O QUE É O PRESENTE

Todo esse trabalho foi desenvolvido após leitura que fiz de uma parte do livro (na web) do francês Frank Hatem[1]. Na verdade, ainda estou lendo seu trabalho e traduzindo para o Português. Todas as teorias que ele expõe são muito interessantes e bastante lógicas.

Neste trabalho discuto a teoria dele sobre o universo. Talvez, quando eu terminar a leitura de seu trabalho e conseguir deglutir suas teorias eu até as aceite totalmente e mude o que eu tenha escrito. Por enquanto não. As discussões que coloco são apenas para ajudar, porque acho que nunca chegaremos na verdade absoluta, como o próprio Frank diz, citando Karl Popper: uma proposição científica nunca pode ser provada verdadeira, porque, por mais observações que a confirmem, ainda assim ela pode estar errada. De outro modo, um único experimento que a invalide a provará errada para sempre.

O que é o presente para você? Você provavelmente vai responder: presente é o que eu estou vendo, o que estou sentindo, etc. Pense de novo. “Estar vendo” significa “começar a ver, ver e parar de ver – ou continuar a ver”, certo? Então o tempo passa neste processo! Se o tempo passa, do instante que você começou a ver mais um trilionésimo (ou um “nadésimo”) de segundo já é passado, NÃO É MAIS PRESENTE! Sim, tudo o que você vê, ouve, sente já é passado, ocorreu um evento. Não existe nada no presente!

Imagine um cilindro. Ele pode ser imaginado como infinitas circunferências empilhadas umas sobre as outras. Matematicamente é isso mesmo. Tanto que o volume de um cilindro é calculado matematicamente multiplicando-se a área da circunferência pela quantidade de circunferências (esta forma a “altura” h do cilindro): pR2h, onde R é o raio da circunferência.

O que pode ser envolvido totalmente por um círculo? Nada. O que pode ser envolvido totalmente por um cilindro? Qualquer coisa.

O presente não tem duração, nele não ocorrem eventos, pois, se ocorrer algum, teremos o passado. Ele é como a ponta do nosso cilindro, onde as duas dimensões que formam a primeira circunferência é o presente e as demais circunferências ao longo do eixo do cilindro para baixo é o passado. Então, nada existe no presente, pois, quando notarmos já é passado.

O nada é o presente, onde tudo ocorre instantaneamente, mas, ao mesmo tempo, é vazio. Ora, se o que vemos, sentimos, etc. é passado, então tudo é uma ilusão. A ilusão é o que fica no passado. Quando estou olhando para um objeto (ou sentindo qualquer coisa), tenho a ilusão do presente temporal (por isso eu falo “estou vendo”), mas, na verdade, esta persistência é a alimentação constante que o presente provê. É a energia daquele nada se manifestando na forma do objeto.

Como o nada pode produzir alguma coisa? Precisamos definir o nada (ou redefinir!), pois parece que ele gera alguma coisa sem ter o material para isso.

Qual é o conceito comum do nada para nós? Apesar de ser difícil definir em palavras, todos nós temos um sentimento indefinível do que ele seja. No fundo, o que fazemos é “defini-lo” pela exclusão do tudo, porque não é possível defini-lo de outro modo. Se assim for feito, ele será alguma coisa, e o nada, pelo que sentimos, exclui tudo e é, obrigatoriamente, infinito. Não tem como não ser infinito, senão será alguma coisa.

No conceito que temos, coisa nenhuma pode sair do nada, ou seja, ele não produz qualquer coisa que seja. É totalmente parado, imóvel, invisível, insensível (no sentido de ser percebido por algum sentido). Quando dizemos “nada” para a pergunta “o que você está fazendo?”, falamos de uma coisa que não aconteceu. Não estou fazendo alguma coisa que afete os sentidos das outras pessoas.

Às vezes chamamos o número zero de nada. O zero seria uma definição para o nada? Mas nesse conceito, ele só é nada se ele não causa uma transformação, como na soma e na subtração. Mas o conceito não vale na multiplicação: 0+10 não transforma o 10. O 10 continua, e o 0 também. A transformação NADA causou. Agora 0x10 realiza uma transformação. O 10 não continua. O zero pode ainda ser chamado de nada? Pode, pois 0x10 é nenhuma vez o 10. E 0/10? O zero ainda é nada (quantas vezes o 10 está dentro do zero? Nenhuma vez.). E 10/0? Quantas vezes o zero está dentro do dez? Tire o zero de dentro do dez até que o resto fique menor que zero. Esta operação nunca vai terminar. Ou o zero está infinitas vezes dentro do dez ou ele não está nenhuma vez lá. Se ele está infinitas vezes dentro do 10, então ele é o nada (e o nada está em tudo); se ele não está, então nada está, e ele é o nada.

