Introdução

O presente estudo tem por finalidade trazer nossas vivencias enquanto profissionais da Educação da modalidade EJA e a estreita relação do fazer pedagógico, do ideal ao real. Essa modalidade a partir do século XXI conquistou o direito do exercício da cidadania e condição plena de participação na sociedade, incluindo qualificação profissional. Sendo assim, todos devem ter acesso garantido à educação.

O sistema escolar, por sua vez deve apresentar qualidade de ensino e ainda se adequar a essa modalidade suprindo as necessidades que esses alunos apresentam. È necessário tornar a aprendizagem mais significativa para todos.

O perfil do nosso aluno é bem definido por Moacir Gadotti:

                                                                    Os perfis dos alunos da EJA da rede pública são na maioria trabalhadores proletariados, desempregados, dona de casa, jovens, idosos, portadores de deficiências especiais. São alunos com suas diferenças culturais, etnias, religião, crenças.

Para esses alunos a escola deve ser um espaço de sociabilidade, de transformação social e de construção de conhecimentos. Conhecimentos sustentados na perspectiva daqueles que aprendem saberes diversos, e que tenham especialmente um significado. Pois sabemos que muitas vezes este aluno vem cansado do trabalho, é mãe e precisa sair mais cedo porque tem que buscar a criança na escola, enfim buscam o que acham necessário ao acréscimo do seu aprendizado. Em sala de aula, é clara a preocupação do aluno em saber se o conteúdo ministrado vai ou não servir no seu dia a dia.

Como esse educando já vem com uma experiência de vida, o professor deve levar em conta essa bagagem ao preparar seu conteúdo, devido cada um dos seus educandos ter a sua peculiaridade. Ao voltar à sala de aula o mesmo busca além do conteúdo, mas também mecanismos que promovam um desenvolvimento pessoal, ou seja, o aluno jovem e adulto se encontra muitas vezes aberto a novas descobertas.

No decorrer desses anos trabalhados na EJA, comprovamos que os educandos da EJA, só irão se empenhar em processos de aprendizagem que tragam para a sala de aula assuntos sobre os quais eles se interessam ou que estejam relacionados com o seu universo. Conseguindo se identificar nesse contexto, os mesmos irão formar suas conclusões e construir as sínteses necessárias para o seu novo saber. Quer dizer, o educando jovem e adulto espera aprender melhor sobre aquilo que já sabe para depois elaborar o processo de aprendizagem sobre aquilo que é desconhecido, ampliando os próprios interesses e horizontes.

Com essas atitudes, fica claro que o educando jovem e adulto por ser cidadão trabalhador quer sentir-se sujeito ativo, participativo e ter a possibilidade de crescer na cultura, no social e no âmbito econômico.

Sabemos que a modalidade da EJA tem as suas especificidades. Portanto, os profissionais da Educação de Jovens e Adultos podem representar um importante avanço nas políticas de acesso e permanência dessa modalidade de ensino, pois, ela pode representar o elo entre as políticas e uma possível efetivação dessas na prática pedagógica do professor.

Esses profissionais comprometidos com a pluralidade e com respeito à diversidade das culturas apresentadas pelos jovens e adultos precisam participar de uma formação continuada permanente, para poder ir de encontro às especificidades de cada educando na EJA.

O professor da EJA atualmente traça o seu perfil na busca de ampliar suas habilidades e competências especificas para desenvolver uma boa prática pedagógica em seu trabalho.

A formação técnica faz parte da competência que o professor deve trazer na sua formação acadêmica, mas muitas das vezes precisamos buscar na formação continuada um complemento para saber conduzir os ensinamentos dentro da complexidade dessa sociedade de conhecimento (EJA). A aprendizagem já é um processo envolvente por natureza, por ser um professor da EJA exige uma maior interação, compreensão e receptividade as expectativas dos alunos. Por isso, a disponibilidade se faz necessária, porque muitas vezes nos deparamos mediando conflitos e restaurando a auto-estima desses educandos.

Na profissão que exercemos, temos que estar preparados para lidar com pressões internas. Por exemplo, será que estamos indo ao encontro as necessidades do nosso educando? Por que das evasões? Respostas que podem ser encontradas através de uma auto-avaliação feitas pelo educador em relação as suas praticas desenvolvida em sala de aula. Trabalhar com Jovens e Adultos requer uma organização e planejamentos dos conteúdos, pois os mesmos devem ser fundamentados na capacidade de tomar decisões visando toda a complexidade do processo educacional.

Para que tenhamos êxito em nossas atividades profissionais enumeramos habilidades, as quais podem aprimorar nossas ações pedagógicas: boa comunicação, relacionamento interpessoal e liderança, isso possibilita o desenvolvimento de um fazer pedagógico coerente as necessidade desses educandos.

O perfil do professor da EJA é muito importante para o sucesso do aluno que vê o professor como um modelo a seguir. Dentre as atribuições do professor está o compromisso em mostrar que a EJA é uma educação possível e capaz de mudar significativamente a vida de uma pessoa, permitindo a esta, reescrever sua história. Também, compreender melhor o aluno e sua realidade diária, acreditando nas possibilidades do ser humano, buscando seu crescimento pessoal e profissional.

                                                                                                                 

 

Considerações finais

Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade especifica da educação básica que se destina a inclusão escolar de um público que, por motivos diversos foram excluídos da educação durante sua infância ou adolescência. Essa modalidade de ensino que não se define pelo turno que é ofertada, mas pela sua configuração com vistas a atender as especificidades dos sujeitos que pretende abranger.

Com o passar do tempo, notamos que a identidade do aluno da EJA vem sofrendo modificações dentro da proposta apresentada nos estudos da contextualização histórica da EJA. Hoje segundo estudos e experiências vivenciadas já encontramos educando adolescente (15 anos) com defasagem serie-idade e regularização do fluxo escola nas dependências do ensino da EJA.

Por isso, a identidade do aluno da EJA apresenta uma diversidade muito grande, porque são alunos trabalhadores na sua grande maioria, sem tempo para estudar e com auto-estima baixa. Ao chegar à escola se deparam com diferentes culturas, etnias, religiões e crenças, isso às vezes faz com que o mesmo não consiga se socializar e continuar os estudos, ou seja, esses alunos são diferentes entre si, tanto que diz respeito aos seus ciclos de vida. São alunos que tem uma cultura própria. Contamos com nossas ações pedagógicas para mediar esses conflitos existentes entre os mesmos. Sensibilizando que o estudo vai proporcionar um leque de oportunidades para o seu crescimento intelectual e profissional.

Cabe ao educador da modalidade da EJA, a busca permanente por qualificação para desenvolver ações pedagógicas que atentam as necessidades dos educandos jovens e adultos e suas experiências socioculturais. O professor deve estabelecer o aprendizado com base na realidade do educando, propondo apropriação dos conteúdos a partir das historias relatas por seus alunos. Portanto, o primeiro passo para uma experiência bem sucedida consiste em saber quem são esses alunos, onde e como vivem e qual é o seu histórico de vida. Nóvoa diz que: O aprende continuo é essencial, e se concentra em dois pilares: a própria pessoa como agente, e a escola, como lugar de crescimento profissional permanente.(2002,p.23).