Emanuel Isaque Cordeiro da Silva

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Sociologia e poder - as formas de poder na vida pragmática dos indivíduos - o que é o poder?

De acordo com o sociólogo alemão Max Weber, o poder refere-se à imposição da própria vontade numa relação social, mesmo quando há resistência alheia. Nesse sentido, todas as relações sociais que estabelecemos com indivíduos, instituições ecoletividades são também relações de poder, que podem se apresentar de maneira explícita ou não.

Por exemplo, as relações familiares são relações sociais carregadas de poder. Os membros de um núcleo familiar exercem poder uns sobre os outros em diferentes níveis. Os filhos, em várias situações, agem com base nas orientações e vontades dos pais. Quando um adolescente é convidado para uma festa de amigos, o horário em que deve retornar pode obedecer a uma orientação ou determinação dos progenitores, embora pessoalmente ele desejasse ficar mais tempo na comemoração. Esse poder familiar pode ser caracterizado como direto (explícito), quando o horário de retorno é claramente determinado pelos responsáveis — "Você pode ir, mas deve retornar até meia-noite" -, ou indireto, no caso em que, apesar de não ter sido dito de maneira clara, o horário de retorno da festa é determinado em função dos responsáveis - "À meia-noite tenho de estar em casa, senão meus pais vão ficar preocupados" -. Nos dois exemplos, a conduta do adolescente foi condicionada pelos responsáveis, que impuseram sua vontade: o jovem deveria estar em casa em um horário específico.

Nota: Os membros de um grupo familiar exercem poder uns sobre os outros, o que se manifesta nas práticas cotidianas, como em uma conversa entre mãe e filha ou em uma ida às compras.

O inverso também ocorre. Em muitos casos, a conduta dos pais é influenciada direta ou indiretamente pelos filhos. Quando uma criança pede um presente aos pais e eles atendem ao pedido, há um exercício de poder explícito sobre eles. Quando os pais ou adultos de uma família compram o presente para a mesma criança, levando em conta um possível desejo dela -"Vou comprar esse brinquedo porque ele (ou ela) vai adorar"-, o mesmo processo está em curso; ou seja, há o exercício de poder da criança sobre os pais, só que agora de modo indireto.

No caso da análise das relações familiares, temos um exemplo de poder que é reconhecido legalmente. Há situações em que esse reconhecimento é somente social, mas isso não diminui sua efetividade. Não há norma legal que indique a necessidade de agir conforme a vontade de um amigo ou uma amiga, ou ainda do grupo do qual faz parte. No entanto, muitas vezes a conduta de um indivíduo é pautada pelo atendimento à vontade, explícita ou não, de alguém por quem ele tem apreço. Por exemplo, muitas vezes assistimos a um filme ou a uma peça de teatro não por gostarmos, mas por influência de um amigo ou uma amiga. Nessa situação, há o exercício de poder de um indivíduo sobre outro. Ainda que não sejamos obrigados a fazer isso, essa atitude constitui uma forma de agir para obter reconhecimento social e desenvolver o sentimento de pertencimento a um grupo.

Nota: As relações de amizade também contêm elementos de poder. Ser escolhido ou rejeitado define o reconhecimento ou o isolamento de uma pessoa em seu ambiente social, o que pode ampliar ou limitar o campo de atuação de um indivíduo em relação aos seus pares.

Perceptível nas relações privadas, o poder apresenta contornos ainda mais claros na esfera pública. As relações de classe, o controle social, o exercício da autoridade, as leis e normas sociais, o poder dos governantes sobre os governados e a indústria cultural são exemplos do exercício de poder na sociedade. Essas formas de poder se caracterizam pela capacidade de influenciar, simultaneamente, a conduta coletiva de uma grande quantidade de pessoas.

Quando um empresário estabelece as normas de conduta para os trabalhadores de sua empresa, ele exerce poder sobre eles na medida em que define o modo de agir desses indivíduos no espaço da empresa e no exercício de suas atividades profissionais. A legitimidade para o exercício desse poder são as relações de produção da sociedade capitalista, que permitem ao patrão determinar a conduta dos empregados desde que não infrinja as normas previstas na legislação.

Quando um governante, no exercício de sua função, estabelece normas e regras sociais que devem ser cumpridas por todos, também se configura uma relação de poder. Por exemplo, a decisão de um prefeito sobre os locais onde é permitido o estacionamento de automóveis interfere na conduta dos motoristas. A demarcação de vagas especialmente destinadas a idosos e a portadores de necessidades específicas da mesma forma indica a regulamentação do espaço público, no caso visando atender a demandas de um grupo social definido. O respeito a essas vagas especiais depende da aceitação social de que aquele direito deve ser reconhecido.

Emanuel Isaque Cordeiro da Silva - Formado em agropecuária pelo curso técnico profissionalizante integrado ao ensino médio do Instituto Federal de Pernambuco campus Belo Jardim (2016-2018). Formado em Magistério (Normal Médio) pela Escola Municipal Manoel Teodoro de Arruda anexo da Escola Estadual Frei Cassiano Comacchio (2014-2017). 

Sua base sociológica: Ivan Albérico Ferreira de Carvalho - EMMTA/EEFCC (2014-2017). Mario Ferreira de Lima - IFPEBJ (2016). Nathalia da Mata Atroch - IFPEBJ (2017). Álvaro Livio de Sá Koneski - IFPEBJ (2018).