Note que o zero em 0 é um número, mas ele não é um número em 10. Não há como operar 1 e 0 para produzir 10. O zero em 10 não é o nada! Veja: 101 = 100 + 1. Então, os dois zeros não têm o significado de nada. Eles existem, caso contrário 100 + 1 seria igual a 2!

Então, o número zero representa o nada. Mas, o sentimento que temos do nada é que ele é infinito. O número zero é infinito? Por que não parece ser? Se ele não é infinito, ele é alguma coisa, mas se ele é alguma coisa ele não pode ser o nada.

Matematicamente o zero é finito, pois pode ser representado por uma figura ou por um conceito (nada). O número 1/3 é infinito, pois não pode ser representado por uma figura e nem por um conceito.

O zero é limitado, portanto não é infinito e, daí, é alguma coisa! Então ele não pode ser o nada. Ele tem a propriedade do nada, mas não é ele.

Não existe outro representante do nada além do zero. O vazio absoluto é o próprio nada; o vácuo absoluto é o vazio absoluto. Como o zero não é o nada, implica que o nada é (algo à parte). Entre parêntesis porque estas palavras o limitariam, daí ele não seria o nada.

Não teve jeito, essa é a conclusão do Frank.

Como (uma coisa) irreal pode produzir as nossas sensações?

Será que tudo sai de nossa cabeça? Será que o sol não existe por si só, mas é uma criação mental nossa ou de outra mente?

Existem coisas que não compreendemos e nunca compreenderemos enquanto as trouxermos para dentro de nossas mentes limitadas. Assim, elas ficam limitadas, castradas e, então, incompletas, incompreensíveis.

O sentido popular de ilusão é achar (mentalizar) que algo é de um jeito e, na verdade, é de outro. Mas, o sentido é o mesmíssimo aqui: o que sentimos se confunde com o que “achamos” que sentimos. Então, ilusão é uma mentalização.

Bom, se o que sinto e o que vejo é uma ilusão, significa que é mental. Significa também que TUDO É MENTAL!!!. Sim, porque não consigo pensar em nada, sentir nada, sem ser através de minha mente. Ela cria tudo. Isso o Frank falou, e tem muita lógica. Ou será que, em vez de ela criar tudo, ela se sintoniza com o que quiser. Talvez seja esse o sentido do “criar” acima: FICAR CONSCIENTE É CRIAR OU SINTONIZAR (O QUE JÁ ESTÁ CRIADO).

Passo a discutir isso. Espero que o Frank possa responder.

Se tudo que sinto e vejo está dentro de minha mente, então:

1)      Por que meu amigo sente e vê as mesmas coisas? Se também ele for uma criação minha, tudo bem, está entendido (é de se supor, pois ele está no “tudo”). Mas, por que ele contra-argumenta comigo? Sou eu resistindo a mim mesmo? Como controlo isso?

2)      Por que aquele mosquito me pica sem eu desejar? Sou eu me punindo?!

3)      Por que ao observar um objeto, ele persiste no presente, se depois que tive consciência dele já é passado? Acho que eu mesmo respondi esta lá em cima. A confirmar.

4)      Por que sei que existem estrangeiros e posso confirmar isso? Essa é parecida com a 1.

5)      E os terroristas, assassinos, ladrões, etc.?

6)      E os “desastres” naturais?

7)      Não seria mais justo se tivéssemos uma conexão mental natural que nos permita ver e sentir as mesmas coisas (ou quase, pois tem coisas que são exclusivas de cada um)? A ideia de “sintonizar” em vez de criar, satisfaz melhor a questão e quase responde todas as questões acima, sem perder o sentido de “criar”.

