O QUE É A GUERRA

Por que os homens fazem guerras? Por que o objetivo da guerra é eliminar a vida dos chamados inimigos, apesar das “regras”? Regra para matar é pior do que regra nenhuma, pois com regra há a intenção clara de matar. Nas guerras de hoje não há nervos à flor da pele, não há uma briga, mas há premeditação, sangue frio. É o mesmíssimo procedimento usado pelo assassino de aluguel.

Existem pessoas que não gostam de outras pessoas. Na verdade elas até detestam, a ponto de quererem eliminar o outro. Isso é atraso mental. Às vezes nem conhecem a outra pessoa. Tudo se resume, na verdade, num auto-ódio. Quem gosta de si mesmo não consegue odiar ninguém.

Agora, não haveria sentido nenhum em uma nação guerrear com outra porque não se gostam. Se usarem isso como desculpa é, do mesmo modo anterior, atraso mental, seja verdade ou não.

Muitas guerras do passado aconteceram por esses motivos, pois, no passado, os povos eram realmente mais atrasados mentalmente. Outras aconteceram por interesses comerciais e geográficos, como as de hoje em dia. Aliás, todas as guerras recentes se deveram a motivos comerciais.

Infelizmente, nem tudo que um país produz, outro também produz. Mais infelizmente ainda, os povos não se olham como irmãos, mas sim com ladrões. Se se olhassem como irmãos, a questão de um país produzir o que o outro produz não seria uma infelicidade, seria uma bênção.

Alguns povos usam a bênção de o seu país produzir um bem essencial para outros países como arma de pressão política. Ou seja, se tornam ladrões daquilo que não é dos outros, tomam antes de darem. Isso incita ao ódio e, daí, à guerra.

Nenhum país invade outro com a intenção de tomar terras inúteis, inférteis em termos agrícolas ou minerais. Há sempre um interesse comercial. Mesmo que a área invadida seja inútil, a invasão é apenas um primeiro passo para o objetivo final. Nesses casos há sempre um terceiro país que vai se sentir prejudicado pela invasão sofrida pelo segundo por causa de interesses comerciais negociados. É como se o terceiro tivesse sido invadido também, daí vem um revide.

Quando não há interesses comerciais envolvidos, há o receio do invasor crescer e tomar mercados, o que resulta, de qualquer forma, em interesses comerciais.

Mas, qual é a diferença entre crescer invadindo e criar riquezas próprias, inundando o mercado com seus produtos? Nenhuma. Daí vem as tais das barreiras alfandegárias, que é uma espécie de bloqueio de uma invasão não declarada. Qualquer país que não coloque essas barreiras estará sendo invadido e dominado, não podendo crescer, ou crescendo muito devagar, podendo até sofrer uma invasão definitiva e desaparecer. Disso não resultará guerra vinda de um terceiro país, mesmo que o invasor corte relações com o terceiro.

Por outro lado, nenhum país deve evitar invadir os outros com seus produtos, senão ele acabará invadido.

As guerras mais recentes têm tido como motivos agressões por questões não-comerciais, sendo mais políticos, religiosos e por ódios injustificados, como os ataques terroristas.

Os ataques de terroristas são uma espécie de guerra. Guerra, simplesmente guerra. Não se deve falar em regras, em respeito, porque a simples guerra suprime tudo isso. São invasões geográficas, comerciais e morais, ou seja, guerra.

E o contra-ataque aos terroristas, o que é? Guerra ou autodefesa? É autodefesa, assim como qualquer país invadido tem direito à autodefesa. Assim como o cidadão tem o direito de defender sua casa contra ladrões. Ele só não tem o direito de invadir a casa da família do ladrão, pois ele vai, assim, se tornar um também.

Invadir o país dos terroristas, supondo que a nação inteira é terrorista, é guerra. Invadir os terroristas comercial e moralmente é autodefesa.

Então existe a guerra justa?

Não existe diferença entre uma guerra e uma briga entre duas pessoas, marido e esposa, por exemplo; entre dois grupos, torcedores de times adversários, por exemplo. O objetivo é sempre o mesmo: destruir o oponente. Estas não são guerras justas. É pura ignorância, orgulho.

Não existe diferença entre uma guerra e um confronto entre você e um bandido que queira tomar aquilo que você conquistou com seu trabalho. Essa é uma guerra justa, sim.

Se um país declara guerra a outro que invadiu seu território, território sustentado e habitado por seu povo, o invasor age como um bandido. Então, a guerra é justa.

Sim, existe guerra justa. Mas ela só é justa enquanto a luta for contra os verdadeiros bandidos. Quando ela generaliza qualquer um como bandido, seja de um lado ou seja de outro, ou no meio do seu próprio povo, às vezes até usando-o como escudos, ela se torna injusta e covarde.

Você pode eliminar um bandido, mas não pode assumir que a família dele é bandido também. Aí você estará travando uma guerra injusta, criando suas próprias regras, sempre a seu favor, claro. Isso não é autodefesa, é guerra.

Guerra é mentir, é enganar, é maltratar, é roubar, é assassinar. Essas são as únicas “regras” que podem ser aplicadas à guerra.

Como diz o ditado popular: “Guerra é guerra”, ou seja, vale eu fazer tudo para te derrubar para você nunca mais levantar.

Brasilio – junho/2004.