O PRIMEIRO GRAMPO” -  A HISTÓRIA DA ESTRADA DE FERRO DE SOBRAL/CAMOCIM

SOBRAL- A CIDADE PRINCESA

CAUSO DE NÚMERO 10

No século XIX, despertava naquela região o início da Estrada de Ferro de Camocim e Sobral. Começa uma grande empreitada para a E.F.S (Estrada de Ferro de Sobral), criando porém a Grande rede de Viação Cearense arrendada À South American Railway.

Após a chegada dos primeiros habitantes à cidade de Camocim e ao grande desbravador Capitão Gabriel Rocha, homem de grande talento e conhecedor dos mares em toda Costa Marítima cearense, na habilidade e presteza em conduzir navios em toda a barra; facilitaram a partir daí a navegação, o escoamento de produtos e estrangeiros vindos de toda a Europa para o Ceará.  Camocim segue sua desenvoltura e começa o crescimento pela orla invadindo toda a cidade. A cidade portuária inicia-se na margem do Oceano, tendo o porto a seu favor. Os navios atracavam com freqüência, trazendo produtos europeus e de tudo o quanto para toda a região do Ceará. O escambo torna-se fonte relevante na economia cearense. Na história, ainda distrito, a povoação de Camocim pertencia a Cidade de Granja, e província do Ceará; devido seu potencial e progresso tornou-se uma Metrópole.

No dia 3 de outubro de 1857, O Governo Imperial expressa e cria uma ordem para a “Construção de uma Ferrovia” que de início seria de Camocim até Ipu, cidade na encosta serrana, adjacência da Serra de Ibiapaba. O projeto fora engavetado, esquecido e só depois, anos mais tarde em 19 de junho de 1878; o Governo Imperial teve urgência em tirar do papel o projeto, autorizando os estudos da “Estrada de Ferro de Camocim a Sobral.” Um Mês e cinco dias mais tarde; no dia 24 de julho do mesmo ano, os habitantes de Camocim receberam uma visita inesperada.

Ancorava no Porto, ilustres engenheiros para os primeiros estudos e levantamentos para a construção da Estrada de Ferro. Dentre os engenheiros encontrava-se na direção o primeiro Diretor da Estrada de Ferro de Sobral o engenheiro José Privat. Anos mais tarde em 1926 foi Inaugurada a Estação Doutor Privat, no dia 26 de setembro, em homenagem ao grande feitor e também responsável pelo projeto da Igreja Matriz de Camocim.     

Contam os historiadores da região que essa certa urgência do Governo Imperial teve um motivo relevante para a construção da Estrada de Ferro. Uma grande seca abalou o Ceará.  Surgiram os “cassacos da seca” – Homens famintos à procura de emprego. Em outubro de 1857 a Tomas Dixon Low, teve a particularidade específica do Governo na construção da mesma para Iniciar então a Estrada de Ferro de Camocim a Baturité e empregá-los tornando-o cadastramento para frente trabalhista.

Convidado pelo Dr. Rocha Dias, em março de 1879, do dia 26 às quatro horas da tarde, dá-se a inauguração da Estrada de Ferro, a presença do então Elmo. Senhor Presidente da Província; o sobralense José Júlio de Albuquerque Barros, digno presidente dessa província para bater o primeiro grampo, concedendo-lhes uma marreta de aço polido, na qual fincou entre os trilhos com muita retidão, cravou o dito rebatendo, em seguida os trabalhadores com seus auxiliares técnicos seguiram com a construção de duzentos metros de linha percorridos num trole com Excelentíssimo Presidente da Província José Júlio e a comissão de engenheiros passeando entre os trilhos.

Gente dos quatro cantos da região e de Toda Zona Norte faziam-se presente nesse insigne evento com rajadas de fogos de artifício, hasteamento da Bandeira e Hino Nacional. Uma festa tomou conta da população. A alegria reinava em terra cearense. Um ato de civilidade resplandecia a Nobreza cearense presente a esse momento jubilar de nossa história, especialmente a todos os sobralenses que fazia jus a presença do Presidente da Província do Ceará o filho ilustre José Júlio de Albuquerque Barros.  

A ferrovia foi meio de assistência aos flagelados da seca, depois de construída e realizada  a Estrada de Ferro de Camocim a Sobral carregava, escoava a riqueza entre a Europa, a Capital cearense, Pernambuco, Maranhão, Piauí, Paraíba e toda Zona Norte empregando, pessoas de todo lugar, nos entroncamentos onde o trem fazia seu percurso.

Trabalhadores informais vendiam seus produtos nas paradas de trem e estações. O homem do campo levava suas famílias para a cidade grande, seus produtos: queijo, farinha, mandioca, feijão, milho, maxixe, melancia, aves, animais. O povo do sertão podia viajar e visitar seus parentes, pois o meio de transporte era mais barato. Trazia festa para o sertão e cidade. Hoje o trem está em nossa memória viva que jamais o esquecemos.