Resumo

O presente trabalho tem como objetivo discutir o processo de alfabetização de jovens e adultos. Nos questionamos: como deve ser este processo? Para encontrarmos algumas respostas, analisamos estratégias utilizadas para se trabalhar pedagogicamente com jovens e adultos. Além disso, abordamos conceitos sobre a diferença de alfabetização e letramento, alertando que o educador de EJA não deve ensinar a ler e a escrever de forma mecânica e sim levar o educando a interagir e a compreender os diferentes tipos de textos que circulam no contexto em que está inserido. Dessa forma, acreditamos que o educando seja capaz de construir uma consciência crítica e reflexiva, que o incentive a participar efetivamente da aula, expressando de forma oral e escrita suas experiências.
Palavras- chaves: Alfabetização. Cidadania. Educando. Educação de Jovens e Adultos. Letramento.

1. Introdução

A educação de jovens e Adultos surgiu com o objetivo de oferecer o acesso à escolarização já que muitos não tiveram o direito na idade própria de acordo com LDB. Este processo perpassa por uma série de fragmentos de ordem social, econômica e cultural que visa beneficiar os trabalhadores dando para eles a instrução e a profissionalização garantindo o acesso à escolaridade de uma população historicamente excluída do sistema educacional. Dessa forma, a EJA promove a inclusão social, tratando a educação como um importante meio para atender as necessidades da população, destacando especificamente, esse processo como um mecanismo de contenção da marginalidade. A educação de jovens e Adultos é um conjunto de práticas que viabilizam vários processos formativos, culturais, políticos e que envolve o ser humano na sua formação preparando-o para desenvolver-se como sujeito ativo que participa dos interesses sociais, da sua comunidade. A EJA, de acordo com a lei 9,394/96 passou a ser uma modalidade da educação básica nas etapas do ensino fundamental e médio e usufrui de uma especificidade própria que, como tal deveria receber um tratamento específico.
Paulo Freire afirma que se a Educação sozinha não transformar, sem ela tão pouco a sociedade muda. Nessa afirmação, o pedagogo é bem claro em dizer que a educação é um único meio de transformar um cidadão ou uma nação, não existindo assim, outro meio para transformar mentes que ao longo do tempo tiveram seus direito negados. Nessa perspectiva é importante que o educador de EJA valorize as experiências e o conhecimento que o educando traz consigo e que transforme essa experiência em habilidades capazes de motivar o aluno á participação nas aulas e utilizar á criatividade para socialização. Segundo Novais: "A educação é um bem real social e simbolicamente importante", que dá a esses indivíduos a oportunidade de estudar, aprender a ler, escrever e calcular, possibilitando uma formação ampla e integral de homens e mulheres (NOVAIS, 2010).
É preciso que o professor do EJA compreenda as diferentes dificuldades que enfrentam este público e as necessidades que eles têm de aprender, pois apesar de ser um público atípico, que aprendem após de um dia de trabalho, o professor deve atentar que esses alunos precisam ter o domínio da leitura e da escrita para assim, quebrar o paradigma que alfabetiza-los é ensinar a ler e escrever apenas o próprio nome. Paulo Freire é bem claro em dizer que o aluno não é deposito de conteúdo, mas um ser pensante que precisa ser ouvido. Freire expressa, com esta afirmação, sua preocupação com uma educação mais eficaz que possibilite aos homens a construção de uma consciência critica e reflexiva. Esta, por sua vez, só se construirá no espaço-tempo de interações contínuas, estabelecidas de forma dialógica, com os diversos objetos de conhecimentos, o que, consequentemente, permitirá aos educando e educadores a construção de um saber de classe e, portanto, a evolução no processo de humanização.

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