O QUE É A ALMA

Qual é a alma de uma máquina? É a função que ela executa ou é a capacidade que ela tem de executar essa função?

Claro está que ela precisa do “corpo” para executar suas funções. Se esse corpo não permitir a manifestação das funções, a máquina não funcionará.

Só a capacidade não é suficiente, porque capacidade não é “visível”, não causa uma transformação no ambiente (incluindo o ambiente interno da própria máquina). A capacidade só aparece se houver uma mudança perceptível no ambiente. Então, a capacidade, por si só, não existe, ela é derivada do que a máquina se mostrou capaz de fazer. Portanto, a alma da máquina não é sua capacidade de executar suas funções.

Sobra-nos as próprias funções. O que são funções? Elas, por si só, podem se iniciar?

As funções são exatamente o conjunto de ações que causam uma mudança no ambiente. Mas, quando se tem uma ação tem-se um agente atrás dessas ações. E, é mais que certo que, no caso da máquina, o agente transcende a própria máquina. Sim, nenhuma máquina é capaz de, por si mesma, se por em funcionamento. Então, a alma da máquina não pode ser as funções que ela executa. Quando muito, as funções são a manifestação dessa alma. Por outro lado, se a parte transcendente é inadequada (não se coaduna com o mecanismo que resulta as funções), a máquina não vai funcionar ou funcionará mal. Também resulta isso se o mecanismo interno estiver falho. Nenhum desses casos exclui a existência da alma, que ainda não localizamos. Podemos dizer que PARTE TRANSCENDENTAL+MECANISMO INTERNO = FUNÇÕES (manifestação). Então, se o mecanismo interno está em perfeitas condições e a parte transcendental está presente, a máquina vai funcionar.

Vimos que o mecanismo interno não pode ser a alma. A parte transcendental pode ser. Mas, se o mecanismo interno estiver totalmente falho, será como se a parte transcendental não existisse. Mas isso não é verdade. A parte transcendental pode existir independentemente do mecanismo interno, porque aquela não está neste.

No caso de um sarilho para puxar água de um poço, a alma desta máquina será uma pessoa. No caso da Lua, sua alma é um conjunto de forças (gravitacional, rotação, etc.).

Então, a alma de qualquer máquina é aquilo que a faz funcionar e nunca está nela, nunca.

Qual é a alma de uma pedra? Uma pedra executa uma função específica? Não, a menos que ficar inerte seja considerado uma função. Mas, nesse caso, não há uma manifestação, uma mudança no ambiente. Então, uma pedra não tem uma alma.

Quando pegamos uma pedra na mão e a atiramos ao longe, ela ganha uma alma, temporariamente que seja? Bom, nesse momento ela causa uma mudança no ambiente e, talvez, até em si mesma. Note que, mesmo nos casos anteriores, a causa primária da mudança no ambiente é a alma, não o corpo. Isso fica bem evidente no caso da pedra.

Mas qual é a alma da pedra naquele momento? É quem fez a pedra funcionar. Mas não é uma alma própria, assim como na máquina, assim como na Lua.

E se a pedra está no alto de uma montanha na Terra e um vento suficiente a faz se soltar e despencar 1000 metros abaixo? A alma da pedra naquele instante será a força de gravidade.

Em todos os casos, seja da máquina, da Lua ou da pedra, durante a execução de suas funções podem elas mudar seus comportamentos? Não, não podem. Quando a pedra está despencando sob o impulso de sua “alma gravitacional”, pode essa alma mudar o comportamento? Não.

O que está faltando então? Está faltando a consciência de si mesmo. É como se bipartir em uma parte controladora e em outra que pode ser controlada. A parte a ser controlada é como uma máquina (matéria), a Lua (matéria), a pedra (matéria), o corpo (matéria), o modo de agir (não-matéria). E a parte controladora? Ela é a verdadeira alma.

Nenhum dos três primeiros da lista acima pode se bipartir, portanto não podem ter alma própria. Mas, e o corpo? À primeira vista parece também que ele não se biparte, pois ele já nasce bipartido, já nasce com “alma”. O corpo morto é como a pedra, não tem alma. O corpo sozinho é uma máquina e, como na máquina, sua alma o transcende, portanto NÃO ESTÁ NELE, mas interage com ele, o controla.

O que é o “modo de agir”? O modo de agir não é uma entidade física ou mesmo detectável a priori. O modo de agir é o conjunto de caminhos que a alma pode seguir para resultar uma ação. Mas esses caminhos não pré-existem, eles só são visíveis depois que a ação foi executada, e não significa que este caminho vai permanecer. É o que se chama livre-arbítrio, e é uma característica exclusiva daquele que tem consciência de si mesmo.

Os caminhos comportamentais de uma máquina, da Lua, de uma pedra, do corpo sem vida, são todos previsíveis (ou parte deles, pois uma pedra pode cair sobre outra, manter-se parada ou escorregar, ou mesmo deslocar a outra).

Então, o modo de agir é característica de qualquer coisa, com a diferença que NUNCA, em nenhum momento, é determinístico nos seres que têm consciência de si mesmo.

