Este artigo tem como objetivo mostrar a importância do planejamento na educação infantil, nesse sentindo, Vasconcellos (2000, p.79) afirma que: “o planejamento é uma mediação teórico metodológico para a ação, que, em função de tal mediação passa a ser consciente e intencional”, um momento que possibilita a reflexão e programação de ações que conduzam à tomada de decisões.

Ao planejar as atividades na escola, muitos professores o fazem apenas por solicitação externa e acabam não utilizando seu plano em sala, o que contribui para reforçar esse ritual mecânico, considerado por muitos professores como desnecessário. Assim, é necessário que o professor se sinta movimentado a trabalhar a partir do planejamento.

Para Gandin (1995, p.17), “a eficiência é atingida quando se escolhem, entre muitas ações possíveis, aquelas que, executadas, levam a consecução de um fim previamente estabelecido e condizente com aquilo que se crê.

Nesse sentindo, o professor o agente de mudança, enfatizamos a importância do planejamento de ensino, como fundamento de toda ação educacional, como forma de gerenciar as mudanças.

O planejamento antecede o inicio do trabalho e envolve a organização das atividades, permitindo o direcionamento do educador infantil. Dessa forma, apresenta-se como um processo reflexivo de intervenção na realidade. O planejamento é um processo de racionalização, organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social”, (LIBÂNEO,1994, p.222).

Del Carmen (1993  apud BASSEDAS; HUGUET; SOLÁ,1999,p.114) apresenta alguns benefícios proporcionados pela ação de planejar: Auxilia na tomada de decisões fundamentadas e refletidas; fornece sentido ao processo de ensino e aprendizagem; leva em consideração os saberes prévios dos alunos, auxiliando na programação de ações ajustadas à realidade; esclarece e orienta as atividades a serem desenvolvidas; possibilita a previsão das dificuldades e a organização da intervenção necessária; organiza os recursos necessários; concretiza a observação para a avaliação.

Orienta-se que ao planejar a aula, o professor precisa levar algumas realidades do aluno, tais como: quem é o nosso aluno, de onde vem, sua faixa etária, o nível de desenvolvimento; esses são alguns dos elementos importantes a serem levados em consideração.

O RCNEI complementa:

 

[...] relações entre novos conteúdos e os conhecimentos prévios (conhecimentos que já possuem), usando para isso os recursos de que dispõem.  Esse processo possibilitará a elas modificarem seus conhecimentos prévios, matiza lós, amplia-los ou diferencia-los em função de novas informações, capacitando-as a realizar novas aprendizagens, tornando-as significativas (BRASIL,1998, p.34).

 

Dessa forma, toda prática pedagógica inicia-se pelo conhecimento da realidade dos alunos, os saberes que já possuem, uma vez que estão inseridos em um contexto social e já vivenciaram muitas experiencias “sociais”, afetivas e cognitivas” (BRASIL,1998, p.35). quanto às crianças bem pequenas levantar esse conhecimento é mais complicado, uma vez que ainda não se comunicam de forma verbal. Assim, “os gestos, movimentos corporais, sons produzidos, expressões faciais, as brincadeiras e toda forma de expressão, representação e comunicação devem ser consideradas como fonte de conhecimento para o professor sobre o que a criança já sabe. (BRASIL,1998, p.35)

Novamente traz a importância do professor estabelecer os objetivos de ensino, e também realizar a seleção dos conteúdos, metodologia e recurso a ser utilizado na proposta.

 

 Embora as crianças desenvolvam suas capacidades de maneira heterogênea, a educação tem por função criar condições para o desenvolvimento integral de todas as crianças, considerando, também, as possibilidades de aprendizagem que apresentam nas diferentes faixas etárias, Para que isso ocorra, faz se necessário uma atuação que propicia o desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem física, afetiva, cognitiva, ética, estética, de relação interpessoal e inserção social. (BRASIL,1998ª, p.48).

 

De acordo com o autor, as capacidades físicas referem-se ao conhecimento corporal, a emoção e a segurança. Já as capacidades cognitivas, estão relacionados ao pensamento, a comunicação. Já as capacidades emocionais, Brasil (1998), acrescenta:

 

[...] autoestima, às atitudes no convívio social, à compreensão de si mesmo e dos outros. As capacidades de ordem estéticas estão associadas à possibilidade de produção artística e apreciação desta produção oriundas de diferentes culturas. As capacidades de ordem ética estão associadas à possibilidade de construção de valores que norteiam a ação das crianças. As capacidades de relação interpessoal estão associadas a possibilidade de estabelecimento de condições para o convívio social. Isso implica aprender a conviver com as diferenças de temperamentos, de intenções, de hábitos e costumes, de cultura e etc. as capacidades de inserção social estão associadas à possibilidade de cada criança percebe-se como membro participante de um grupo de uma comunidade e de uma sociedade. (BRASIL,1998, p.49)

 

Com base no conceito apresentado pelo autor, os eixos de trabalho devem apresentar orientações metodológicas que atendam a faixa etária que a criança se encontra. Vale ressaltar, que no processo de planejamento devemos também definir de como o aluno será avaliado.

Considerando as etapas apresentadas do planejamento, verifica se compreender que não pode ser realizado apenas por solicitação externa, mas por uma necessidade do próprio professor que reconhece sua importância e busca uma aprendizagem de qualidade.

Nesse sentindo, é importante organizar o espaço físico, privilegiando a interatividade, contudo essa organização leva em consideração a estrutura da sala, seu tamanho, o número de crianças atendidas por Tuma. O objetivo é favorecer a construção da autonomia. Crady (1998) apresenta sugestões de como organizar a sala a partir de temas, construindo cantos que possibilitem a escolha pelas crianças.

o planejamento é importante, pois, o professor poderá  rever a sua pratica pedagógica, adquirirá autonomia na condução do processo ensino e aprendizagem, possibilitando estabelecer objetivos claros e pautado na realidade.Recortes retirado do livro Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil: reflexão e pesquisa- Edilaine Vagula e Marlizete Cristina Bonafini Steinle( p.35-40)

 

Referência Bibliográfica

BRASIL. Referencial curricular nacional para educação infantil. Vol.2. Brasilia,DF: MEC, 1988b. v. 2.Disponivel em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume3pdf. Acessado 27/06/2023.

CRADY, Carmen Maria. O educador de todos os dias: convivendo com as crianças de 0 a 6 anos. Porto Alegre: Mediação,1988

GANDIN, Danilo. Planejamento como prática educativa. São Paulo: Loyola, 1995.

LIBÂNEO, José Carlos. Didática.7. ed. São Paulo: Cortez,1994

Gean Karla Dias Pimentel, Graciele Castro Silva, Renata Rodrigues de Arruda