Essa ideia de que tudo está dentro de mim, de repente causa um temor de solidão: sem amigos “de verdade”, sem parentes “de verdade”, sem Deus “de verdade”. É igual em um sonho que, quando você está acordado, sabe que pode sonhar. É só quando você está acordado que você tem consciência (e o tempo passou de novo – consciência é passado!) que sonhou, porque, quando você está sonhando, a vida lá é normal (e tudo é criação sua, com certeza – com certeza? Não, não dá para ter certeza. Assim como na realidade posso ter “atos” meus e de outras mentes). Mas quando estamos acordados, sentimos um certo medo de não voltar mais dos sonhos.

Só do lado de cá que temos a sensação de que estaremos sozinhos do lado de lá. Estando lá isso não é verdade. Ficamos até mais felizes do que do lado de cá. Estranho.

É como o medo de morrer. Quem não acredita em vida após a morte não deveria ter medo de morrer, pois ele não vai ficar sozinho. Teríamos, então, que ter medo de dormir, porque, quando dormimos, estamos mortos para nós mesmos. Podemos estar vivos para quem está acordado. Não há sentido nesse medo.

Então, parece que falta algo nessa ideia de que tudo é criação mental minha.

Os sonhos são, aparentemente, criações mentais (como estão fora da “realidade”, é um mundo só meu). Porém, a interação entre os participantes é exatamente a mesma que ocorre na “realidade”. Isso realmente nos faz questionar se a “realidade” também não é uma criação mental. Nenhuma pessoa da “realidade” tem consciência de ter estado no meu sonho, apesar de ter estado, pois sonhei com ela. Se estiveram, é claro que não estiveram materialmente, e também esqueceram. Alguns sonhos são realmente contundentes para estas pessoas. Ainda bem que não se refletem nelas do lado de cá. É devido a isso, também, que somos forçados a achar que é uma criação mental, irreal. Se pensarmos materialmente, é isso mesmo: irreal.

Pessoas de meus sonhos podem estar na “realidade” ou não, mas não tem como eu saber se elas têm consciência dessa “realidade”, enquanto lá em meu sonho. Posso perguntar para elas lá. Talvez elas tenham, pois eu tenho consciência de que elas estão na realidade e “vivo” lá no mundo deles (meu sonho). Mas eles dizerem “sim” não será prova para mim. Prova seria elas confirmarem do lado de cá, mas isto não acontece. Talvez por causa da contundência de que falei acima.

O que separa um mundo do outro? Se durmo, vou pra lá (e se morro?); se acordo, volto pra cá. Mas se penso sem dormir, vou pra lá? Não vou exatamente para lá, porque não consigo ter consciência, no lugar em que chego, de pessoas que não estão na “realidade”, como tenho nos sonhos: sonhamos com pessoas que nunca vimos, mas só podemos pensar em pessoas que já vimos de algum modo (ou em pessoas que nunca vimos, mas com as quais sonhamos!!!). Então, PENSAR É DIFERENTE DE SONHAR. Ou sonhar é um pensar mais completo?

Então, o caminho pode ser: realidade(1)-pensamentos(2)-sonhos(3) ou realidade(1)-sonhos(3), que é: estar acordado-pensar acordado-pensar dormindo (sonhar).

Como ir de uma fase para a outra? Sendo MAIS EU? O processo parece ser esse, porque, quanto mais sozinho vou ficando, quanto mais saio do contato com os outros, mais vou me aproximando do meu “mundo particular”.

Isso implica que quando sonho, amplio a minha consciência (vejo tudo o que via na realidade e, também, coisas que não estão lá), quando acordo ela volta ao tamanho normal, mas não vivo os dois mundos ao mesmo tempo, pois os sentidos ficam desligados nos sonhos e ligados na realidade. Eles são a chave?

Por exemplo. Tenho uma interação na realidade que gasta 1 hora. Em relação ao início-fim dessa interação, passei 1 hora acordado.

Tenho uma interação no sonho que gasta 24 horas, mas, na realidade, passei apenas 1 hora dormindo. Como é isso? O evento sonhar NÃO ESTÁ atrelado temporalmente ao evento dormir. Para quem está do lado de cá eu dormi por uma hora. A minha sensação é a mesma que ter dormido 24 horas (mesmo do ponto de vista da realidade, apesar de pontos de referência me mostrarem que não foi isso). As interações na realidade ESTÃO atreladas temporalmente ao evento estar-acordado.