O que dizer de uma máquina que gera números aleatórios? O modo de agir dela não é determinístico. Até certo ponto isto é verdade. Mas uma coisa é determinística nela: ela SEMPRE vai gerar números aleatórios. Ela não decide fazer outra coisa. Por que? Porque ela NÃO TEM consciência de si mesma, não se biparte e se controla, daí não tem consciência do que está fazendo.

Qual é a alma de uma planta? O que uma planta faz? Claramente ela executa várias funções, pois isso é “visível”, o ambiente interno e externo a ela sofre modificações. Então, por nossa definição a planta tem uma alma. Existe um agente por trás das ações da planta. O que esse agente faz? Ele suga elementos do solo e do ar e com eles forma os “tijolos” que vão causar o crescimento da planta, causar o aparecimento de flores, frutos e também definir as propriedades (cor, sabor, etc.) dos componentes daquela planta.

Todas as transformações que ocorrem na planta são visíveis, mas o agente transformador não é visível. Toda e qualquer planta sofre este mesmo tipo de transformação. Então elas têm o mesmo tipo de agente. A “alma” das plantas é única. Uma vez iniciado o processo de desenvolvimento da planta, ele não para, não se desvia por decisão própria. Um pé de goiaba não resolve produzir manga de uma hora para outra. Ele só tem um “modo de agir”, é determinístico, é previsível. Uma vez perturbado a execução desse modo de agir, a planta não se desenvolve de maneira nenhuma.

Uma planta tem consciência de si mesma? Ela compreende o mundo à sua volta? Ela tem vontade própria? O agente que tira do ar e do solo os elementos que a planta precisa está nela ou a transcende? Se não houver no solo ou no ar os elementos necessários, assim mesmo o agente tenta, isto é, assim mesmo ele está lá? É realmente um agente externo ou algo que aparece quando as condições são favoráveis?

Ora, o processo referido acima é totalmente físico. Em termos desse tipo de desenvolvimento, até nós somos assim, temos uma alma única. Isso não é bem a alma. O agente está na planta, e é um processo fisiológico de atração. Mesmo que faltem os elementos, o agente ainda está lá, incompleto, mas está. Ele fica completo quando as condições se tornam favoráveis.

Assim, a planta é como uma máquina. Nós somos como máquinas. Mas temos outros aspectos que não encontramos nas plantas. Mas isso prova que elas não os têm? Se elas os tiverem, então máquinas podem ter, pedras podem ter. Nunca, porém, se teve notícias de um fato tal (uma planta, uma máquina, uma pedra tomando decisões, mostrando intenções, compreendendo algo e agindo conforme essa compreensão), portanto, PLANTAS NÃO TÊM ALMA. A perturbação que algumas plantas “sentem” quando alguém com certas “vibrações” se aproxima delas não é algo que elas sentem, mas que as afetam do mesmo modo que o vento as afetam.

Na escala dos animais, excetuando a raça humana, todos têm alma? Têm que ter, porém numa escala também. Alguns animais têm almas bem rudimentares, como os insetos, por exemplo. Por que têm alma? Porque são capazes de tomar decisões, são capazes de reconhecer seus semelhantes e dessemelhantes, e mais uma série de ações que não podem ser explicadas materialmente.

Alguns poderiam aqui se escandalizarem por acreditarem que a alma é algo santo e, portanto, os animais não podem ter alma. Ora, a alma não é criada santa, no sentido de que ela tudo sabe e seja toda bondade. Não. A alma é criada PARA SER santa. Feliz é um animal em que Deus o guia através do instinto. Mais feliz deveria ser o homem, por Deus lhe ter dito: pronto, agora já podes tomar tuas próprias decisões, pois te dei o conhecimento do que é bom e do que é ruim. Podes escolher. Eu gostaria que crescesses e se aproximasses mais e mais de mim. E o que temos feito? Acho que os animais têm se saído melhores.

Alguém poderia perguntar: e os vírus e bactérias? No aspecto de almas, eles estariam melhor classificados como plantas. Sim, porque eles dependem totalmente do ambiente, mesmo para se transformarem.

À medida que subimos na escala animal, mais evoluída vai ficando a alma, até chegarmos ao ser humano, cuja maioria tem as almas mais evoluídas deste planeta. Sim, a maioria, apesar de tudo. Caso contrário estaríamos em extinção. É inegável que o ser humano é uma alma encerrada em uma veste (corpo) apropriada para este planeta.

Por que é inegável? Por causa das razões listadas sobre os animais inferiores terem alma; pelo fato de o corpo que usamos estar sempre se renovando totalmente e nós continuamos sendo os mesmos (assim como trocamos de roupa sem nos tornarmos outra pessoa); pelo fato de conseguirmos olhar para nós mesmos, como que saindo totalmente do corpo, e dizermos: não, não temos alma, somos totalmente materiais; pelo fato de ficarmos tristes e sabermos que estamos tristes (se não nunca teríamos tristeza e nem alegria!!!); pelo fato de termos uma dor física e senti-la; pelo fato maior de termos vontade.

