RESUMO

O presente artigo, desenvolvido a partir de pesquisa bibliográfica, teve o objetivo de chegar a um contexto bem elaborado sobre o problema da democracia na política de Platão. Iniciamos o caminho pelo âmbito histórico do eclodir da democracia como sistema político de uma polis grega. Verificamos o auge e a queda da democracia ateniense. A metodologia seguiu percorrendo em analise a vida do filosofo, seus interesses pela Política, seu encontro com aquele que vinha ser seu grande mestre e amigo, Sócrates. Nossa investigação chega ao ponto culminante nas criticas de Platão a democracia e na sua exposição filosófica sobre o Estado ideal. Por fim, são feitas algumas considerações finais, onde se procura esclarecer as diferenças entre a democracia ateniense e a democracia contemporânea. Concluímos pensando no alerta do filosofo! A democracia atual demonstra-se absurda e insegura em relação ao seu fundamento, seus princípios.

Introdução: 

               Este presente artigo é sobre o problema da democracia na política de Platão. O objetivo deste artigo é estudar e analisar plenamente o pensamento deste importante filósofo grego tomando “A Republica” como a obra referencial que nos expõe alguns de seus princípios e conceitos mais importantes, como o de justiça, o de Estado, as formas de governo, modelos da educação e como deve ser a formação dos governantes, etc.  

                    Verificaremos também com atenção as obras platônicas: As Leis e O Político nos quais o pensamento de Platão sobre os temas da política aparecem de forma explicitada. Através de uma apresentação sistemática dos principais pontos, procuramos ressaltar os aspectos mais importantes do ponto de vista da filosofia política de Platão. O texto total do artigo esta dividido em sete partes, no qual partimos de um contexto histórico, passamos pelo pensamento filosófico de Platão sobre a democracia, as melhores formas de governo, a constituição de um estado ideal. As principais investigações foram assim transcritas no artigo: O nascimento do regime democrático, como era a democracia ateniense, Platão: sua vida e seus interesses políticos, as críticas a democracia, analise da democracia ateniense em relação à democracia contemporânea, Platão: o governo ideal, conclusões finais. 

           A metodologia usada foi à pesquisa bibliográfica, através dela Constatamos a importância e grandeza da filosofia de Platão na história da antiguidade. A filosofia platônica definiu o filósofo-político como aquele faz da sua sabedoria um instrumento de libertação de consciências e de justiça social. A edificação do conhecimento é para Platão uma junção de intelecto e emoção, de razão e vontade. A episteme (ciência) é fruto de inteligência e amor. 

O NASCIMENTO DO REGIME DEMOCRÁTICO

                 A história da Grécia dos séculos IV e V a.C é de extraordinário vigor e de importância tal que o seu referencial chega até nossos dias. Neste tempo nasce à ciência, a política, filosofia, literatura e a dramaturgia, um tempo que viu também a criação da arte e arquitetura. Os gregos para alcançarem suas glórias viviam em um cenário de guerras, com a sua força e sabedoria conquistaram exércitos, formaram impérios maiores que eles, construíram seu próprio império que se estendeu pelo Mediterrâneo, da Ásia até a Espanha. Dominaram os mares e prosperaram em todas em todos as camadas políticas e sociais, todo esse crescimento foi possível por causa de homens que falaram ao seu tempo e continuam falando ao nosso tempo. Citamos como exemplo Temístocles um dos maiores generais militares do mundo, Péricles um político de visão extraordinária, um gênio. Sócrates, o filosofo mais famoso da história.

                 No ano de 508 a.C a população de Atenas, uma pequena cidade grega revolta-se contra seus governantes, devido a séculos de opressão e tendo como objetivo principal a sua liberdade. Em uma noite de revolta da população ateniense um homem observava todos os acontecimentos, era Clístenes um rapaz criado com ensinamentos aristocratas para ser governante e desprezar as pessoas comuns. A Grécia estava nas mãos dos aristocratas e o povo estava ao seu serviço. A manutenção do poder era o fundamento deste sistema de governo. Com um olhar geográfico não dava para imaginar a Grécia formando um grande império, sua área física era formada por muitas e grandes montanhas, não tendo assim uma unidade física territorial. Para os gregos dominarem essa nação dividida em várias ilhas e fragmentos era um grande desafio. Desta forma a Grécia foi dividida em várias nações, chamadas de cidades-estado, todas essas cidades-estado eram fortes e bem preparadas com potencial bélico, sendo Atenas de Péricles a terceira mais poderosa dessas pequenas nações, Argos, a segunda cidade-estado mais poderosa e ao sul da Grécia, Esparta era a nação mais forte e bem preparada para as guerras. O ideal grego vencer, conquistar vitórias e formar grandes heróis. A mitologia grega destacando a “Ilíada” e a “Odisséia” despertava no povo grego essa inspiração as grandes vitórias e ao heroísmo. O jovem Clístenes pressupunha a mitologia como um ideal de vida, os heróis lendários eram os seus ídolos, sua busca.

