Ando nostalgica demais!
Hoje passei o dia á relembrar acontecimentos do meu passado. Tudo porque, ao descer naquela estação do metrô, dei de cara com ele. O piano.
Acho que finalmente envelheci! Pois só os velhos ficam relembrando o passado.
Talvez seja o medo de encarar o fato de que , muito pouco há de futuro.
Ele havia sido deixado lá propositalmente, para ser visto ou tocado por quem ousasse faze-lo.
Algum projeto cultural do governo, talvez!
Mas issso não importa! O que me importa realmente, foi saber que, ainda hoje esse instrumento magico, me toca profundamente.
Chego perto, com um receio infantil e toco sua madeira. Lisa e brilhante.
Ouvir a voz de um piano é uma dadiva tão doce quanto ve-lo.
Recolho minha mão e não me atrevo a tocar em suas teclas; não me sinto mais digna.
Então começo á rodea-lo, como se dançassemos, o piano e eu.
Entregue, pude ouvir todas as musicas do mundo, porque todas elas vivem , pulsam dentro dele.
Basta que alguem com dedos ágeis e treinados e de coração puro, faça brotar de suas teclas , todas musicas.
Confusa entre a alegria e a tristeza, me lembrei de um tempo onde eu, criança, frequentei um conservatorio. Com o mais puro e sincero desejo de treinar minhas mãos, de forma que , elas e meu coração , pudessem conseguir extrair deste instrumento, a musica.
Mas no caminho da minha infancia haviam pedras. Uma delas se apresentou na forma de uma doença que me afastou dele.
Embora verdadeira, sempre usei essa desculpa, romantica sim, para não encarar o fato de que eu nunca teria um piano. Portanto, para que aprender a toca-lo?
Cresci e junto comigo, o amor pela voz do piano e sempre que conseguir ve-lo e ouvi-lo, executando a função para qual foi criado, agradecerei.