O QUE É O PENSAMENTO

Por que temos mais controle sobre os pensamentos que sobre a memória e mais controle sobre esta que sobre os sonhos? Os pensamentos que não conseguimos controlar são sonhos? Podemos dizer que sim. A única diferença é que nossos demais sentidos estão “ligados” quando estamos acordados.

Precisamos da memória para pensar? Sim, porque é nela que nos baseamos para guiar nossos pensamentos, pois para pensarmos precisamos fazer interpretações, e os modelos que precisamos estão todos na memória. Mesmo que estejamos pensando algo totalmente novo para nós, usamos a memória, senão poderia não ser novo. E este novo pensamento por sua vez fica registrado na memória.

Vamos supor que não precisemos da memória para pensar. Se definirmos memória como sendo um armazém de fatos e experiências então não conseguiremos encadear nosso raciocínio porque só lembraremos do passo corrente, que não terá sentido. Se te disserem o nome do seu pai várias coisas vão acontecer:

1)      Você não saberá o significado do nome dele – será um ruído para você.

2)      Você não conseguirá “ver” a imagem dele.

3)      Você vai agir do mesmo modo mesmo que te repitam o nome mil vezes.

Tudo para você vai ser estranho ou sempre novidade, quer você olhe uma vez ou um milhão de vezes, porque você não vai conseguir pensar que já viu aquilo antes.

Temos basicamente dois tipos de pensamento: um que é totalmente (ou quase) controlado por nós, em que podemos desenvolver um assunto através de uma longa sequência de “reasoning”; podemos mesmo simular uma sequência (provável ou não) de acontecimentos que nos fará tomar uma decisão sobre trazê-la para a realidade ou não. Um exemplo de sequência não provável são movimentos em um jogo de xadrez: você só pode supor o que o adversário vai fazer. Uma sequência provável em que você não vai querer trazer para a realidade é a de pegar o carro, dirigir até o Simba Safari, adentrar a área dos leões e descer do carro, a menos que você esteja louco. Graças a esse tipo de pensamento podemos conseguir coisas que nos interessam e evitar as que não nos interessam. Esse tipo de pensamento é direcionado, é como se ele saísse de nós para fora. E o uso da memória é claro. Imagine o que aconteceria na simulação do parque dos leões se você não usasse a memória para simular o que aconteceria ao descer do carro.

O outro tipo de pensamento é aquele que parece que vem de fora para dentro de nós. Ele nos invade sem que possamos controlar. Uns são fortes, impressionantes como um sonho. Outros são tênues, como que vindo lá do fundo de nossa alma, como a intuição.

Qual a diferença entre o pensamento e o sonho? Acho que nenhuma. Os sonhos são pensamentos. O fato de estarmos dormindo não muda nada. O que chamamos de sonhos nada mais são que pensamentos ativos. Sonhar é pensar e pensar é sonhar. Se eu penso que estou dormindo isto é um sonho. Se eu sonho que estou pensando, eu estou dormindo e pensando vendo-me pensar. Eu já sonhei várias vezes que estava sonhando, até me via acordar no sonho. Então eu estava dormindo e pensando me vendo dormindo e a pensar em algumas coisas. Aí eu, ainda dormindo de verdade, continuava pensando vendo-me parar de sonhar (pensar) e acordando, mas na realidade eu continuava sonhando (pensando). Finalmente eu acordei, de verdade, e continuei a pensar sem estar dormindo.

Mas o sonho (o pensar-dormindo) é bem mais real que o pensamento (o pensar-acordado). Nele podemos ouvir, sentir contato, sentir gosto, sentir dor. E isso fica registrado em nossa memória! Por que? Por que o pensar-dormindo é mais real que o pensar-acordado? Qual é o verdadeiro? No pensar-acordado temos condições de ouvir, bem mais fraquinho (e sem controle, porque podemos ouvir o que quisermos ouvir e não o que o outro tem a dizer, como acontece nos sonhos), mas podemos. Agora, sentir contato, sentir gosto através do pensar-acordado é impossível, pelo menos por enquanto.

