Getúlio Dorneles Vargas é uma figura política enigmáticas na História do Brasil. Este astuto gaúcho, de baixa estatura e de grande altivez, conseguiu passar para a nação uma imagem de ‘um homem bom e dócil que ajudou o trabalhador brasileiro’. Dentro deste paradigma estabelecido, não apenas a geração mais velha, também entre os mais novos, percebe-se a dificuldade em questionar esta figura emblemática.

            Quanta discussão com meu falecido pai e com muito de meus parentes, justamente pelo fato de questionar este politico, principalmente por não concordar com a falsa qualificação de ‘pai dos pobres’. Não é possível compreender Vargas sem a visão macro, pois quando este assume o poder majoritário do país a crise do café estava instalada, a nação era essencialmente agrária e havia uma necessidade tremenda de adentrar no contexto do capitalismo ligado a indústria pesada; além de vivenciarmos uma disputa ideológica que preparava o mundo para uma segunda guerra mundial.

            Não é possível entender e estudar a chamada ‘era Vargas’ (1930-1945) sem analise deste contexto macro quando se compreenderá os motivos que levaram este gaúcho, como todos os políticos, a ter tanta sede de poder. Getúlio usou de todas as artimanhas para permanecer de forma ininterrupta no poder. Forma quinze anos onde se aliou aos poderosos, por isso, também deve ser chamado de ‘pai dos ricos’ para manter os ditames de seu poderio.

            Algumas questões me levam estudar Getúlio Vargas: primeiro sua determinação em ‘defender a indústria nacional’, mas se aliou ao capital norte-americano, seguindo as diretrizes capitalistas para implantar as primeiras indústrias de base. Segundo são as ditas ‘conquistas trabalhistas’, vejam vocês, um mundo capitalista que seguia com todo vapor, mas entregava migalhas ao trabalhador, no Brasil, não foi diferente, Vargas, inspirado na Carta Del Lavoro (1927), trouxe as leis trabalhistas, fazendo o operário continuar na situação de exploração, as vozes das greves de 1917 foram silenciadas e, tanto lá na chamada ‘era Vargas’, como na atualidade, os trabalhadores continuam a mercê da exploração.

            Vargas com seu gênio possessivo e com sua ‘fome’ inigualável de poder instala a ‘ caça as bruxas’ ao viés brasileiro: ‘intentona comunista de 1935’ com o famoso documento intitulado “Plano Cohen”. Para compreender um pouco deste presidente, leia o livro ou assista ao filme “Olga”.

            A terceira questão, diz respeito ao segundo período que Vargas governa o Brasil, como governo democrático, eleito pelo povo, assume em 1951. Neste período observa-se como este não sabia agir com a chamada ‘oposição’, sua intolerância foi grande e para não ter instaurada uma investigação sobre seu governo, prefere, em 24 de agosto de 1954, praticar o suicídio que demonstra sua fraqueza, mas a uma determinação: “saio da vida para entrar na história”.

            Portanto, cuidado ao estudar Getúlio Dorneles Vargas apenas como ‘pai dos pobres’, nunca esqueça, assim como os políticos da atualidade, ele foi o legítimo ‘paizão dos ricos’.