O que é Capelania Policial 3i – Integrada, Interconfessional e Interinstitucional

                                                                                                                                                  *Aparecido da Cruz

RESUMO

É proposta do presente artigo, apresentar o modelo de capelania policial denominado 3i, demonstrando através das citações legais, institucionais e práticas, as funcionalidades e perspectivas deste modelo, bem como suas possibilidades e oportunidades. Cumpre ainda ao bojo do artigo, ressaltar a atividade de capelania policial como intrínseca ao próprio universo policial e seu “modus vivendi”, culminando com uma analise sintética do proposto no próprio artigo, pós uma dissertação breve da missão básica do capelão policial. Por fim, enseja a pratica da capelania policial, de forma mais abrangente e numa proposta de contra-resistência, elencando benefícios de estarem alinhadas as demandas da atividade policial.

Palavras chave: Capelania, policia, igreja.

1 - Introdução

O direito a Assistência Religiosa, assegurado e garantido na forma da lei (Carta magna e leis especificas) não deve ser apenas mais uma letra morta, ou ainda o privilegio garantido a uma ou a outra organização religiosa, mas um ordenamento que precisa ser respeitado por todas as instituições e estabelecimentos civis e militares de internação coletiva, conforme preceituam as diversas citações legais, bem como os tratados e convenções internacionais ratificados por nosso país, como um direito intrinsecamente humano.

Neste contexto, destaca-se a atuação da Capelania, atividade de altíssima relevância psico-socio-espiritual, de caráter notadamente relevante e extremamente importante, como ferramenta flexível e eficaz em possibilidade à vida policial e dos policiais, com grandes legados registrados na história e memória das atividades da caserna estendendo-se até os dias atuais nos mais variados segmentos da segurança publica. Dessa forma, sabe-se que estas atividades em nível de influencia, validade e importância estão para uma organização, tal qual a espiritualidade e a religião para o ser humano, conforme fala de Mello, 2011.

Entende-se por capelania policial a atividade de assistência psico- sócio espiritual, aos componentes das fileiras policiais civis e militares, estendendo essa assistência e seu conjunto de ações a seus familiares. Conforme o autor do artigo “Cuidando de quem está na linha de frente”

...a atividade policial militar está entre as mais estressantes do mundo. O risco e a insegurança fazem parte dessa rotina, que muitas vezes culminam por acarretar sérias e graves conseqüências pessoais aos policiais, que podem comprometer sua saúde e afetar a vida pessoal e familiar. Aquele que se dispõe a cuidar de todos também precisa de cuidados. Oferecer consolo espiritual, emocional e psicológico a esses verdadeiros heróis anônimos da sociedade é a missão dos capelães policiais voluntários. Por intermédio do corpo de capelães voluntários vocacionados e especialmente treinados para a missão, os capelães policiais, literalmente abraçam a família policial militar, emprestando o ouvido e oferecendo o ombro amigo, para consolar e compartilhar palavras de esperança e encorajamento cristão... 

2 – Capelania Policial 3i

Por sua vez, a capelania policial 3i é assim denominada, em virtude de seu tripé de ação, exemplificado pelos códigos de Integração, Interconfessionalidade e Interinstitucionalidade, todos laborando em uma via alternativa as vias convencionais, sem, contudo, perder o foco nas escrituras, na ética, na moral, nos bons costumes e no ser humano integral, visando de forma mais abrangente, alcançar seu público alvo no gigantesco universo policial com a premência que a missão exige e a qualidade necessária para tal fim.

São características e perfil dos voluntários desta modalidade de capelania, dentre outras, uma linguagem simples, humildade, liderança servidora; capacidade agregadora; iniciativa; criatividade e aptidão para gestão de conflitos pessoais, profissionais e espirituais. Cabendo ainda, solido conhecimento das escrituras e da normatização e legislação relacionada a cada instituição, visando não promover um momento alienante, mas uma oportunidade ampla de cura, edificação, auxílio, assistência e salvação. 

