O PROGRESSO MENTAL
Dr.Wagner Paulon
2008

A nítida progressão do desenvolvimento físico dos adolescentes é acompanhada por outra — igualmente importante, embora menos óbvia — em sua capacidade mental. Um indivíduo médio, de 14 ou 15 anos, é capaz de realizar fácil e eficientemente muitos tipos de tarefas e problemas intelectuais que uma criança média de 10 anos teria como impossíveis — ou pelo menos muito difíceis — de resolver; mas não se deve esperar, com isso, que eles se lembrem de arrumar a própria cama ou de recolocar a tampa no tubo da pasta de dentes depois de usá-la.

A inteligência — argúcia, capacidade mental, sagacidade: não há acordo a respeitar daquilo em que ela consiste, embora a reconheçamos quando a vemos — manifesta-se de muitas e diferentes maneiras.

A maioria das pessoas descobrirá que se sai relativamente melhor em determinado tipo de atividade mental do que em outro; talvez tenha melhor desempenho em capacidade verbal e se saia menos bem em tarefas que envolvam aritmética ou compreensão do funcionamento mecânico de determinados objetos. Por isso, as pessoas que planejam os testes de inteligência tentam medir a mais vasta gama possível de capacidades mentais, na esperança de que um conjunto de medidas para cada uma dessas capacidades dê uma estimativa da inteligência da pessoa, que seja suficientemente geral para ser comparada com estimativas para outras pessoas, ou com a estimativa feita para a mesma pessoa em diferentes épocas da vida. Há um sério perigo em confiar muito em tais medidas; mas elas parecem ter uma validade prática muito útil, por exemplo, para comparar o crescimento mental em diferentes fases da vida.

Assim, quando grande número de sujeitos são repetidamente submetidos a testes durante muitos anos, verifica-se que a capacidade mental geral aumenta rapidamente durante os anos da infância e da adolescência, passando depois a decrescer nitidamente na maturidade. Tais testes também mostram que os anos que medeiam entre a puberdade e a idade adulta é muito importante para o desenvolvimento intelectual ou cognitivo da pessoa. É durante esse período que muito de nossa capacidade de adquirir e utilizar conhecimentos — não o conhecimento em si — atinge seu ponto máximo de eficiência. As capacidades específicas não se desenvolvem — nem declinam — no mesmo ritmo. (É por isso que a incapacidade de desenvolver o potencial intelectual nos anos formativos pode ser difícil de remediar mais tarde.) As que refletem "pura" capacidade biológica, inclusive velocidade de percepção, poder de análise e flexibilidade intelectual, desenvolvem-se mais rápido durante a meninice e a adolescência e declinam um pouco mais cedo e mais depressa durante os anos de vida adulta, do que as capacidades mais sujeitas ao influxo da experiência, como, por exemplo, a fluência verbal.
Isto explica, ao menos em parte, por que os matemáticos tendem a produzir seus trabalhos muito mais cedo do que, por exemplo, os historiadores ou os filósofos.