"Akasha" é uma palavra muito utilizada, por várias sociedades para definir varias coisas, mas que no seu âmago possuem o mesmo significado: "origem". Sendo que "Akasha" pode ser considerada o principio elétrico que da origem a todas as coisas; o "éter", a quinta essência do cosmo; ou, na psiquiatria, o inconsciente coletivo, de onde está armazenado todo o conhecimento adquirido pela humanidade desde os primórdios. Tudo isso não é muito credível, porem a nomenclatura é boa, expressa um bom significado. Tanto que pode ser utilizada como metáfora perfeitamente no assunto que seguira adiante.
Visto o ultimo parágrafo ficou muito obvio pelo contexto que o tema do texto se tratará da origem de alguma coisa, mas antes de entrarmos mais profundamente nessa "coisa", tentaremos antes conceituá-la. O que é real? Como podemos definir o que é a realidade? Sim, trataremos de um dos grandes pilares da filosofia, a realidade.
Se conceituarmos a realidade apenas como "tudo aquilo que é real", estaríamos ignorando muita coisa, sem esquecer-se de destruir certas definições. Primeiro, se colocarmos o que é real como tudo o que pode ser tocado, ou que é simplesmente tangível, nesse caso o conceito de "realidade" seria apenas o que os sensores neuro-eletroquimicos de nosso cérebro em ação, pois são eles que regulam o tato, que, por sua vez, definiria o que é real ? isso explica por que varias pessoas bêbadas conseguiram tocar no famoso elefante rosa com bolinhas azuis. Podemos também esquecer o conceito de tangível com aquela famosa citação religiosa usada comumente para se equalizar e explicar a existência de Deus: "Deus é como o vento, eu não consigo ver o vento, eu não consigo tocar o vento, mas eu o sinto em mim" (...). Em segundo lugar, no caso dos religiosos, gostaria de deixar bem claro ? como o cristal ? que o vento é fruto das oscilações de temperatura e pressão atmosférica que fazem com que as camadas de gazes existentes na atmosfera fiquem em constante expansão e contração, assim esse movimento gera a movimentação das camadas de ar, gerando o vento. Por esse ponto, o "real" ficaria como? Há o conceito de que tudo que ocorre fora da mente poderia ser considerado como real, a existência extra-mentis. Porém, há uma ? potencialmente ? interminável lista de exceções fundamentadas, basicamente, nos fatores citados logo acima, no começo do parágrafo. Os casos intra-mentis, que abrangem a ilusão, a imaginação e até mesmo o delírio. Por esse ponto, fica um pouco (muito) vago o conceito de real, quanto mais o de realidade.
Podemos então colocar o "real" como uma conseqüência de sua existência no plano da realidade? Seria uma forma mais simples de conceituar a realidade, mas a vida não é simples, então por conseqüência, a realidade também não é. Não se pode dizer que a realidade é formada pela junção de objetos reais, em uma sequência uniforme e dinâmica, pois nem mesmo conseguimos classificar o que é real devido à interminável variedade de premissas. Tentemos então conceituar a "realidade" e assim definir o que é "real".
De uma forma lógica podemos dizer que a realidade nunca está sozinha, pois ela não é única. Há varias realidades, sejam sociais, econômicas ou conceituais. E, em todos os casos, elas são formadas por um grupo de fatores que, se regulam e se limitam, gerando o continuo espaço-tempo. Comecemos pelo que ocorre no continuo espaço-tempo, qual será nomeado de "C", o acontecimento em si, qual nomearemos "A". Como vemos todos os dias, "A" ocorre em "C", sendo que "A? é limitada pelo fator "F", que seria o fato, qual elucidaremos melhor a posteriore. Sendo "A" ocorrente em "C" e "F" limitando a existência de "A", o que limita o "F"? Sim, o fato em si n não é onipotente na realidade, ele nem se quer é a realidade, o fato é apenas um modo de conceituar a realidade oferecida por "P", a perspectiva humana. A perspectiva humana forma o conceito que define a realidade devido ao fato de haver uma interminável gama de possibilidades para que sejam tomadas como "reais", assim fica de acordo com o critério de cada um aceitar como "real" o que seus conscientes ou subconscientes presumirem ou acreditarem que seja. Basicamente é o mesmo conceito de "bem e mal" ou "verdade e mentira", porem esses dois últimos se encontram dentro desta sequência: "P" conceitua "F" que limita "A" qual ocorre em "C" que é igual a realidade, seja este o Principio de Akasha. Assim como o que é considerado "verdadeiro" é considerado real " o mesmo principio define "o "bom", seja ele considerado "real" ou não.
O conteúdo do ultimo parágrafo pode ser considerado uma ode ao individualismo, porem, lembremos que não vivemos com um consciente coletivo universal. A mentalidade individual é de uma importância suprema para a formação da realidade por que é através dela que será formada a perspectiva, sendo a perspectiva que formará a realidade ao redor do individuo. Um bom exemplo está no Direito Subjetivo, a vontade de um individuo em ativar seu Direito Objetivo. Essa vontade fisicamente (tangivelmente) não existe, porém ele é aceito como "real" devido a sua aplicabilidade no continuo espaço-tempo, na verdade, nem é por sua aplicabilidade, é mais pelas conseqüências da sua existência, das conseqüências, sendo que ele permite que o Direito Objetivo ocorra e assim haja a luta pelo Direito (Rudolf Von Ihering).
Outro exemplo para a comprovação da aplicabilidade deste texto está na existência de pessoas que puderam escolher a sua realidade. Normalmente, por viverem fora do contexto "normal" de "realidade", tais pessoas são normalmente taxadas como "loucas", sendo que suas ações muitas vezes atrapalham o convívio social da normalidade real. Porém, não nos foquemos nisso. Essas pessoas formularam para si mesmas uma realidade própria, qual é constituída por fragmentos do convívio social com outras realidades, realidades "normais", mas que existem fora da perspectiva dessas pessoas. O "atrito" ? se é que pode ser definido dessa forma ? existente entre duas realidades, uma pessoal do individuo e outra "normal", em nivelação e harmonia com as demais realidades existentes no continuo espaço-tempo social, gera uma brutal imposição da realidade da maioria na realidade da minoria, seja por remédios ou por meios físicos mais rudimentares. Isso ocorre, não apenas pelo "desconforto" que essas pessoas trazem para o convívio social da maioria, mas pela total falta de compreensão desta realidade própria dos indivíduos pela perspectiva dos ditos "normais".
Não digo que, com a existência de varias realidades, alguém deveria pensar em algum jeito de juntar todas formando uma realidade universal, essa é uma idéia muito idiota e muito repressiva. Mas tentar buscar uma convivência no mínimo harmoniosa dentre as intermináveis linhas de realidade existentes seria um bom começo.