O que é nossa alma (o que somos? – abstraindo o corpo)? Como ela é (como somos)?

Imaginemo-nos sem o corpo. Como naquele momento em que olhamos para nós mesmos e dizemos: não, não temos alma. Tente olhar para esta “pessoa” que olha para o corpo tentando nele achar a própria alma. Se triparta (se conseguir). O que somos, ali, naquele instante? Sim, alma, o eu verdadeiro. Como somos, ali, naquele instante? Temos uma forma? Não, não temos, somos só pensamento, sem forma, mas “vendo” formas (vendo o corpo), “sentindo” formas (vendo a si mesmo e outros), “ouvindo” ideias (ah, eu devia ser assim, assado; ah, eu não tenho alma).

Este ser-pensamento, que está SEMPRE conosco, que somos nós, tem algo por trás dele? Isto é, é possível esse ser-pensamento se bipartir como ele fez consigo e com o corpo? Dá para imaginar isso? Dá para pensar que você está pensando? Assim como sonhar que está sonhando (sonho não é pensamento !!!). Não, não dá. Alguém procurava pelo absoluto, pelo indivisível? Aí está ele: a alma.

Agora a questão maior: a alma é uma propriedade do corpo? Isto é, quando o corpo morre ela desaparece? Ou ela é uma coisa à parte?

Já concluímos que ela não é material, no sentido de sermos apenas carne e osso. Queremos saber agora se ela é uma emanação da carne e osso ou se é um ser à parte que controla a carne e osso.

Se o pensamento, por exemplo, emana da carne-osso, então a carne-osso (coisa física, não inteligente) causa uma série de eventos que, em si, é o pensamento (por que parece que está faltando algo, a causa inicial? Vamos resistir a isso, por enquanto). Esse pensamento depois pode se tornar uma memória e pode ser lembrado mais tarde. E aí? Como a carne-osso vai lembrar? Vai gerar o pensamento de novo? Será que, na verdade, não temos memória? Por que então DECIDO lembrar de alguém que conheci há muito tempo? Por favor, vamos parar. Carne-osso não pode ter inteligência, mas, claramente, existe uma inteligência atrás disso.

A alma é um ser à parte, cada um é um ser à parte de seu corpo e controla esse corpo. Estamos ligados a ele para receber as percepções e termos sensações. Para isso interagimos, através do corpo, com o ambiente e outros corpos. Efetuamos força em cada parte do corpo, à maneira da força da gravidade, forças essas que se exteriorizam/interiorizam (da alma para o corpo e vice-versa) através dos nervos. Mais, podemos ter percepções e, daí, sensações, mesmo sem o auxílio do corpo, estejamos dormindo (sonhos) ou acordados.

Se somos um ser à parte do corpo, não necessariamente morremos com ele. Temos, assim, duas alternativas:

1)      Desaparecemos

2)      Não desaparecemos.

Se desaparecemos junto com a morte do corpo, só há duas maneiras de desaparecermos:

  • Desaparecemos simplesmente, como uma bolha de sabão.
  • Somos reintegrados ao todo universal, ao elemento de onde provimos.

A primeira maneira suscita graves implicações religiosas:

Jesus não ressuscitou.

Deus não existe.

Tem também implicações filosóficas:

Somos um acidente, um produto do acaso, um vírus.

Somos máquinas que constroem máquinas.

A vida simplesmente tem que ser vivida e gozada aqui, com tudo que aprendemos. Aqui devemos dizer que nossa luta pela vida não foi em vão.  Devemos viver bem e em harmonia para que não desapareçamos todos de uma só vez. Devemos cuidar bem de nossos filhos para que eles continuem nossa raça para sempre, por toda a eternidade, como um relógio cuja corda nunca vai acabar.

O universo é vazio de vida. Os demais astros do universo têm o único papel de manter o equilíbrio universal. Esse papel lhes foi dado pelo mesmo acidente que os criou.

As leis morais que existem nasceram de nossas cabeças, pois, graças ao acidente, fomos criados com algo chamado BEM e que vimos que é bom.

Ora, o universo é silencioso. Os astros giram e passam pelos céus da mesma maneira há bilhões de anos. Não há um sinal de coisa alguma. Alguém próximo de você morre, é enterrado, o corpo desaparece na terra e você não vê um traço físico sequer desse alguém. Não ouve uma voz, não vê uma imagem, nada. A única coisa que fica, até que você morra também, é um pensamento, uma lembrança. Aquele alguém fica ali na nossa mente, na nossa alma, como que conversando com ela, causando-nos sensações através dos sentidos não-físicos.

Será que esse alguém é real? Se não é, então a tristeza não é real também, pois não a sentimos pelos olhos, ouvidos ou tato, muito menos pelo nariz ou boca.

E quanto a uma pessoa que você nunca viu, de quem nunca ouviu falar, mas que morreu, foi enterrada e desapareceu completamente? Ela fica em seu pensamento? Não. Fica no pensamento de outra pessoa? Pode ser que não. Muitos desaparecem assim, todos os dias. Será que se tornaram em nada? Sim, se tornaram em nada. E aquele alguém próximo de você se tornou em nada. E a tristeza que você sente é apenas uma sensação imaginada por você.