1.2 - Missão Básica do Capelão Policial

De acordo com o encontrado na farta literatura sobre capelania, bem como na prática da atividade de capelania policial, são missões básicas deste servo do Senhor:

I. Ser uma pessoa de Deus dentro das corporações e instituições do sistema de segurança pública;
II. Ser presença de Jesus O Bom Pastor;
III. Transparecer: retidão, bom senso, humildade, mansidão e misericórdia;
IV. Ser socorro para todas as necessidades;
V. Atender a todos com solicitude e respeito;
VI. Responsável pela assistência espiritual  nas unidades que estiverem sob sua responsabilidade;
VII. Orientador da ética e moral de todos os profissionais de segurança pública;
VIII. Deve visitar, se possível, todas as unidades, levando a boa nova de Jesus Cristo;
IX. Visitar regularmente os Hospitais das corporações ou a elas agregados;
X. Acompanhar e assistir os familiares em serviço fúnebre;
XI. Ser ponto de ligação entre o responsável pela corporação e a tropa;
XII. Participar e colaborar nas festividades civis, recreativas e a outras a que for solicitado;
XIII. Ter compreensão e respeito com todos os credos religiosos
XIV. Não esquecer suas obrigações civis, militares e eclesiásticas, quando assim o for.

XV. Ser de presença respeitosa, agradável e prazerosa.

A presença do capelão deve ser sinônimo de paz, serenidade, tranqüilidade e sem dúvida alguma, símbolo da presença de Deus, como nos remonta a própria historia da capelania presenteista e também da capelania representativa. O capelão precisa ainda ser apoiado por material formativo, capacitante, edificante e de apoio, tendo em vista estar muito bem preparado para toda a boa obra.

2.1 - Capelania Policial 3i como Ação 

A Capelania Policial 3i é uma ação da Escola Superior de Capelania e Missões, organismo da Sociedade Brasileira de Proteção Humana, e tem os seguintes objetivos, o bem estar público; desenvolver ações de orientação, formação e informação para a cultura de fé e prevenção;  visa o alivio em situações de sofrimento, por meio da presença amiga, assistência, orientação e restauração; educação sobre prevenção de riscos em comunidades e incentiva a doutrina de proteção humana integral.

Atua junto com as instituições religiosas, militares e civis na promoção da cultura de paz, pelo fortalecimento das famílias, pela preservação e desenvolvimento da juventude, pela transformação da mentalidade que leva ao crime e amplificação das ações de valorização , bem como a oração, pelas autoridades e agentes de segurança em formato global.

Entendendo o agente de segurança pública como um ser humano com necessidades, fragilidades e ansiedades como todos os demais seres humanos, bem como um profissional com rotina e vida diferenciada, a capelania policial 3i compreende como membros deste contexto os policiais civis, militares e federais, os guardas municipais, os agentes penitenciários, os servidores administrativos das instituições de segurança pública, os integrantes dos corpos de bombeiros e os agentes de defesa civil.  

2.2 – A Capelania na Escola Superior de Ciências Policiais

           A instituição oficial da Capelania na Escola Superior de Ciências Policiais do CESDH – Centro de Estudos e Ensino em Segurança Pública e Direitos Humanos, se efetivou em Junho de 2017, exercida pelo Capelão e Educador Policial Aparecido da Cruz durante a solenidade de formatura da primeira turma do Curso Educador Policial. A Capelania da Escola Superior de Ciências Policiais é um serviço de apoio e assistência espiritual a alunos, professores e colaboradores, centrado nas verdades bíblicas, comprometida com a formação integral do ser humano no resgate dos valores construtivos e humanitários, transmitindo palavra de orientação e encorajamento às pessoas em momentos especiais ou de crise. Igualmente propõe incentivar a leitura das Escrituras Sagradas, distribuindo a Bíblia, Novo Testamento ou Porções Bíblicas, buscando reavivar e fortalecer a esperança e a fé, mediante o conhecimento de Deus Criador e do Salvador Jesus Cristo. Este serviço é prestado mediante a ministração da Palavra em eventos, visitas domiciliares, momentos de oração e intercessão e celebrações litúrgicas. 