Será que, proporcionalmente, as coisas nos sonhos acontecem mais rápido que na realidade? Isso só prova a relatividade do tempo, ou seja, sua inexistência absoluta. O período é definido pela consciência, que ainda, só pode “mostrar” o passado.

Quando vivo os dois mundos ao mesmo tempo, estou na fase 2. É como se os sentidos materiais ofuscassem os sentidos não-materiais, daí não consigo criar, no pensamento (fase 2), pessoas inexistentes na realidade. Se desligo os sentidos materiais, perco também a consciência da realidade e passo a sonhar. Quando morro acontece o mesmo? Sono: vai – corpo não desagrega – volta; coma: vai – corpo não desagrega – não volta (ou volta); morte: vai – corpo desagrega (ou não) – não volta. Como ninguém volta, não dá para saber se passo a sonhar (tomara que sim).

Mas, existe alguma coisa “separando” os dois mundos? Onde a morte entraria ali naquela sequência? No lugar dos sonhos, mas sem volta e sem se saber se se entra em sonhos. Note que, na verdade, não é bem uma sequência, pois, se pode ir da realidade para o sonho ou dos pensamentos para os sonhos (supondo-se “desligado” da realidade e não dormindo), e de qualquer dos dois últimos para a realidade. Mais, ninguém termina de sonhar e começa a pensar antes de chegar na realidade, pelo menos não no pensar-acordado, o acordar “desligado” – sonambulismo? O sonâmbulo está inconsciente, mas pode fazer tudo o que ele faria quando acordado (consciente), ou seja, nossos movimentos, aplicação de forças, etc. não dependem da consciência. Alguns controles sim: o discernimento do certo/errado, do perigo, etc. Quem vê um sonâmbulo agir não tem condições de afirmar que ele está fora da realidade, mas pode afirmar que ele não está dormindo. Mas ele não está na realidade. Também não está sonhando. Provavelmente está na fase 2.

Se realidade é estar consciente, então tanto a fase 2 quanto a fase 3 são sonhos, sendo que na 2 há atividade física mais intensa, inclusive equilíbrio corporal. Mesmo na fase 3 isso pode ocorrer. Você já dormiu em pé e sonhou?

O pensar-acordado está sempre conectado na realidade, está dentro dela (por isso só posso ter consciência do que está aqui). Então, só temos realidade e sonhos. O que separa um mundo do outro é exatamente o que separa a consciência da inconsciência, sendo que a primeira está dentro da segunda, e a alimenta. Tudo que entra na consciência vai para a inconsciência também. Às vezes, coisas da inconsciência voltam à consciência.

A consciência parece ser o centro dos sentidos, ou o foco deles. Ou seja, existe um foco no inconsciente que interage com os sentidos e a esse processo todo dá-se o nome de consciência.

Então, não existe nada separando os dois mundos, porque não são dois mundos, é um único mundo.

Como ir ao inconsciente (sair do foco dos sentidos)? Sendo cada vez mais você. Mas, será que você não vai começar a sonhar? Sim, mas sonhar não é mais fantasiar, certo?

Como voltar (sem ser pelo processo automático, que passa abruptamente da fase 3 para a fase 1) para a realidade? Sendo cada vez menos você? Relacionando-se cada vez mais com a realidade? É complicado, porque, se você parar no meio do caminho cairá no sonambulismo.

A diferença maior entre o sonho e a realidade é que no sonho aparecem as pessoas que já morreram para a realidade. Aparecem também pessoas que, talvez, nunca existiram na realidade. Se o universo real é uma criação mental minha, por que não “recrio” aquelas pessoas que morreram? Por que as deixei morrer? Por que não consigo criar em pensamento (imaginar) aquelas que só aparecem em sonho (não as que já apareceram, mas aquelas que ainda vão aparecer)? Está claro que eu não tenho o controle total desse universo. Existe uma parte que não é mentalmente minha. Talvez seja de uma mente superior. E assim, como essa mente superior pode interferir nas nossas mentes, ela pode, assim, fazer com que tenhamos também uma mente coletiva, quase um “espírito de corpo”, à maneira das andorinhas que voam em bloco sem se chocarem. Esse espírito só não é total porque temos uma parte só nossa e esta parte deve fazer parte do que chamamos de livre arbítrio. A parte coletiva é o que chamamos de realidade.