Bom, pegar algo pelo meio e imaginar um fim para ele é fácil.

Vamos então ver como foi esse acidente que criou o universo e a nós.

Das duas uma: ou não existe nada antes do acidente ou estava tudo um caos e o acidente botou ordem na casa.

Se nada existia, nada ainda existiria, nem mesmo a causa do acidente. Ponto.

Se existia o caos, ele se auto-organizou ou continua do mesmo jeito. Em qualquer caso somos forçados a andar um pouco mais para trás, pois o caos NÃO PODE ter saído do nada. Isso implica que ele já existia e/ou foi criado por alguém, porque ele não se criou a si mesmo. Se alguma coisa ou alguém o criou, quem criou esse alguém? Sim, no fim TEM QUE ser alguém, porque coisas não são capazes de criar coisas.

Esse alguém, inimaginável (no sentido de lhe darmos uma imagem), mas que nossa razão nos diz que existe é o que chamamos de Deus!!! O problema de alguns relutarem em aceitar esta “definição” é exatamente pelo fato de tentarmos uma definição usando termos humanos, ou tentarmos definir uma imagem (que não estou fazendo aqui). Na verdade, não dei uma definição aqui, cheguei Nele por exclusão (vejam o pronome PESSOAL. Isso é o que força uma definição em termos humanos).

Então Deus (não necessariamente no sentido religioso da palavra) existe, criou tudo e nos criou. E NÃO DESAPARECEMOS feito bolinhas de sabão, senão esse Deus estaria sozinho, não teria nenhum sentimento voltado ao bem. Seria insosso. Como não somos assim e fomos criados por ele (Ele não se importa se escrevo em minúsculas), isso implica que ele tem o bem em si.

Se ele tem o bem em si e nos faz com atributos que são dele, tirados dele, então ele não nos destrói.

Então (a) acima é falso, e Deus existe.

Somos reintegrados (b)? Se formos reintegrados e perdermos a individualidade, isso é a mesma coisa que (a). Se não perdermos nossa individualidade, então nós não desaparecemos. Isto implica que (a) e (b) são falsos.

Finalmente, no todo podemos concluir:

  • Deus existe.
  • Jesus não voltou à vida
  • Nossa alma não desaparece quando o corpo morre.
  • Somos inerentemente bons e herdamos isso de Deus.
  • Deus é poderoso e bom em sua totalidade.

Então, o que acontece conosco depois que deixamos nosso corpo?

Ficamos perdidos pelo espaço?

Ficamos em uma espécie de Casa de Custódia?

Ficamos para sempre no Mundo Espiritual?

Voltamos para outros mundos (mesmo a Terra) em outros corpos?

Em qualquer caso acima, temos condições de nos comunicarmos com os que ficaram aqui na Terra, por exemplo? Sabemos que o contato é possível, pois nós mesmos, aqui na Terra, entre nós, temos casos de comunicações via pensamentos acontecendo todos os dias.

Vamos analisar as hipóteses acima.

Ficar perdido no espaço implica que só encarnamos uma única vez. Isso não é diferente da bolha de sabão e não coaduna com a bondade e sabedoria de Deus (ele não criaria almas para serem jogadas fora). Nossa própria razão nos diz que isso é inadmissível. Ficar perdido significa não fazer contato com ninguém (encarnado ou não), e nos casos relatados de contatos ninguém disse estar perdido.

O que seria essa Casa de Custódia? Um lugar onde ficamos aguardando um evento, o julgamento final? Quando será isso? Depois que todos morrerem ou serão julgados mortos e vivos? Julgados em relação a quê, já que serão todos julgados ao mesmo tempo?  Não teríamos tempo para compreender nossa acusação, a menos que nos fosse dado um tipo de poder, o que nos tornaria melhores e descaracterizaria a acusação. E o que acontecerá aos condenados? Desaparecer não vão, senão caímos no caso da bolha de sabão. Essa ideia é absurda e, como a anterior, não coaduna com os atributos de Deus, conforme Jesus (que se referia ao Deus que “descobrimos” acima) expressou várias vezes. Seria essa Casa de Custódia um hospital? Uma escola? Se sim, o que viria a seguir depois que formos “recuperados”? Daqui, só podem cair na hipótese 3 ou 4. Quanto a contato com encarnados, poderia ser negado durante a “recuperação”.

Ficar para sempre no Mundo Espiritual não é diferente de (a) e (b) acima: encarnamos uma única vez e depois ficamos presos em custódia, ou esperando um julgamento. Mas não admitimos (a) e (b). Outra alternativa é levar uma vida normal lá (nos padrões do Mundo Espiritual). Mas, para ficar lá para sempre, nossa razão nos diz, deveríamos ser perfeitos. Se, porém, fôssemos perfeitos, nós o seríamos mesmo encarnados. Mas esse não é nosso caso! Não temos condições de ficar lá sendo imperfeitos, caso contrário o mundo de lá seria igual ao daqui para sempre. Nunca haveria melhora, nem lá e nem cá. A Casa de Custódia (b) seria melhor que isso. Em casos relatados, o que é dito é que só os espíritos elevados habitam o Mundo Espiritual para sempre, no sentido não obrigatório, como esta alternativa afirma. Só nos resta, então, a hipótese 4.

