A luz de uma análise que contribuí com a Organização Consulta Popular em Caucaia trago, em síntese, uma compreensão do que vem a ser esquerda e direita no campo político-ideológico. Sem querer esgotar o assunto, e nem poderia, alguns elementos convém a um melhor esclarecimento destes termos que parecem já caducos, mas não estão. Na verdade se fazem, ainda, bem atuais, sobretudo nestes tempos de crise nos mais diferentes aspectos da sociedade, como na economia, no social, ambiental e político. 
    Desde que os termos surgiram, lá, como sabemos, na revolução francesa (século 18), diferentes conceitos foram dados, novas roupagens surgiram. Também, grupos e pessoas defendem diferentes pontos de vista. Para um cristão com uma leitura marxista poderá assumir a ideia de justiça para conceituar. Dirá que ser de esquerda é defender a justiça; de direita, a injustiça. Para um liberal, de direita, este dualismo está superado. Já um marxista poderá, com afinco, concordar que ser do lado esquerdo implica lutar pelo socialismo; do outro lado, optar pela permanência do capitalismo. Diante de tudo isto será que existe algum princípio, ou, uma essência que norteia e sustenta esta polarização, mesmo, nos diferentes contextos históricos? 
    Uma historinha basta para responder, sem responder, esta questão: Em uma região dominada por um império, havia um pequeno povoado. Certa vez, os habitantes foram informados de que estava chegando um grande exército para massacrar todas as pessoas do lugar, a fim de que as terras ficassem aos cuidados do dominador. Acontece que todos ficaram apavorados. Uns esconderam-se, outros fugiram, exceto um velhinho que, com toda dificuldade, ficou no meio do povoado com uma pedra na mão, fazendo gesto de ameaça na direção em que o grande exercito chegaria. 
    Não demorou, aos poucos aproximava-se aquela multidão formada por homens como "areia do mar'. Todos preparados para a guerra. Tão logo, o general avistou, ao longe, aquele homem com uma pedra armada na mão contra o exercito. Pediu para parar, colocando alguns em sua frente para ver melhor, mas ficou em dúvida se seguia ou não. Pensou que isto poderia ser uma grande armadilha, porque estava muito fácil, quase decidiu enviar alguns homens á frente para ver... , ainda, indagava, que estava muito fácil. Por fim, acabou decidindo recuar, pois aquela cena o tivera pego de surpresa. 
    Quando o exercito partiu, os habitantes voltaram para suas casas, mas correram até o velhinho para saber o que tivera acontecido. Perguntaram se ele não estava com medo de morrer. Ele disse que sim. Alguém o indagou o levou a fazer aquilo. O ancião, sem titubear, respondeu: "Eu estava pronto para morrer, mas queria que soubessem de que lado eu estou". 
Desde a Comuna de Paris e a Revolução Socialista da União soviética, houve uma tentativa dos dominadores, os defensores do capitalismo de eximir o povo da consciência do significado antagônico entre oprimido-opressor, diferenças de classes, dentre outros. Hoje, fica muito confuso e, mesmo, as duas palavras são rechaçadas pelas camadas populares, posto que são associada apenas a partidos. `Propaga-se a ideia de um lado ser do bem o outro ser do mal. 
    Assim, é fácil, com a grande mídia sob os interesses da direita, quando as pessoas não negam, entendem como dois polos que deveriam juntar-se ou mostrar ao assumirem o poder político quem é o melhor. Pura ingenuidade, mas a culpa não é do povo, e sim, daqueles que encobrem a profundidade das coisas, os interesses em conflitos que estão por trás. 
    A metáfora responde a nossa indagação, mas convém salientar que a questão de direita e esquerda não tem sentido em si mesmo, mas o que ela significa. Poderiam, até, ser outros termos, mas que é preciso alguma representação cujo configuração soma-se inseparavelmente as ideias e as ações (práxis).

    Assim, ser da esquerda, por exemplo, implica o assumir por palavras, atos e convicção de um projeto de sociedade que seja melhor ou pior para o povo. Isso estar para além dos interesses pessoas, dos objetivos de um grupo, das propostas de um partido. Contudo, tudo isto, impresdivelmente, segue por um lado. Direita ou esquerda? Eu vos digo: Se queres ser como o velhinho, não abandones o povo, os teus irmãos oprimidos, os empregados/trabalhadores, os excluídos, enfim, todos que são vitimas da perversidade do imperialismo, dos donos do capital.