Então, para voltarmos suavemente à realidade, devemos fazer o contrário da ida: deixamos de ser nós mesmos e começamos a comungar com a mente universal. A volta parece ser mais difícil que a ida. Talvez por isso tenha sido “automatizada”. Passar um tempo no sonambulismo pode ser perigoso.

As pessoas que morrem são retiradas da realidade por esta mente superior, pois são criações dela, o que implica que somos também!

Agora, porque aquelas pessoas não saem como bolhas de sabão, que seria mais lógico. Por que saem por acidentes, doenças, etc.?

Na verdade, no geral, se supusermos em termos de alma, a retirada é no estilo bolha de sabão sim, pois, assim como ninguém vê mais a bolha de sabão depois que ela explode (morre), ninguém consegue ver a alma, ou a manifestação da vida, depois que a pessoa morre. Em termos de corpo não. Doenças, acidentes, assassinatos, suicídios, atingem o corpo. Como o corpo não some logo após a morte, a mente superior achou por bem destruí-lo aos poucos (logo após a morte a destruição começa). Se fosse o contrário, ele desaparecesse junto com a manifestação da vida, acharíamos que nossos entes queridos que se foram eram sonhos. De fato, ficamos, sim, com uma sensação parecida com sonho em relação à morte deles: sabemos que sumiram, mas ficamos com a sensação de que aquele desaparecimento foi um sonho.

Na verdade ficamos com a sensação de que a pessoa foi um sonho. O que a confirma são testemunhos de outras pessoas, fotografias, filmes, etc., mas a sensação não passa.

Só existe um jeito agora de “recriar” aquela pessoa particularmente, já que ela saiu da mente comum simultânea (todos que a conheceram podem pensar nela, mas não ao mesmo tempo, como a viam todos ao mesmo tempo antes da mente superior removê-la): esse jeito é eu me tornar mais eu, sonhar, me desligar da mente comum. Mas não tenho o controle total, pois não basta querer (do lado de cá) sonhar com a pessoa. Se do lado de lá eu me lembrar dela, sei que consigo recriá-la. Muitas vezes ela aparece, como se tivesse decidido por si mesma ou por uma decisão inconsciente minha (lá ou cá?).

Então, ser mais eu é me livrar da mente superior, é sair da realidade, é deixar de ter vida de relação, é deixar de existir !!! Mas continuo existindo para mim, se saio da realidade, e todo o resto continua existindo para mim (mesmo que seja em pensamentos), apesar de eu não mais existir para o resto das pessoas, mas existo para eles nos meus sonhos, pois interajo.

Eu só existo para os outros se eu estiver em comunhão com a mente superior? Veja como ocorre a separação entre eu e meu corpo. Eu desapareço (como na morte), mas ele permanece. Continuo existindo para as demais pessoas em corpo, mas não em espírito. Ao simples olhar não tem como eles saberem se estou vivo ou morto. Enquanto meu corpo permanecer, estará na mente superior e existirei para os demais.

Então, só existirei realmente para eles se eu estiver em comunhão com eles, através da mente superior. Mas, continuarei existindo de qualquer modo, sem estar em comunhão com eles? Poderei voltar a sintonizar? Sim, se eu continuar existindo para mim.

Será que somos o pensamento de Deus? Sim, por que não? Nós não sermos perfeitos não tira a perfeição dele, ao contrário, mostra o poder dele: ele pode criar seres capazes de “andarem com as próprias pernas”, de evoluírem até ele.

Você já notou que existem poucos grupos minerais e que cada grupo tem milhares de elementos que são muito semelhantes entre si? Ou seja, a maioria dos minerais é parecida entre si. Nos vegetais, a quantidade de grupos aumenta, mas o número de elementos em cada grupo diminui. O reino animal tem mais grupos que os vegetais, mas menos elementos em cada grupo que as plantas. No homem acontece o mesmo em relação aos animais (é aqui que alguns cientistas procuram pelo “elo perdido”. Realmente, parece que existe um buraco. A passagem dos animais para o homem não foi suave como das plantas para os animais). Os homens começam a se individualizar. O grupo se confunde com o elemento. Tem-se, praticamente, milhares de grupos com um único elemento.

Você não consegue em pouco tempo diferenciar entre si 10 andorinhas, mas consegue em pouco tempo diferenciar 10 homens. Eles não estão no mesmo grupo, as andorinhas sim.