Para mim é inexplicável o fato de várias pessoas não aceitarem esta hipótese, porque essa negação vai contra toda a lógica, tanto quando olhamos para a humanidade quanto para Deus. Ela elimina TODOS os “problemas” das hipóteses anteriores, e não apresenta nenhum problema novo. É inconcebível como muitos não a aceitam, sem uma explicação, simplesmente negando, como que fechando os olhos para não verem algo que os amedronta. Mas, fechar os olhos não nos protege do “monstro”, ao contrário, não podemos ver o caminho da fuga, e acabamos sendo engolidos.

Vamos ver como esta hipótese conserta as falhas das anteriores, indo de (3) para (1).

Só podemos ficar no Mundo Espiritual para sempre sendo perfeitos; só nos tornaremos perfeitos se evoluirmos; só evoluiremos se aprendermos; só aprenderemos se interagirmos com outros seres, encarnados e não-encarnados, com outros ambientes e conosco mesmos naqueles meios.

Passamos uma temporada no Mundo Espiritual para interagirmos lá. Por outro lado, é necessário estarmos em condições apropriadas para as demais interações. É preciso adquirir corpos adequados ao ambiente onde vamos interagir. Nem sempre o ambiente permite tempo suficiente para chegarmos à perfeição. Aqui na Terra chega-se a, no máximo, 120 anos de idade para o corpo. Como o homem já tem mais de 30 mil anos de existência e nesse tempo a maioria ainda mostra imenso atraso moral, dá para imaginar quantas vezes, no mínimo, alguém teria que adquirir um novo corpo aqui.

A isso dá-se o nome de REENCARNAÇÃO.

Sim, enquanto estivermos no Mundo Espiritual podemos passar por uma Casa de Custódia, mas será mais um Hospital, ou uma Escola, de onde saímos depois para reencarnar. Se há um julgamento, ele será individual, e através de conselhos e reflexões durante a estada naquele hospital ou escola. Depois, recebemos nova oportunidade para melhorar, através da reencarnação.

Não é isso um perdão? Não é isso a prova de que Deus é bom? Assim como o aluno que passa de ano na escola tem como prêmio aprender coisas novas na próxima série e ao aluno que é reprovado é dado repetir o ano para adquirir o conhecimento que ele não conseguiu, podendo até fazer melhor do que se esperava dele, o mesmo se aplica à reencarnação. Se na Escola dos homens aquilo é receber um prêmio, na Escola de Deus isso é receber um perdão. Só quem ama perdoa.

Depois disso tudo, a hipótese (1) está automaticamente refutada.

Como explicar, sem reencarnação, as seguintes questões:

  • Crianças prodígios à Só pode ser evolução. Evolução é a bênção verdadeira, a bênção que nos damos, e isso é agradável a Deus. Não é benção de um Deus parcial, que ESCOLHE fazer uns melhores que outros. Nós é que nos fazemos melhores ou piores, pois recebemos uma bênção para isso: o livre-arbítrio. Pela nossa compreensão de Deus não ser maior que a compreensão que temos de nós mesmos é que “fazemos” Ele agir como nós agiríamos.
  • Sofrimentos na vida à Só pode ser resgate de dívidas contraídas através de atos inadequados à evolução. Quanto maior ou mais longo o sofrimento, maior deve ter sido a dívida contraída. Mesmo o fato de alguns estarem aqui sem sofrer é também um resgate. Sim, estamos devendo a evolução (se existe o pecado original, ele é isso). Existem apenas dois meios de resgatar esta dívida mais rapidamente: a caridade e o estudo (se bem que estudar é uma caridade para consigo mesmo). Caridade é o amar o próximo como a ti mesmo; estudar é olhar para o próprio sofrimento e compreender seu intuito, é compreender os fatos da vida e do universo, conhecer a si mesmo, buscar os caminhos de melhoria e procurar levar consigo quantas pessoas você puder. Em resumo: caridade.
  • Intuição à Simplesmente nossa memória é maior do que imaginamos. A que temos em vida é apenas uma parcela das memórias de todas as vidas que já tivemos, encarnados ou não. Muitas vezes, também, a intuição é o resultado do “sopro” de alguém nos ajudando, encarnado ou não.
  • Fraternidade à Essa “atração” que temos de ajudar os outros, o bem inerente ao ser humano, só pode significar que houve laços entre nós no passado. Nota-se que, quanto mais evoluído for o ser, mais fraterno ele será. Claro, maior evolução significa maior quantidade de interações com o resto dos seres, maior a quantidade de “irmãos” que este ser adquire.

Existem muitos outros fatos que só podem ser explicados através da reencarnação. Não existe nenhuma prova contra a reencarnação, ao contrário, a própria Bíblia está repleta de passagens explícitas sobre a reencarnação.