Os dois são verdadeiros, porque são um só. Apenas o pensar-acordado é capacitado a realizar o que ele pensa. No exemplo do parque dos leões, de repente o leão se torna seu amigo, ou se transforma num cachorro, ou numa pessoa quando você descer do carro. Nos sonhos podemos manipular o ambiente. E essas realizações não vêm da memória, porque não estão registradas lá.

A pergunta agora é: o pensar-acordado (pensamento) pode fazer o que o pensar-dormindo (sonho) faz?

Sim, porque são um só. Como? Difícil saber. Talvez com muito esforço, com muito estudo. Talvez entrando no mundo que entramos quando estamos dormindo.

Supondo que, de repente, eu consiga criar algo (instantaneamente) através do pensamento, só eu veria? Pois assim acontece nos sonhos, já que uma pessoa que conheço aqui e que estava no meu sonho vai me dizer que não viu nada (ou que eu estou maluco). Vai dizer que não viu nem mesmo eu: “Eu não estava no teu sonho!!!”.

Novamente, é difícil responder. Eu acho que a outra pessoa não veria. Porque a criação foi minha, é um produto de meu pensamento. Agora, se ela pudesse ler meus pensamentos, participar deles, vibrar junto comigo, aí sim ela veria, como viu em meu sonho. E sempre que eu sonhasse com ela e ela comigo um confirmaria o outro. A questão então é de comunhão de mentes.

Por que um bando de andorinhas, com milhares de indivíduos, ao debandarem, ziguezagueiam pelos ares entre si e não colidem umas com as outras? E mais, por que voam em bloco como se fossem um só corpo? E isto tudo é fato. Observe e comprove. Acho que é aí que está o segredo da comunhão de pensamentos. E ainda é segredo, pelo menos até que as andorinhas comecem a falar!

O que é o pensamento então? O pensamento é uma força criadora (ou destruidora quando cria o nada) capaz de influenciar qualquer corpo e mente do universo material e imaterial. Concluímos daí que o pensamento é a força mais poderosa que existe.

Onde se localiza o pensamento? Diferentemente da memória, que é algo estático, quase palpável, o pensamento não é localizado. Ele é uma força e força tem que ser efeito de alguma coisa. Onde se localiza a força de gravidade da Terra? No próprio planeta (em suas moléculas) ou é um efeito da rotação do planeta?

Qual é a causa do pensamento então?

Só tem duas possibilidades: está em nós ou está fora de nós.

Se está em nós, temos outras duas possibilidades: o processo de pensar é iniciado quimicamente ou inicia por si só. Se é iniciado quimicamente então é iniciado por algo inteligente ou controlado por algo inteligente, caso contrário entraríamos num processo de pensar descontrolado e desconexo, uma espécie de loucura. Então, nesse caso, o agente do pensamento é uma força inteligente. Se o processo inicia por si só então ele é uma força inteligente.

Conclusão: Se a causa está em nós, essa causa é uma força inteligente.

E se a causa não está em nós? Esta hipótese é inaceitável por qualquer um na escala do materialista extremado ao espiritualista extremado. Ora, se algo controla o que você pensa e a hora que você pensa então esse algo só pode ser você mesmo, ou então você seria um robô. Mas mesmo assim, pelo ato de pensar incutido por outrem, você teria sua individualidade, o seu próprio EU. E mais, esse outrem seria algo inconstante, irreconhecível, não-inteligente, pois incutiria bons pensamentos em uns e maus pensamentos em outros. Depois alternava. Algo assim não pode existir.

Portanto a conclusão é uma só: A CAUSA DO PENSAMENTO ESTÁ EM NÓS, E É UMA FORÇA INTELIGENTE, E É O NOSSO VERDADEIRO EU, UM EU IMATERIAL.

Daqui só podemos concluir uma coisa: NÓS TEMOS ESPÍRITO! NÓS SOMOS ESPÍRITO! O ato de pensar é a prova: eu sou aquele que pensa, eu sou aquele que inicia o processo de pensar, seja ele químico, físico ou psíquico, ou, ou, ou...

O que é o homem? Corpo e espírito !!!

Brasilio Dez/1999-Jan/2000