O QUE É A DOR II

Qual é o objetivo da dor? Ela avisar que algo não está indo bem é sorte nossa?

Dor realmente piora o quadro? Que tipo de vibração é a dor?

Há dores que não se manifestam em qualquer tipo de desconforto, por isso pode não haver alarme para um caso grave.

Dor que é alarme nunca terá solução, pois você não é o mesmo todos os dias, está sempre sendo alterado. Hospitais e Clínicas nunca ficarão vazios.

Uma dor que me perturba muito e há muito tempo é a dor-de-cabeça chamada de enxaqueca. Não parece ser um alarme, mas o próprio desconforto em forma de alarme. E é um tipo de dor que parece se alimentar de si mesma, afetando tudo que esteja em volta. Assim, perturba todos os sistemas, principalmente o digestivo, causando parada digestória e enjoos.

Nunca entendi qual é a causa dela. A Ciência também não sabe. O jeito é especular para, talvez, chegar a alguma causa provável.

Se como muito, ela aparece; se como pouco, ela aparece. Se durmo pouco, ela vem; se durmo muito ela vem. Qualquer coisa que faço de zero a cem (por exemplo, descansar bastante a cansar bastante) ela vem. Daí, não tem a ver com o estilo físico de vida, pois tanto faz. Talvez tenha a ver com o estilo mental. O problema é que a quantidade de estilos mentais supera em demasia a quantidade de estilos físicos, e procurar um deles que possa ser a causa é pior do que procurar uma agulha no palheiro.

Mas, no final das contas, parte (ou toda) da causa está na fisiologia, pois afeta o fisiológico, que afeta o físico e o mental.

Uma característica da dor de enxaqueca é que, na maioria absoluta das vezes, ela é lateral, ou seja, se manifesta em apenas um lado da cabeça, na lateral frontal, enquanto o lado oposto fica perfeitamente saudável.

           
 

A

 
 

B

 
     
 

Existem apenas duas maneiras da dor aparecer nas têmporas: ou sua causa vem internamente trazida pelo sangue ou vem de fora. Este último caso teria que ser feitiço, despacho, macumba. Então, a causa vem de dentro, com o sangue (ou qualquer outro veículo corporal).

Se é o mesmo sangue que chega no lado A e no lado B; se é o mesmo sinal nervoso que chega em A e em B; se são as mesmas substâncias que chegam em A e em B; se os “fatores” externos afetam A e B ao mesmo tempo e igualmente, então só B dói porque ele está com um padrão vibratório diferente do padrão de A. A estrutura (que estrutura?) de B está diferente da de A.

Mas, não é só isso. Pode ocorrer que a estrutura de A esteja diferente da estrutura de B e não haver dor alguma. Então, além das estruturas, existe um fator desencadeante.

A estrutura sozinha não é causa. Aliás, elas estão se alterando sem parar. Talvez o fator desencadeante esteja sempre presente, apenas esperando um padrão estrutural adequado para poder se manifestar.

Talvez dor não seja dor, isto é, o que sentimos é uma manifestação normal do dia a dia do corpo. Entendemos como dor porque é bem diferente do que sentíamos antes dela, isto é, como tudo na vida física, dor é algo relativo. É como se existisse um limiar que pudesse ser mudado de lugar. Se a pessoa passa muito tempo sem sentir dor, esse limiar vai baixando até que ela começasse a sentir dor (antes ela não sentia uma dor de dente que realmente estava doendo. Depois, com o limiar baixo, ela passa a sentir esta dor). Quando ela começa a sentir dor, esse limiar começa a subir, como se, para não sentir mais dores, seja preciso sentir dor. Como se a dor fortalecesse o sensor de dor. O exercício a fazer para ele ficar forte é sentir cada vez mais dor, para não sentir mais dores. Mas, a coisa não é tão simples. É até possível aumentar uma dor, apesar do ideal seria baixá-la, pois é isso que a gente busca, o alívio. O problema de aumentar algumas dores é que a vibração acaba afetando outros órgãos, principalmente o estômago e os intestinos. Conforme a intensidade, o próprio cérebro pode ser afetado. Dor pode levar à morte, seja ela fraca ou seja ela forte.

Talvez a dor que sinto seja uma válvula de escape no meu mundo consciente, uma reação a uma ação inconsciente, tipo retesar todos os músculos, travar dentes e dedos, forçar veias e vasos. Como puxar uma corda do violão, o máximo possível, segurar por um certo tempo e, depois, soltar. Ela vai oscilar até parar. Vibração da dor.

Brasilio/Outubro de 2009.