O que é dor crônica

Publicado em 16 de outubro, 2016.

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Pedro Magrin Tannús CRP - 06/130346

A dor é um processo essencial para a sobrevivência, pois exerce função de alertar o indivíduo. Ela é um sistema primitivo de fuga, que serve para escapar de eventos nocivos. Ela prepara o organismo para cuidar de uma lesão e evitar maiores lesões.

Na medicina há distinção entre dores agudas e crônicas. Dor aguda é uma resposta normal do corpo a um machucado, e geralmente resolve-se com tratamento do machucado. Esta corre por um tempo limitado, que pode ser de alguns dias até alguns meses, mas ela eventualmente desaparece quando a causa da dor é tratada.

Já a dor crônica é aquela que perdura por um tempo prolongado, como muitos meses ou até anos. Na forma crônica, a dor deixa de ter a função de alerta, e pode ocasionar alterações fisiológicas (distúrbios do sono, apetite), emocionais (depressão, ansiedade, estresse), comportamentais (incapacidade física,  dependência de terceiros) e sociais (conflitos familiares, problemas ocupacionais, econômicos).

Não existe um “prazo exato” que diferencia a dor crônica da aguda. Uma forma comum de pensar na diferença é que a dor aguda vai embora com tratamento, enquanto a crônica dura mais tempo do que o que o esperado para curá-la.

Causas

Existem muitas causas para a dor crônica. Uma lesão muscular não tratada pode causar uma dor que perdura por muitos meses. Outro exemplo é quando uma má formação óssea causa uma distribuição inadequada do peso do corpo, provocando dores difíceis de tratar.

 

Em alguns casos, a dor continua mesmo após o tratamento da lesão. Nesses casos, a dor é considerada crônica pois persiste mesmo não correspondendo a uma lesão no corpo. São dores que surgem (instaladas) ou persistem (mantidas) por causa de eventos psicológicos. Alguns exemplos são a cefaleia crônica, fibromialgia, dor lombar crônica, artrose e artrite, entre outros.

 

Como tratar

 

Em muitos casos de dor crônica existe a necessidade de acompanhamento de outro profissional da área de saúde, seja psicólogo, fisioterapêuta, neurologista, psiquiatra, dentre outros. No caso da psicologia o tratamento se faz pela terapia, onde busca-se redefinir como o paciente compreende e interage com a dor. Isso significa ampliar a interpretação das queixas prestando atenção nas situações e comportamentos. Não se trata de seguir explicações ou adotar estratégias propostas pelo psicólogo, mas de uma mudança de atitude do próprio paciente, que deve ser o agente ativo nesta mudança.

 

Existem técnicas de relaxamento que auxiliam na percepção e controle da dor.

 

Medicação

 

O efeito de medicamentos em tratamentos de dor crônica é incerto. Para poucas pessoas há o alívio parcial ou total da dor, mas pela natureza crônica da dor ela tende a voltar quando a medicação é suspensa. Isso faz com que medicamentos opióides sejam desaconselhados, já que seu uso prolongado pode trazer efeitos adversos.

 

Toda e qualquer medicação deve ser tomada com o acompanhamento de um profissional habilitado, prescrição e dosagens adequadas a cada indivíduo.

 

Terapia cognitivo-comportamental

 

Terapia Cognitiva é um sistema de psicoterapia, proposto e desenvolvido pelo Dr. Aaron Beck e seus colaboradores. É um conjunto de técnicas e estratégias terapêuticas baseadas em estudos empíricos que confirmam a eficácia dessas intervenções.

 

Relaxamento

 

O relaxamento é um processo que conduz a interação entre o fisiológico, psicológico e o meio ambiente, e proporciona ao paciente um entendimento de como eles interagem. Cerca de 30% dos participantes de psicoterapia apresentam redução dos níveis de estresse e 92% relatam melhoras nas habilidades para lidar com a dor. A redução da intensidade da dor foi percebida em 70% dos participantes. Esse tipo de intervenção proporciona melhora aos participantes, sobretudo na intensidade e manejo da dor, melhorando a qualidade de vida da pessoa.

 

Referências

 

VANDENBERGHE, L. Abordagens Comportamentais para a Dor Crônica. Psicologia: Reflexão e Crítica. V.18. P.47-54, 2005.

 

MELZACK, R., LOESER, J.D. Pain: on overview. The Lancet, v. 353, p. 1607-(1609, 1999.)

 

https://en.wikipedia.org/wiki/Chronic_pain

 

TANNÚS, P. M.; MANZINI, A. P. B. ; ZIN, G. O. ; LAVANDOSKI, M. ; ASSUMÃO, M. B. ; FAUSTINO, M. ; LUIZ, N. C. ; MULLER, V. ; AMARAL, M. R. C. ; CARDOSO, L. ; TRAVENSOLO, M. . Avaliação da Eficácia de uma Intervenção Comportamental a Pessoas Diagnosticadas com Dor Crônica. 2013. CIC - Cngresso de Iniciação Científica

 

http://www.itcbr.com/oque.shtml