Imagina que o nada existe.

Como será?

É possível que o nada seja o lugar absolutamente vazio para onde se expande o Cosmos.

No início… imediatamente antes de grande explosão original que se acredita ser o início do mundo. Tudo era vazio. Nada.

Imediatamente a seguir surge o Cosmos, ganho às trevas, e inicia-se a expansão do alguma coisa sobre o nada que se comprime face às forças a que é sujeito.

Cada vez mais comprimido e limitado pelo avanço sempre crescente do Cosmos, contrai-se sobre si próprio sempre sujeito a pressões cada vez maiores que originam a partir do seu interior forças contrárias de repulsão. À medida que o Cosmos avança, o nada contrai-se aumentando a força repulsiva, até ser completamente esmagado. Nesse momento as forças que encerra libertam-se dando origem a uma nova explosão.

O fim do nada. O seu preenchimento, coincide nesse momento com um novo início dando origem a um novo ciclo. Imutável, sempre igual.

A existir desta forma, o nada nunca poderá ser tocado, permanecerá para sempre inacessível a qualquer experiência, frio e distante, fora do próprio tempo, antes dele e paradoxalmente, por estranho que pareça, sempre à sua frente.

Vejamos… Que o nada não possa ser alvo de qualquer experiência, não é difícil aceitar, pois só podemos ter experiência de algo que seja alguma coisa, o facto de se tratar de algo que é nada, invalida a possibilidade de qualquer experiência. Frio e distante, porque está para além dos confins do Cosmos, onde ele ainda não chegou, e por isso mesmo fora do tempo, e no entanto, antes dele… porque o Cosmos tomará o seu lugar comprimindo-o à sua frente.

 E porque as forças que nele atuam e o comprimem originariam outras de repulsa cada vez mais fortes e actuando em sentido inverso, se algo se aproximasse o suficiente o nada recuaria sobre si mesmo contraindo-se até à sua completa destruição.

Coloquemos a seguinte questão:

Se não existisse o nada, para onde se expandiria o universo?

Será, que teria chegado a existir?

O nada, seria desta forma imprescindível, não só à formação do Cosmos mas à sua própria manutenção, e simultaneamente o elemento que o funda, nutre, e permite.

O nada é proto cósmico, pura possibilidade, máxima potencia, expoente máximo do poder vir a ser. O futuro e primitivo caldo do devir.