Resumo

O presente trabalho tem por objetivo fazer uma reflexão sobre como o preconceito linguístico persiste com tanta força na escola, seja de forma explícita ou camuflada e os efeitos colaterais que são deixados naqueles que o sofrem. Trata-se de uma pesquisa de cunho bibliográfico, embasado na Sociolinguística, que é uma corrente da linguística que estuda a língua falada em seu contexto social, como um fenômeno social.Os resultados visammostrar os efeitos colaterais de quem é vítima dele, e o devido respeito que deve ser dado às variedades linguísticas como uma forma de combatê-lo.

Palavras-chave: O preconceito Linguístico. Sociolinguística. Variaçõeslinguísticas.

Introdução

Não é novidade para ninguém que o preconceito linguístico é uma questão que merece ter um olhar mais atencioso, muitos estudiosos já discorreram bastante sobre o assunto, com intuito de alertar a comunidade escolar sobre os efeitos catastróficos do mesmo. Dessa forma, este estudo tem o objetivo de nos levar a refletir sobre os efeitos colaterais que são causados pelo preconceito linguístico. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, em livros, revistas, jornais e sites de internet que abordam o assunto do preconceito linguístico na escola.Já faz algum tempo que começou a aparecer no currículo escolar a questão das variantes linguísticas, isto é, da língua, ea partir disso a discussão do tão famoso “preconceito linguístico”. Sabendo que a língua não é um bloco compacto e sólido, ou seja, uma coisa só, e que ela muda com o tempo e varia no espaço, é indiscutível salientar que ela não pertence a ninguém, é antes um fato social, de toda sociedade, sendo assim ela não existe senão em virtude duma espécie de contato estabelecido entre os indivíduosda comunidade.Portanto não há motivos para que haja julgamentos ou discriminação por suas diferenças linguísticas.

É uma pesquisa que se justifica, porque é preciso que se tenha noção dos prejuízos que são deixados por quem sofre o preconceito linguístico na escola, que não por acaso era para ser o local de amparo e acaba se tornando o palco desse espetáculo. Os principais pesquisadores foram Marcos Bagno, escritor e linguista, brasileiro de Minas Gerais. Autor de mais de 30 livros, entre obras literárias e de divulgação científica, e professor da Universidade de Brasília, atualmente é reconhecido, sobretudo por sua militância contra a discriminação social por meio da linguagem. No Brasil, tornou-se referência nos cursos de Letras e Pedagogia, Francisco da Silva Borba licenciado em Letras Neolatinas pela Universidade de São Paulo (1957), especialista em Linguística pela Université Paris-Sorbonne (1966), doutor em Letras pela Universidade de São Paulo (1967), livre-docente em Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo (1971). É bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq – nível SR. Pesquisa teoria sintática e lexicografia. É organizador dos dicionários: Dicionário documentado do português do Brasil (no prelo); Dicionário Unesp do português contemporâneo (2005); Dicionário de usos do português (2002); Dicionário gramatical de verbos do português contemporâneo do Brasil (1990),Sandra Diniz Costa, Professora titular aposentado da Universidade Federal de Uberlândia. Atualmente, atua como professor colaborador na Fundação Carmelitana Mário Palmério, no Curso de Graduação em Letras e em Cursos de Pós Graduação Lato Sensu em Monte Carmelo, Minas Gerais.Tem experiência nas áreas de Letras e Educação, com ênfase em Estilística, Semântica l, atuando principalmente nos seguintes temas: produção de texto, literatura infantil, linguistica, direito e literatura infantil - produção de textos-cultura . Atua como orientadora de Trabalhos de Conclusão de Curso da FUCAMP, nas áreas de Graduação e Pós Graduação em Letras e em Educação. Autora de 12 livros de Literatura Infantil, destinados a crianças de 6-9 anos: Coleção Tempero (12 livros) e Coleção Novas Fábulas (12 livros + CD de áudio e vídeo), ambas da Editora Editli, em Uberlândia, Minas Gerais. Atua na área de revisão de textos acadêmicos e tradução para o Inglês e para o Francês eRoselaine das Chagas, Possui graduação em Letras - Faculdades Integradas de Patrocínio (2002), mestrado em em estudos linguísticos, pela Universidade Federal de Uberlândia (2007) e Doutorado em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Uberlândia. Atualmente é professora titular da Fundação Carmelitana Mário Palmério, coordenadora de área do Subprojeto do PIBID de Letras/Português , membro do Comitê de ética.

Este artigo se divide nas seguintes seções: após esta introdução, vem a segunda seção, que apresenta as questões referentes à linguagem, língua, fala, norma e variações linguísticas. Já a terceira seção discute os efeitos colaterais que sofrem aqueles que são vítimas do preconceito linguístico na escola, Logo em seguida apresentam-se as considerações finais e as referências.

1. Linguagem, língua e fala

Para Saussure, a linguagem é a “capacidade de comunicação que se concretiza na langue” ou código linguístico. Partindo dessa concepção podemos dizer que a linguagem é um meio de interaçãoe que pode ser classificada como qualquer sistema de sinais que se valem os indivíduos para comunicar-se. Sendo assim, onde há comunicação, obrigatoriamente há linguagem. E dominá-la e conhecer o funcionamento desta, é de fundamental importância para qualquer profissão, em especial o profissional de letras, uma vez que esta será seu instrumento de trabalho. É de suma importância frisar que não existe apenas uma concepção de linguagem, e, portanto, o profissional da área precisa estabelecer qual o conceito de linguagem que torneará seu trabalho.

Segundo Geraldi (1985, p. 42) há três concepções de linguagem: (1) Linguagem como expressão do pensamento; (2) Linguagem como instrumento de comunicação e (3) Linguagem como forma ou processo de interação.

Para a primeira concepção as pessoas não se expressam bem, porque não pensam. Há regras a serem seguidas nessa organização as quais se constituem nas normas gramaticais do falar e escrever bem. Esta acaba tornando-se uma concepção excludente, por impor na sociedade regras do ‘certo e errado’.

Enquanto na segunda concepção a língua é vista como um código, isto é, como um conjunto de signos que se combinam segundo regras, e que é capaz de transmitir uma mensagem, informações de um receptor a um receptor. O uso desse código é um ato social que envolve pelo menos duas pessoas que o usam de maneira semelhante, assim como define Saussure. Dessa forma a linguagem é vista como um instrumento de comunicação.

Já na terceira concepção o que o indivíduo faz ao usar a língua apenas traduzir e exteriorizar um pensamento, ou transmitir informações a outrem, mas sim realizar ações, atuar sobre o interlocutor. A linguagem, portanto, é um lugar de interação humana, os usuários da língua relacionam-se enquanto sujeitos que ocupam lugares sociais e falam ou ouvem desses lugares de acordo com sua posição social. A posição social que os usuários ocupam determina a linguagem.

Dessarte,é válido lembrar aqui que como já dizia Saussure, a linguagem tem um lado individual e um lado social, estão intrinsicamente ligados, um não se concebe sem outro. Uma é a realização da outra. [...]