O QUE É DEUS IV

Deus não é humano (substantivo comum). Não existe conflito entre Deus e homens, qualquer que seja a área. Conflitos só podem existir entre os próprios homens, entre os humanos.

Deus não é a imagem e semelhança do humano. Ao humanizarem Deus, os homens começam a ver conflitos entre eles e Deus. Assim, o cientista não pode aceitar Deus da mesma maneira que ele não aceita o colega que pode ser contrário a suas ideias.

Deus é a força que sustenta tudo. É a força que sustenta cada indivíduo. É uma força independente do bem e do mal. É uma força que é alimentada pela vontade individual. É a vontade individual que pode caminhar entre o bem e o mal. É ela que define estes estados.

Quando a vontade coletiva se ajunta para o bem temos o céu. Quando ela se ajunta para o mal, temos o inferno. Isto se aplica às vontades de um mesmo indivíduo. Quando essas vontades são canalizadas numa única direção para o bem, o indivíduo está em paz, tem o céu. Mas, quando elas estão em conflito, o indivíduo está em conflito e experimenta seu inferno.

Cada um pode ter seu céu ou seu inferno. Está cheio disso por aí, além de grupos de céus e grupos de infernos, que entre si são muito mais infernos do que céus, por causa da separação e consequentes vontades contrárias. Na verdade, ninguém se ajunta para o mal, pois teriam que fazer bem um para o outro para manterem o grupo mal. Mas, não tem como o bem viver no meio do mal. O mal só pode ser e é sempre individual, pois nada fica unido no mal. O mal atrai o mal, não com o objetivo de se unir, mas para se digladiarem. Só o bem pode ajuntar, pode unir.

Deus está fora disso, mas está muito mais presente nos céus. Mesmo nos nossos infernos, há um pouco dele, por isso ele nunca nos abandona.

Negar Deus não é ficar sem Deus. Não tem como. Ele não é negável. Aquele que se diz ateu tem Deus, queira ou não queira. O que se diz teísta pode ter Deus ou só um pouco dele.

A vontade de cada um é que dará a medida de Deus em si. Não há como não ter Deus de maneira nenhuma. Para isso, a humanidade teria que estar totalmente voltada para o mal. Alguém com a vontade totalmente voltada para o mal não existe, pois, antes do ponto máximo ele já teria se destruído. Uma humanidade, em seu todo, voltada para o mal faz com que um indivíduo destrua o outro, pois o bem não floresce no meio do mal. No final restaria um único indivíduo para o qual restaria apenas um de dois caminhos: ficar bom ou se destruir.

Estando totalmente voltado para o mal, o indivíduo se torna como um defunto estirado no chão do qual nada se sabe.

Também, alguém com a vontade totalmente voltada para o bem não existe, pois a interação com o planeta Terra exige, em alguns momentos, um pouco de maldade, seja uma que prejudique alguém ou não, prejudique alguma coisa ou não, mas que, no mínimo, prejudica o pensamento.

Observe os animais e as plantas. Você diria que eles têm mais Deus do que os homens ou menos? Certamente tem mais, muito mais.

Nesse sentido, não existe um animal ateu ou uma planta ateia. Mesmo bactérias, fungos e protozoários tem mais Deus do que os homens. Alguns dirão que não, pois eles só nos fazem o mal. Ora, o mal que eles nos fazem é o mesmo que fazemos àqueles animais que matamos para comer as suas carnes. E mais: eles não premeditam o que fazem, como nós o fazemos. O mal é premeditado.

Os homens humanizaram Deus, transformando-o às suas imagens e semelhanças. Transformaram-no num mágico, num curandeiro, num fazedor de milagres (efeitos contrários à natureza deste planeta e ao passo que a Natureza usa para fazer as coisas). Só assim podem entrar em conflito com Ele, pois só podem conflitar com seus próprios semelhantes, como sempre fizeram e fazem.

Aqueles que se chamam de cientistas, doutores terrestres na Física, Química e Filosofia, que tanto criticam aqueles que se dizem religiosos, que dizem saber o que é Deus, esses cientistas adotam a mesma imagem de Deus que criticam e, então, negam Deus. E com razão. Estão certos pensando estarem certos e estão errados pensando estarem certos (na verdade, aqui, lutam contra algo que dizem não existir, mas lutam assim mesmo, mais com medo de serem derrotados do que com verdadeira crença naquilo que pregam). Eles estão certos em negar porque este Deus milagreiro, intervencionista, tem que ser negado, pois ele não existe, a não ser na mente dos homens, se é que se possa negar o que não existe.

Brasilio - Julho/2010.