Com tudo isso, como é possível negar? Existe algum ponto negativo? Por que a não aceitação por grande parte das pessoas (excluindo aquelas que negam por motivos sectários)?

Não, ponto negativo não existe. Se alguém vê um, peço encarecidamente que me envie por escrito que vou pensar e tentar esclarecer. Se não houver uma explicação que me satisfaça darei um passo atrás em relação à hipótese reencarnatória.

A questão da não aceitação é mais de conceito. Por exemplo, alguns não aceitam a possibilidade de uma vez vir como homem e depois como mulher. O problema aqui é que eles materializam a própria alma, dando-lhe um gênero. É mais um preconceito do que realmente uma preocupação. É preciso ser muito grande para conseguir vencer preconceitos. O tamanho de nossos preconceitos é inversamente proporcional ao tamanho do campo de abrangência de nossa visão espiritual.

Isto se aplica também àqueles que tremem diante da possibilidade de se casar com a própria mãe ou com o pai, ou com a filha.

Outros dizem que sair de uma família em que foi muito amado e amou para voltar em outra família “estranha” é como estar perdido para a família original. Novamente o problema aqui é de conceito. Ora, não é a primeira vez que você está vivo aqui, o que significa que você veio para uma família “estranha”. Por causa disso você vai deixar de amá-la e ela a você?

Como fazemos amigos? Conhecendo cada vez mais pessoas. Como conhecemos mais pessoas? Convivendo com elas, por horas, dias ou anos. Por que temos que amar menos nossos amigos do que nossa família? Alguém disse alguma coisa mais ou menos assim: Se amardes apenas aos que vos ama, que mérito tens?

Por que não conseguimos lembrar de nossas encarnações passadas? Provavelmente por causa dos preconceitos que temos, como mostrado acima. Se você não vai se lembrar de sua encarnação passada de que adianta você se preocupar em como ou onde você vai aparecer na próxima?

Com certeza, quando estivermos mais evoluídos, quando o nosso campo de visão ficar maior, nossos preconceitos diminuirão e poderemos então encarar aqueles fatos naturalmente, da mesma maneira que encaramos o fazer amigos, só que com a mesma quantidade de amor que entregamos e recebemos de nossas famílias a cada encarnação.

A reencarnação é que cria o sentimento de fraternidade que “nasce” conosco, cada vez mais forte. Não há desagregação da família, mas agregação para formar a família universal. Na condição em que estamos não podemos nos lembrar do passado, porque estamos em condições de estragar o plano que nos foi traçado.

Como acontece o reencarnamento, ou mesmo a primeira encarnação? Segundo as obras espíritas, em alguns casos o espírito[1] escolhe, em outros a encarnação lhe é imposta. Nos dois casos inclui-se as condições de encarnação e o ambiente de nascimento. Mas, como seria a partir do momento em que se considera o feto com vida? Uma coisa é lógica: primeiro vem o espírito, depois é que vem a carne. A alma já existe, o corpo ainda não. Se a fecundação tiver sucesso, o corpo se formará em torno do espírito, senão a alma aguarda.

O corpo do filho é formado a partir do corpo da mãe. O pai é a chave do processo. Isso deixa aberta a possibilidade desse processo ser iniciado sem a presença do pai (célula), principalmente se a “chave” existir na mãe (parece que a ciência já descobriu isso, daí as clonagens). Isso leva a uma questão de capital importância religiosa: é bem possível que Jesus (o corpo) tenha nascido de uma virgem (no sentido sexual).

Como o corpo é formado? Como ocorre as diferenciações celulares de tal modo que as células vão formar partes diferentes do corpo, tanto em função como em localização? O que ou quem dirige as células? A Fisiologia coloca a inteligência em cada célula. Mas, para formar um órgão elas teriam que estar “pensando” a mesmíssima coisa. Isso implica uma única inteligência. Isto pode ser estendido pelo corpo todo, levando-nos a uma única inteligência: a alma encarnante[2]. Assim como o pedreiro assenta tijolos em uma parede tirando o material da natureza, a alma faz o mesmo, tirando o material do corpo da mãe. Como uma parede pode “nascer” com defeito e até cair (se desagregar), também o corpo pode ser formado com defeito e até morrer, isso antes ou depois de nascer. Para isso, basta que aquele que prepara a “massa” para assentar os tijolos seja descuidado ou o material, em si, já tenha problemas.

Mas, também, assim como o pedreiro pode contar com a assistência de um engenheiro ou arquiteto, a mãe DEVE contar com a assistência de médicos e/ou dos que estão ao seu redor. A influência do mundo superior é tão clara nisso tudo que tem-se mais sucessos que fracassos nos nascimentos. Imagine se fosse dado à natureza (mundo superior) construir paredes, pontes, etc.?

Depois que a alma monta o corpo, como ele cresce? É a alma que continua controlando este processo ou as células são “máquinas” que são mantidas em funcionamento (com substituições) pela vontade, que nos força a nos alimentarmos para manter o corpo? Por que chega um ponto em que não adianta mais obedecermos à vontade? Por que ocorre o desgaste das peças e não há mais reposição? Por que o corpo tem que ser reciclado?