                   Os gregos despertaram e cresceram fortemente através do comercio, o azeite grego era o objeto de desejo das outras nações. Sendo o centro de uma região e tendo como vizinhos os romanos e os persas, a Grécia com um conhecimento superior e com um povo determinado era só crescimento. Neste ambiente político e de crescimento Clistenes chegava à idade adulta sob o governo de Pisístrato. O jovem Clístenes percebe como sua nação mudará de um simples povoado rural, para uma potencia econômica internacional. Toda a liberdade que os Atenienses ganharam com Pisístrato lhes foi tirada após sua morte, com a nação sendo governada pelo tirano Hípias filho de Pisístrato. Neste momento político favorável Clístenes vê o momento certo para atacar movido pela sua ambição de governar, de poder e de ser um grande herói. Clístenes prepara uma conspiração para derrubar o tirano Hípias em 510 a.C, com a vitória Clístenes torna-se um dos homens mais poderosos de Atenas, conseguindo alcançar seus objetivos. Mas o governo de Clístenes não foi duradouro, Iságoras conspirou contra Clístenes e tomou Atenas com a ajuda da tropa Espartana, Clístenes é expulso de Atenas com a sua família e outras dezenas de famílias Atenienses.

                  No ano 508 a.C o povo de Atenas com uma revolta toma em suas mãos novamente seu destino. Iságoras e sua tropa se isolam no topo de Acrópole, o ponto mais alto da cidade, depois de três dias de revolta tiveram de se render ao povo de Atenas. Esse foi o primeiro passo de Atenas para a glória e a formação de seu império, pela primeira vez na história da humanidade o povo revolta-se contra seus governantes e conquistavam o poder para si mesmo. Atenas fica sobre o governo do povo, que chama Clístenes que estava no exílio para constituir um novo governo de justiça. Clístenes diante de algumas circunstâncias tinha que criar uma solução governamental, não podia se declarar um tirano, não podia nomear aristocratas para o seu governo. Clístenes para se manter no poder tem a idéia de convocar o povo para opinar nas grandes e pequenas decisões do seu governo. Nas sombras de Acrópole os cidadãos atenienses se reuniam para discutir o futuro de seu estado. Nos degraus de Acrópole ricos e pobres tinham o mesmo peso político nas decisões. Clístenes instituiu o voto simples, uma pedra branca para o “sim” e uma pedra preta para o “não” com este pensamento simples e interessante Clístenes instituiu o governo de pessoas, um governo que hoje conhecemos como Democracia. A sombra e os degraus de Acrópole precederam a câmara dos comuns, o congresso americano e os parlamentos ao redor do mundo. Assim a cada nove dias a grande Assembléia Ateniense se reunia para votar os mais diferentes interesses do estado.   

 A DEMOCRACIA ATENIENSE

                 Clístenes em 507 a.C assumiu o governo de Atenas e com o poder no qual lhe foi confiado realizou um enorme programa de reformas, estabelecendo os direitos de participação política a todos os homens livres nascidos em Atenas. Exclusivamente eram considerados homens livres aqueles que nascidos de pai e mãe ateniense na cidade e acima de 18 anos. Dessa forma concretizava-se a democracia ateniense. Mas contudo, havia restrições na democracia de Atenas, os estrangeiros residentes chamados de metecos, escravos e mulheres que representavam a maior parte da população não eram considerados cidadãos atenienses. Mesmo com estas restrições a democracia ateniense foi a forma de governo do mundo antigo que possibilitou mais direitos políticos ao individuo. Neste novo governo ateniense o cidadão usufruía de privilégios da igualdade diante a lei, tinha o direito de pronunciar seus pensamentos em debates da assembléia, mas nem todos tinham o dom da oratória, assim poucos se pronunciavam suas idéias. Aqueles homens que tinham esse dom e aliados com o conhecimento dos negócios públicos, sendo abeis e seus pronunciamentos, estes é que sobressaiam nas assembléias obtendo assim grande status na política. Péricles é um exemplo deste poder da oratória na assembléia de Atenas, tornando-se um verdadeiro chefe político.

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