam eles culturais e ou costumes absorvidos, especialmente dentro da família; ou ser ético, respeitar as leis, normas estabelecidas a todos os cidadãos de uma sociedade ou comunidade na qual vive esse convive, inclusive para o bem comum entre seus integrantes/participantes.

Pois, segundo a moral de Kant apud (Nietzsche, 2007, p. 47): “exige de cada indivíduo ações que desejava de todos os homens”. Aqui fica claro o respeito aos bons costumes, sejam eles familiares, ou sociais ou outros aspectos que permeiam o convívio em sociedade.

Já os PCNs quanto a ética define, que:

Seja uma reflexão sobre as diversas atuações humanas...não havendo descompasso entre o “que se diz” e “o que se faz”. Partindo desta perspectiva... traz a proposta de que se realize um trabalho que possibilite o desenvolvimento da autonomia moral, o que depende mais da experiência de vida favoráveis do que de discursos e repressão”

Assim, estas atuações humanas não se devem desvincular daquilo que é moral, pois implica no princípio da boa vivência e convivência, e nem daquilo que é ético, visto que devemos seguir normas para alcançar estas boas relações e inter-relações de harmonia, bem-estar e convivência na sociedade.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs. – Introdução. MEC/SEF: Brasília/DF, 1998.

NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Humano, Demasiado Humano. 2ª Ed. Editora Escala. Trad. Antonio Carlos Braga (2007). São Paulo/SP. (Coleção: Grandes Obras do Pensamento Universal)