O QUE É O NATAL

Por que à medida que se aproxima o Natal nos tornamos mais fraternos, mais bondosos, mais pacientes? Por que sentimos paz no ar? Por que se estivermos longe de nossas famílias sentimos uma vontade louca de correr para junto delas? Por que se não tivermos família sentimos-nos abandonados e até choramos? Por que no mês de outubro, até há uns anos atrás, o Espírito de Natal já aparecia e agora só está aparecendo após a primeira metade do mês de dezembro? Será que o Espírito de Natal tende a desaparecer?

Muitos de nós, senão todos nós, na verdade gostaria que esta onda nunca acabasse, que durasse todos os dias do ano, todos os anos. Não parece que o Espírito de Natal começa na cabeça de alguém e se espalha para as demais cabeças. Parece mais que vem de fora e pega muitas pessoas simultaneamente. Por outro lado, pelo fato de ele estar chegando cada vez mais tarde parece também que a receptividade a ele está diminuindo. Será que estamos ficando mais frios? Na verdade, como ele vem e como nos toma não importa. O que importa é a corrente que se forma espontaneamente. Quando chega o dia 25 de dezembro essa corrente atinge o seu máximo. Mas, para tristeza geral, ela se rompe abruptamente após aquele dia. Por que?

Alguém poderia contra argumentar: o que é que o dia 25 de dezembro tem a ver com o Espírito de Natal? Eu digo: nada. Nada mesmo. Poderia ser o dia 2 de dezembro; poderia mesmo ser qualquer dia de qualquer mês! Melhor ainda, poderia ser o ano inteiro, todo os dias. Que tal?

O importante aí é a prova da comunhão de pensamentos fazendo efeito. Ao se aproximar o dia de Natal os pensamentos vão se tornando mais e mais fraternos; um campo de bondade, de divindade vai se formando. O ar fica mais angelical. Uma força aparece e causa no solitário uma vontade de ir se reunir com sua família. Faz surgir lágrimas naqueles que, de repente, descobrem que não têm uma família. Também faz surgir lágrimas naqueles que perderam alguém da família, ou um amigo dileto, não por sentir a falta, mas por sentir a presença. Naquele campo de comunhão, qualquer pensamento que vibra com o campo se torna quase que material. Pensamentos em contrário são simplesmente anulados. Não têm vez.

Por outro lado, aquelas pessoas que insistem em manter seus espíritos em atraso sentem uma vibração na mesma intensidade, porém contrária. Nelas aparecem o ciúme e a inveja. Dali surge a violência. Elas não suportam ver a felicidade que elas não podem ter. Não podem ter não porque Deus, a Natureza ou a sorte, como elas pensam, não deram a elas. Elas não podem ter porque não buscam, não enxergam que a culpa é do orgulho, da falta de humildade, da falta de transformar a vontade de ser feliz em ação. Para elas, fazer isso é se apoucar. Ora, se apoucar é crescer no sentido negativo!

Também não podemos permanecer passivos em relação a elas. Nossa responsabilidade é muito maior que a delas. A responsabilidade de cada um é diretamente proporcional ao seu nível de conhecimento mais o seu nível moral (seja positivo ou negativo) e essa responsabilidade está sempre aumentando, estejamos nos adiantando em moral e conhecimento ou nos atrasando nisso. Quer dizer, se você tem o conhecimento e não o coloca a serviço dos outros, sua responsabilidade é aumentada; se você coloca, idem. Porém a cobrança só será feita para o primeiro caso.

Se você pratica o mal, tendo conhecimento ou não do que esteja fazendo, sua responsabilidade aumenta também. Em qualquer caso a cobrança virá.

Portanto, quando eu disse acima que nossa responsabilidade é maior que a daquelas pessoas, significa que se não fizermos algo por elas, trazendo-as para o nosso campo de pensamento, estaremos agindo exatamente como elas, só que empurrando-as para mais longe ainda, exatamente como quando elas tentam nos puxar. Não as trazendo estamos indo para o campo delas e estamos diminuindo nosso campo, estamos contribuindo para o Espírito de Natal desaparecer em velocidade dobrada: indo para lá e não as trazendo para cá (não trazer para cá é a mesma coisa que ir para lá!).

Se a cada Natal (diário, de preferência) conseguirmos trazer uma pessoa, vai chegar um dia que o pensamento naquele ente querido, que não está mais conosco, vai se materializar, e o Espírito de Natal vai ficar mais e mais forte, mais e mais presente. Daí, então, talvez possamos até ouvir Deus dizer: “Feliz Natal, meus filhos”.

Que em 2003 o Espírito de Natal chegue mais cedo e assim a cada ano que vier, até que a cada Bom Dia!  o outro ouça também, em seu íntimo, Feliz Natal!

Brasilio Dez/2002.