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

            A conclusão deste trabalho é apresentada nesta seção em face do que foi proposto pelo tema Capelania Policial 3i, proporcionando uma síntese do que foi apresentado neste breve artigo, como forma de disseminação do modelo adotado pela ESCAM - Escola Superior de Capelania e Missões, organismo da Sociedade Brasileira de Proteção Humana – SOBRAPH em matéria de capelania policial. Convém ressaltar que não foi pretensão do autor, esgotar o assunto, nem o minimizar, mas fomentar estudos mais significativos para ampliar a percepção e apropriação do tema em trabalhos mais abrangentes e ricos.

           Procurou-se ainda demonstrar, robustecer e amplificar a percepção de quem de fato são os agentes de segurança pública, estendendo o leque de ações e o numero de profissionais a serem alcançados pela capelania policial de fato. Tendo em vista ainda, que a atividade policial precisa de capelães, o foco desta melhoria precisa estar centrado em pessoas, para que tenhamos melhores profissionais servindo a população e melhores pais de família engajados em promover a unidade familiar como equilíbrio salubre da sociedade.

          De igual modo, destacou-se o caráter integrador, interconfessional e interinstitucional da proposta apresentada, como fomento de contra resistência, apoiando-se no ideário cristão de unidade e fé “para todos e por todos”, contribuindo assim para uma atividade mais ampla e menos restrita, onde todas as instituições podem produzir um ciclo de assistência para além de um sistema meramente religioso no sentido “vulgar” do termo na modernidade.  

Por fim, constatou-se que o modelo adotado pela ESCAM – Escola Superior de Capelania e Missões, por meio da ação Capelania Policial 3i, representam não só um avanço significativo na forma de praticar capelania policial, como demonstra ser possível uma práxis mais contemporânea, moderna e coerente, sem perder o foco central. Concretizou-se ainda a máxima de que neste modelo de capelania, não há excluídos ou super estrelas, mas há servos e servas, servindo ao general dos generais que é Cristo, sem a pretensão de fragmentar ou ainda locupetrar qualquer que seja o tipo de vantagem na assistência aos que mais precisam.

4 - Referencias

ASSOCIAÇÃO DE POLICIAIS MILITARES EVANGELICOS DE SÃO PAULO. Disponível em http://www.pmsdecristo.org.br/site/conteudo.php?p=capelania-voluntaria Acesso em: 11 de Junho de 2018.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília – DF: Senado Federal, 2016.

CRUZ, Aparecido da. Curso Capelania Global e Transformação Social  – ESCAM. São Paulo: s.n., 2015.

CRUZ, APARECIDO. O Direito a Assistência Religiosa e a Capelania Interconfessional. Vitoria da Conquista: FATECBA, 2015.

 ESCAM – Escola Superior de Capelania e Missões. Curso de Capacitação em Capelania. São Paulo (SP); 2018.

MELLO, Walter Pereira de. “O Capelão Militar: Interlocutor entre a Religião e a Guerra”, 2011. Disponível em: http://acmeb.org.br/biblioteca-on-line/dissertacoes/ Acesso em: 11de Junho de 2018.   

*Aparecido da Cruz é Pastor da AD; Capelão da FTB e Escola Superior de Ciências Policiais, Coordenador e Fundador da Capelania Policial 3i, Doutor em Teologia, Mestre em Educação, Especialista Pós Graduado em Direito Militar, Proteção Civil e Segurança do Trabalho, Licenciado em Educação Física, Educador Policial pelo CESDH, Tutor Senasp, dentre outras capacitações.

Contatos com a Capelania Policial 3i: [email protected] e [email protected]