Imagine um carro novinho, em folha. Qual é a tendência dele? Se desagregar totalmente! Dependendo do ambiente onde ele se encontra, aquele processo vai ser mais lento ou mais rápido, mas vai acontecer. Assim é com uma casa novinha. Assim é com o nosso corpo. Há uma lei natural, da ciência chamada Termodinâmica, que cuida disso. Essa lei se chama Entropia.

Agora, por que um carro ou uma casa, em ambiente propício dura mais que nosso corpo em ambiente propício? O nosso corpo tem uma característica que os materiais inanimados não têm: auto recuperação, cujo nome científico é ANABOLISMO. O anabolismo se contrapõe ao fator desagregador (entrópico), que também tem um nome científico: CATABOLISMO. Todos os organismos vivos têm estas duas forças em luta constante. Um não existe sem o outro nos seres vivos. E, qualquer coisa parecida com o anabolismo só existe nos seres vivos, enquanto o fator entrópico existe em todos os seres, animados e inanimados.

Por analogia, podemos dizer que introduzimos um fator anabólico em nosso carro, em nossa casa, quando os limpamos, cuidamos e reparamos. Sem isso, eles “morrem” mais rapidamente.

Nosso corpo, porém, é autônomo nesse sentido (mas não devemos deixar de nos limparmos, cuidar e reparar!). Todas as suas funções são executadas sem interferência externa. Essa é a diferença. No corpo existe uma batalha constantes entre o anabolismo e o catabolismo. Um destruindo (catabolismo) e o outro reconstruindo (anabolismo).

Mas porque o catabolismo acaba vencendo?

Segundo a Fisiologia, no início o anabolismo é maior, por isso crescemos. Já viu como os músculos de atletas crescem quando eles tomam produtos químicos anabolizantes? E os exercícios físicos (musculação, halterofilismo, etc.) que fazem o mesmo efeito? Estes últimos não estão mais para catabolismo que para anabolismo? Sim, são catabólicos, por isso cansam (acho que anabolizantes não causam cansaço). A conclusão é que, sob certas condições (controle, sem exageros), o catabolismo aumenta o anabolismo. Você já fez poda (catabolismo) de plantas? Viu como elas crescem mais fortes?

E aí, catabolizar ou anabolizar para viver para sempre (desconsiderando os acidentes e as doenças)?

Nenhum dos dois resolve. Chega um ponto em que catabolizar apressa o processo de desagregação e anabolizar não tem efeito, ou tem efeito contrário. Você pode continuar “anabolizando” seu carro, passar a tarefa para seu filho, seu neto, bisneto, etc., e seu carro vai “viver” para sempre, porque o “anabolismo” vai ser sempre maior que o “catabolismo”.

Vamos agora imaginar uma situação em que o controle de metabolismo (anabolismo+catabolismo) de um ser vivo qualquer seja externo, como é no caso de seu carro.

Para que o ser não morra, será necessário que o anabolismo seja sempre maior que o catabolismo e que ele não sofra um acidente fatal e nem adquira uma doença fatal. Temos que considerar também que o metabolismo, apesar de ter um controle externo ao organismo, segue o mesmo tipo de fluxo temporal que segue no controle interno, ou seja, diferentemente do seu carro, onde você para e recomeça os cuidados quando quiser, nessa imagem isso não acontece, ou seja, é natural.

Bom, então o organismo vai começar a crescer. O catabolismo não existe ou é muito pequeno. Temos um problema aqui: o organismo vai parar de crescer? Não, não vai. E isso é ruim, é muito ruim. Isso vai levar a uma “estilingada” violenta do catabolismo. O organismo vai morrer. Não há outra alternativa.

Vamos supor agora que o anabolismo e o catabolismo nascem juntos (o que é uma verdade), mas que, depois que o organismo atingiu uma idade ideal o controlador mantenha o anabolismo igual ao catabolismo (acima não dá, porque, se não há estrago não há o que consertar; não há mais crescimento). Teríamos aqui o Elixir da Longa Vida, assim como o seu carro “tem” o dele.

Mas, por que não podemos conseguir isso? Por que o catabolismo acaba ficando maior? Bom, a resposta só pode ser dada pelo controlador do metabolismo, assim como seu tatara-qualquer-coisa-neto vai dar uma resposta adequada quando perguntarem a ele por que aquele carro de 500 anos está tão inteiro.

Quem é o controlador do nosso metabolismo? O nosso consciente pode influenciá-lo, mas não controlá-lo totalmente. Então, o consciente não é o controlador. Seria o inconsciente (que com o consciente é nossa própria alma, nós mesmos)? Seria Deus? Ou apenas reações químicas?

Sim, claro, são reações químicas, mas estas, por sua vez, são efeito de uma causa superior a elas. Se estas reações químicas são anabólicas no princípio, e depois passam a ser catabólicas é porque alguma coisa mudou. Mesmo que você viva sempre no mesmo ambiente, faça sempre as mesmas coisas, se alimente sempre dos mesmos alimentos, da mesma maneira, na mesma ordem, ainda assim alguma coisa vai mudar, independente mesmo de sua vontade. Ora, a vontade, seja ela consciente ou inconsciente, é fruto da mesma árvore: a alma.