Podemos concluir com isso que, à medida que vamos subindo na escala, temos uma “individualização” dos grupos com a diminuição dos elementos. Será que o número de santos é menor, e daí o dos anjos, até chegar num ser único, Deus?

Veja. Como você pensa (cria mentalmente)? Um ponto único “criando” vários outros pontos, certo? Será que Deus cria assim também? Sim, pois somos a imagem e semelhança dele, não?

Bom, acho que nada ainda ficou totalmente claro, né? Presente, passado, futuro, universo.

O presente não existe se considerarmos o tempo. O que sentimos (do que temos consciência) já é passado, ilusão, sensação, mas sensação alimentada pelo presente, porque o passado não gera nada, também não existe, é uma sensação também, definida pela medida que fazemos de outra sensação.

É estranho como conseguimos ter uma sensação e, ao mesmo tempo, “vê-la”; colocarmos ela “fora de nós” e poder medi-la, isto é, ter outra sensação, que é a sensação de tempo. De onde vem essa sensação? Do presente? Ouvimos um som (sensação) e “medimos” a duração dele (sensação). Enquanto o presente alimenta o som, nós o ouvimos. Se o presente não o alimentasse, não mediríamos e não teríamos a segunda sensação, não haveria o tempo. Mais: não teríamos nem a primeira sensação. Veja a necessidade do tempo (ou a consciência criando o tempo?). Então, a persistência da primeira sensação traz junto a sensação do tempo.

Então, é o presente que a alimenta. Enquanto estivermos sintonizados com essa alimentação teremos a sensação de tempo. Um ou outro (a alimentação ou a sintonização) pode interromper a interação.

O estranho de tudo é que essa ilusão é que nos permite divisar o presente, ou seja, ela é gerada por ele e, de certo modo, o cria.

Aqui, o que é o futuro? O futuro seria algo ainda não alimentado pelo presente. Então, ele é apenas uma probabilidade. Não há como prevê-lo com certeza, pois, o que entrou em nossa consciência ERA o futuro.

E se eliminarmos o tempo? Imagine o nosso cilindro só com a primeira circunferência: só teríamos o presente. Como ficaria aquela sensação que é alimentada pelo presente? Ainda a sentiríamos? Teríamos consciência das coisas? Passado não existiria. E futuro?

Não sentiríamos a sensação e, portanto, não teríamos consciência das coisas. Por isso o passado deixaria de existir em nossas cabeças. Como não teríamos consciência, significa que não poderíamos limitar cada coisa para poder “visualizá-las”. É como se tudo ficasse ilimitado, é como se mergulhássemos no infinito. O universo deixaria de existir para nós. Sem presente, sem passado, sem futuro.

Por que temos a sensação que o universo independe de nós? Concordo com o Frank quando ele diz que é exatamente esta “separação” que me permite ter consciência de mim mesmo, de conseguir me limitar, me definir e dizer: EU SOU. E mais: consigo me separar de meu corpo, pois sinto-o como não sendo EU.

Se morrermos, o tempo acaba para nós, o universo também. Mas o tempo continua para quem ficou, e também o universo. E é o mesmo universo que continua. Se não o meu, uma boa parte dele. Isto significa que ele não é TODO meu. É aqui que divirjo do Frank. Ele diz que o universo é todo meu. Do meu ponto de vista sim, mas na “realidade” não. Eu o compartilho com os outros, assim como meu amigo que morreu o compartilhava comigo.

Então, o universo contém coisas que não são criações minhas, talvez de ninguém, a não ser desta mente universal, que podemos chamar de Deus. Talvez ainda ele seja composto das criações de Deus e de nossas criações, algumas boas, outras más, mas claramente tentando sempre as boas, o que significa uma caminhada em direção a Deus.

Creio que isso responde todas as nossas questões iniciais e questões semelhantes.

O que ainda não consegui absorver, enxergar, visualizar da teoria do Frank Hatem: a mente é a oposição entre a inexistência e o infinito; a consciência é a resistência à união com o infinito; a matéria é a fronteira resistiva da consciência com o infinito.

Brasilio – Jan/2004.



[1] HYPERSCIENCE for the Third Millenium: Origin of Mind, Origin of Energy, Origin of Matter