Então, não é a alma que controla o metabolismo do corpo, apesar de influenciá-lo, e muito, em qualquer sentido (anabólico ou catabólico), o que implica que você pode viver menos ou mais, mas não para sempre, conforme a sua vontade.

O que resta? Resta Deus. Como Deus é o princípio de tudo (de onde tudo derivou), fica fácil de ver a causa principal. Mas esta é a explicação definitiva, fundamental, com a qual todo mundo se pega para explicar tudo, para encerrar o assunto, porém, ainda estamos numa condição em que só ficamos plenamente satisfeitos se o formos materialmente, ou seja, se nossos sentidos materiais forem afetados de alguma maneira.

Pois bem, lembra ali atrás o que aconteceu quando mantivemos o anabolismo acima do catabolismo? Pois é, em resumo, os próprios resultados do anabolismo, ou seja, as substâncias geradas pelas reações químicas anabólicas são os componentes das reações químicas catabólicas, e a inversa não é verdadeira! Por isso temos que nos alimentar, dormir, relaxar e, principalmente, sorrir sempre (entenda bem). Só assim conseguiremos adiar a vitória do catabolismo. Adiar sim, porque, por mais que sigamos os preceitos para adiar aquela vitória, ela acaba acontecendo. Isso só implica uma única coisa: os preceitos estão incompletos, mesmo que estejam completos materialmente (inútil, porque gerarão os componentes para as reações catabólicas) no sentido de serem “tudo que o corpo precisa”, ou estejam completos espiritualmente (acho que ninguém sobre este planeta tenha essa completude).

Restam-nos, então, duas alternativas:

  • Falta-nos a completude espiritual;
  • Os centros de recepção dos componentes anabólicos vão sendo consumidos pelas reações catabólicas.

Ora, quem tem completude espiritual não precisa de um corpo. Se o temos é porque não somos completos espiritualmente, e se ele morre por causa disso, teremos que tomar outro, até não precisarmos mais obrigatoriamente. Então, enquanto estivermos em corpo, o catabolismo vai vencer.

A alternativa 2, sendo falsa ou verdadeira, não exclui a alternativa 1, e vice-versa, o que afirma a independência material entre corpo e espírito.

A alternativa 2 “cheira” verdade. Mas ainda fica umas perguntas no ar: estes centros receptores começam a ser destruídos logo que se formam? Após destruídos totalmente sobrevém a morte ou ainda resta um pouco de “combustível”?

De tudo que vimos até agora, uma conclusão fica clara: anabolismo e catabolismo nascem juntos, com o anabolismo saindo na frente e, depois, sendo alcançado e, por fim, suplantado pelo catabolismo. Assim, podemos concluir também, que o desgaste dos centros receptores do anabolismo começa a acontecer cedo também. Conforme o tipo de vida física ou emocional que se leve, esse desgaste será maior ou menor. Sim, a destruição total traz a morte, mas a morte não traz junto a destruição total, pelo menos não dos centros não-vitais, pois, cabelos e unhas, por exemplo, podem continuar crescendo.

Mas, mesmo que o organismo morto não seja atacado por microrganismos, aquele “combustível” acaba, pois não está havendo reposição-transformação-assimilação. Por fim, o catabolismo vence o anabolismo, vencendo assim a si mesmo. Por isso o corpo morre, por isso o corpo é reciclado na natureza.

A morte do corpo é uma lei natural no planeta Terra e, provavelmente, no universo, variando apenas a “expectativa de vida” entre os planetas, tenham vida ou não.

Ora, todo planeta é um corpo limitado. Caso não morrêssemos por causa do catabolismo natural, morreríamos por causa do “catabolismo artificial”, ou seja, morreríamos pisoteados, ou de fome, até que o equilíbrio fosse restabelecido.

A única coisa que podemos fazer é usar nossa vontade e procurar viver o mais possível, nos protegendo, protegendo o que está à nossa volta e protegendo quem está à nossa volta, até que cheguemos à nossa completude espiritual.

Brasilio – Dez/2003.



[1] A Doutrina Espírita separa alma de espírito: espírito é a alma revestida com uma matéria energética especial, chamada de perispírito, que lhe é adequada para encarnar num dado mundo. O perispírito é que faz a ponte entre a alma e o corpo, permitindo a interação entre ambos e com o ambiente.

[2] O materialista pode dizer que o processo é químico. Ora, na Química atua um conjunto de forças (desconhecidas em sua essência), em que o mesmo elemento (carbono) sob duas forças diferentes ora forma o carvão, ora forma o diamante. Que seja químico o processo de formação do corpo, mas a causa do processo químico, claramente, não é material. Outros dizem que o processo independe da alma, que é automatizado, como um programa de computador, e a alma só entra a partir de um certo momento, mas não dizem que momento é esse. E se a alma não entrar? Ou o processo continua e a criança nasce em coma, ou o processo para e a criança nasce morta!